postado em 18/09/2019 04:17
Há muitos templos budistas em Pequim, mas dois merecem atenção especial e tempo. O Templo do Céu exige disposição e, pelo menos, um dia inteiro de dedicação. Datado do século 15 e destinado às orações dos imperadores das dinastias Qing e Ming pela colheita, esse complexo reúne mais de 10 templos e hoje faz parte da lista de patrimônio mundial da Unesco. Com um formato circular ao norte e quadrado ao sul, união de elementos simbólicos na cultura chinesa, o Templo do Céu é também um dos maiores do país e acabou ocupado e quase destruído durante a Revolta dos Boxers, movimento nacionalista que tomou a China no início do século 20.
Mais humano por conta da escala menor, o Templo dos Lamas também quase acabou destruído em várias ocasiões. Conhecido como Yonghe Temple, ou Templo da Harmonia, sua arquitetura resulta de uma combinação de elementos budistas e tibetanos e o local já foi refúgio de monges da Mongólia e do Tibet. Em 1929, abrigou uma revolta armada contra o governo e, anos depois, durante a Revolução Cultural, só não foi destruído porque o primeiro-ministro, Zhou Enlai, proibiu os ataques. Naquele período, entre 1966 e 1976, a orientação do Partido Comunista Chinês para destruir todos os símbolos que remetessem ao período feudal ou à cultura tradicional quase fez estragos irreversíveis no patrimônio chinês.
Não precisa ser budista para apreciar o maior templo tibetano de Pequim. Difícil não ficar pasmo diante de uma escultura de 18 metros do Buda, construída em peça única durante o reinado do imperador Qianlong, da dinastia Qing. Ou não se deixar inebriar pelo cheiro de incenso que brota antes mesmo de ultrapassar o portão principal. O visitante pode, inclusive, fazer oferendas e acender o próprio incenso. E, com alguma sorte, cruzar um dos monges moradores do templo. É curioso como o clima é diferente dos palácios, apesar da estrutura arquitetônica semelhante: no templo, há silêncio e os visitantes parecem menos afobados no empurra-empurra de um salão para o outro.