Carlos Altman - Especial para o Correio
postado em 24/08/2019 10:15
Sobre a Ponte D. Luís I, relíquia em ferro projetada entre 1881 e 1888 pelo engenheiro belga Théophile Seyrig, discípulo de Gustave Eiffel, se observa o correr das águas do Rio Douro até a sua foz, no Oceano Atlântico. Também do alto da estrutura, se admira nos fins de tarde o Sol tingir de dourado os telhados, janelas e portas das belas construções coloniais de Porto ; segunda maior cidade de Portugal, localizada no norte do país. Patrimônio mundial da humanidade pela Unesco desde 1996, a cidade é uma aula de história ao vivo e em cores vívidas.
Portugal conquistou, neste ano, pela terceira vez consecutiva, o prêmio de Melhor Destino Europeu pelo World Travel Awards ; o Oscar do turismo mundial. Título que se reflete em números. Para se ter uma ideia, no ano passado, o país recebeu cerca de 12,76 milhões de turistas estrangeiros. Desses, 1,1 milhão eram brasileiros. E a cidade do Porto entrou para a lista das 100 mais visitadas do mundo, juntando-se a Lisboa como representante do país no ranking elaborado pelo Euromonitor International ao receber, em 2018, cerca de 2,39 milhões de turistas.
A cidade lusitana, quase na fronteira com a Espanha, se destaca ao abrigar uma das livrarias mais lindas do mundo, além das arrebatadoras igrejas, parques, bairros e monumentos. Nada se compara a fazer uma caminhada por ruelas e becos para sentir o verdadeiro clima do norte português. Uma experiência única que os visitantes guardam para a vida toda.
O que pouca gente sabe, parte da história do Brasil está nessa cidade portuguesa. Em um recipiente de vidro, guardado com extremo cuidado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa, repousa, desde 1837, o coração de dom Pedro I, ou dom Pedro IV, para os portugueses. Em 1834, horas antes de morrer, o primeiro imperador do Brasil deixou em testamento a intenção de que seu coração ficasse no Porto, com a qual tinha intensa relação, pois lá viveu durante os 13 meses (de julho de 1832 a agosto de 1833) em que a cidade foi sitiada em uma disputa de poder entre ele e seu irmão dom Miguel I durante as chamadas Guerras Liberais (1828-1834). Tendo em vista os esforços do povo da cidade para com dom Pedro, a sucessora, rainha D. Maria II, atribuiu o título de Invicta à cidade do Porto.