Turismo

Confira roteiros indicados a turistas da terceira idade

Grupos para a terceira idade ganham espaço no mercado turístico e fazem a cabeça dos experientes viajantes. Especialista recomenda atenção para tudo dar certo

Erika Manhatys*
postado em 06/11/2019 07:05 / atualizado em 19/10/2020 17:27

Os organizadores programam momentos de descanso“Nunca é tarde demais para mudar a direção da sua vida. Sempre haverá uma nova rota ou uma nova chance de recomeço”

Santa Rita de Cássia

 

 

 Aquela imagem da senhorinha sentada em uma cadeira de balanço tricotando e o grupinho de vovôs jogando dominó na praça está cada vez mais distante da realidade. A melhor idade pode, de fato, trazer o que a vida tem de mais interessante e inesperado. Os idosos engrossam a estatística populacional, segundo estimativa do Fundo de Populações das Nações Unidas, até 2050, eles somem 22% de todas as pessoas no mundo. O número corresponde a cerca de 2 bilhões de habitantes na terceira idade.

 

 Empresas especializadas planejam roteiros para viajantes da terceira idade

 

De acordo com a última Sondagem do Consumidor, do Ministério do Turismo (MTur), realizada no fim de 2017, a intenção de viajar do público majoritário de 60 anos corresponde a 30,4%. Ele também movimenta o setor hoteleiro, uma vez que, prefere se hospedar em hotéis ou pousadas, com 57,8% do total. O meio de transporte preferido do grupo é o avião, 67,8% dos entrevistados afirmaram a intenção de voar.

Observando a tendência do envelhecimento global e dos novos hábitos deste grupo, agências de viagens têm se especializado em atender esse tipo de público. Roteiros nacionais e internacionais são preparados com atenção redobrada para atender às necessidades das pessoas mais velhas.

 

Alessandra (no meio, de blusa branca) gosta da companhai de viajantes da melhor idade

 

Junto e misturado

 

Excursões em grupo são uma proposta interessante tanto para viabilizar os roteiros mais complexos, quanto para estimular a interação e o divertimento. Alessandra prado, diretora de destinos exóticos da Aurotur Viagens e Experiências, é responsável pelo planejamento e execução de roteiros especialmente desenvolvidos para o público idoso. “A formação dos grupos é feita por meio de um banco de dados que a gente criou ao longo de todo o tempo em que promovemos a viagem de adultos seniores. Nós elaboramos um roteiro e enviamos aos nossos clientes habituais e assim formamos um grupo de até 18 pessoas. A limitação de viajantes é uma forma de proteção e garantia de que haja maior aproveitamento e cuidado com cada integrante”, conta.

Alessandra diz que, mesmo sendo uma viagem em grupo, é fundamental atentar-se às necessidades individuais. “Adultos seniores compreendem pessoas de 65 a 83 anos de idade e que são amantes de viagens. Obviamente, cada um tem uma disposição e também restrições. Tem de observar se as pessoas têm saúde passível de algum problema, até porque os grupos que eu promovo são para destinos mais distantes. Trabalho muito com o Oriente Médio, Marrocos, Israel, Egito, alguns locais específicos da Sicília e Portugal, Uzbequistão, Casaquistão, Turcomenistão, Azerbaijão e Geórgia. Todos destinos bastante distantes do Brasil”.

 

 

Pesquisa mostra que 30,4% dos idosos pretendem viajar

 

Cuidado como regra

 

Com o passar do tempo, a fragilidade humana se revela mais contundente. Portanto, é importante observar algumas práticas que tornam a viagem mais segura e confortável aos idosos. “Nós fizemos um curso no Hospital das Clínicas, em São Paulo, sobre viagem para idosos e sempre recomendamos uma consulta prévia para ver como está a saúde e isso nós verificamos. Isso é importante para todos, imprevistos acontecem com pessoas mais velhas e também com as mais jovens. Outro ponto é que toda a viagem é realizada durante o período da primavera, porque as temperaturas não são extremas, nem muito frio nem muito calor”, explica a guia.

Toda a rota também deve ser pensada com atenção para atender às necessidades do grupo. “Preparar uma viagem para esse público é bastante interessante e isso leva de seis meses a 10 meses. Haverá locais de acesso mais difícil, com subidas ou com maior trecho de caminhadas. Não excluímos estes locais da rota, mas diminuímos o tempo de permanência neles. Por exemplo, nem em todos os trechos haverá descida e caminhada, eles só serão avistados do transporte”, diz Alessandra.

 

 

Tudo programado para que a viagem seja a melhor experiência possível para o viajante. “O importante é que possa ficar hospedado no mesmo lugar por mais dias para que não fique cansativo. Escolher dois destinos combinados onde um deles seja no meio do caminho, possibilitando uma parada. Isso também vale para os voos, pois viagens muito longas em avião podem acarretar em problemas circulatórios. Também vale cuidar dos hábitos culturais do destino, saber se o idoso tem alguma restrição alimentar. Esse é um problema que já tivemos e que pode ocorrer com públicos de variadas idades, mas a saúde do idoso é mais frágil. Portanto, merece maior atenção”.

 

Viajantes cativantes

 

Com a bagagem da vida recheada de experiências, o público da terceira idade é encantador. “Esses idosos são pessoas ávidas de conhecimento e de desbravar locais diferentes. Elas estão interessadas na cultura que elas vão absorver durante a viagem. A percepção mais importante do cliente idoso é que ele enxerga a viagem de uma forma totalmente diferente. Ele tem sede por conhecer e por descobrir. Saber da história e das peculiaridades de cada local. E sim, eles aproveitam a viagem como nenhum outro. Por isso, tenho tanto prazer em trabalhar especificamente com este público”, conta Alessandra.

 

* Estagiária sob supervisão de Taís Braga 

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