Turismo

Fronteira com o mistério

Na foz do Rio Yalu, está Dandong, a fronteira com a Coreia do Norte. Uma ponte separa as duas nações, mas não há fiscalização militar. No local, um calçadão convida ao passeio e compra de souvenires

Nahima Maciel
postado em 26/09/2019 10:00

Estrutura a 200 metros da cidade coreana Sinuiju: atrativo turístico sem militares

Pequim ; Dandong é uma das cidades mais curiosas de Liaoning. Localizada na foz do Rio Yalu, faz fronteira com a Coreia do Norte e possui a única parte da Grande Muralha que se debruça sobre a água. Com mais de 3 milhões de habitantes, a cidade foi palco de batalhas durante a Guerra da Coreia, na década de 1950, e uma de suas maiores atrações é a ponte quebrada do rio Yalu, destruída pelos norte-americanos durante o conflito. Da ponte, na qual se ouve músicas patrióticas e se cruza com a bandeira chinesa muitas vezes, é possível avistar a cidade coreana de Sinuiju, capital da província de Pyongan Norte. A capital da Coreia do Norte, Pyongyang, fica a apenas 220km.

Os chineses souberam capitalizar muito bem o mistério sobre esse país, um dos mais fechados do mundo e governado pelo ditador Kim Jong-un. Além da ponte, há um calçadão para passeio ao longo do rio, locais para tomar banho e passeios de barco que chegam a menos de 200 metros da fronteira coreana.

Pessoas caminhando em ponte à beira d'água, na China
A relação próxima entre os dois países fica evidente na ausência de militares na região. Ao pé da muralha, na parte mais estreita do rio Yalu, é possível caminhar até uma grade que separa a fronteira e fazer fotos. Não há soldados, apenas uma placa que avisa sobre a cerca eletrificada. É um ponto tão turístico que camelôs vendem notas de dinheiro e outros cacarecos vindos da Coreia do Norte, além de uma irônica miscelânea de bandeiras que incluem as da Coreia do Sul, China e Estados Unidos.

Vai viajar?

Fique atento a algumas características locais:

Leve dinheiro vivo. A China tem um sistema bancário próprio que funciona, principalmente, por QR code e as bandeiras de cartões ocidentais são praticamente desconhecidas. Alguns estabelecimentos aceitam, mas não são todos.

Baixe o Google Translator com chinês e português para serem usados off-line. A dificuldade de comunicação é real e a tradução salva quando você estiver perdido com cardápios e ruas.

Baixe o VPN antes de viajar. A internet é extremamente controlada na China e não há acesso a WhatsApp, Facebook, Instagram e Google sem VPN, um aplicativo que faz o celular ser geolocalizado como se estivesse em outro país.

Parar ocidentais nas ruas para tirar fotos é normal. Sorria e aceite.

Não se assuste com os hábitos e tente aceitar sem julgar. Sim, os chineses escarram o tempo inteiro e arrotam sem cerimônia.

A natureza de Benxi

Pedras no interior da Caverna da Água, na China

Benxi é praticamente uma sobrevivente da extrema poluição que marca o Cinturão da Ferrugem. Há 40 anos, uma nuvem de resíduos decorrentes da queima de carvão, material mais usado na China para a produção de energia, impedia que a cidade fosse localizada por satélites. Um programa de despoluição que envolveu até plantação de árvores devolveu o céu azul à cidade. O ar ainda é pesado, porém mais respirável. O curioso é que a natureza é a maior atração da região.

Pessoas andando no interior da Caverna da Água, na China

Nos arredores, está a Caverna da Água, uma grota cinematográfica com um rio subterrâneo de 5.800 metros, dos quais 2.800 são navegáveis em barquinhos. O passeio custa 132 yuans (R$ 76) e leva o visitante por um trajeto iluminado e marcado por stalactites e esculturas naturais exuberantes. A Caverna é considerada turismo AAAAA, forma de classificação muito própria da China e que corresponde a cinco estrelas. Datada de 500 mil anos, foi descoberta durante a dinastia Qing, mas só foi aberta ao turismo em 1983. A fila para entrar é enorme e dá uma ideia do crescimento econômico vertiginoso da China, onde o turismo interno tem crescido intensamente.

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