Turismo

Terra da delicadeza

Integrantes da Igreja Messiânica do Brasil mergulham no universo religioso do criador de protótipos do paraíso terrestre, aos quais denominou de solos sagrados. Locais de pura harmonia

 



Tokyo (Japão) — O mar por todos os lados é um convite à contemplação. O verde das montanhas esconde vulcões ainda ativos. O clima ameno acolhe os visitantes. A experiência de vivenciar 18 dias intensos nesse pedaço do mundo é ainda mais encantadora quando se descobre sua vocação espiritual que poucos têm a chance de conhecer. Integrantes de uma caravana formada por 46 pessoas, membros da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, obtiveram permissão. A programação aliou turismo religioso com o tradicional.

O fundador Mokiti Okada (1882-1955), que recebeu o nome religioso de Meishu-Sama (Senhor da Luz), iniciou, em 1945, no Japão, a construção de protótipos do Paraíso Terrestre, que chamou de Solos Sagrados, com a colaboração de seguidores. Estes locais caracterizam-se pela harmonia entre a beleza natural e a criada pelo homem. O objetivo de Meishu-Sama era deixar para a humanidade a base para a construção de um Mundo Ideal, isento de pobreza, doenças e conflitos. Ele almejava que todos aqueles que sofrem também tenham a permissão de admirar paisagens, se inspirar com obras de arte e se deleitar com todas as formas do belo.

 

 


No Japão, o primeiro a ser construído foi em Hakone, e é denominado Terra Divina. O segundo foi em Atami, uma cidade costeira, localizada ao extremo leste da Província de Shizuoka. O terceiro, em Kyoto, a Terra da Tranquilidade. Os outros dois são o Solo Sagrado de Guarapiranga, às margens da represa de mesmo nome, em São Paulo (Brasil), inaugurado em 1995; e o da Tailândia, situado em Saraburi, inaugurado em 1998. Existe a previsão da construção de mais um Solo Sagrado em Angola.

Mokiti Okada começou a construir os Solos Sagrados pós-Segunda Guerra Mundial. E o que espanta a todos é como o mestre conseguiu arrecadar recursos para edificá-los em um momento em que o país estava destruído e as pessoas lutavam para conseguir o que comer.

Depois da 2ª Guerra, o Japão experimentou uma transformação econômica exuberante, principalmente de 1950 até a metade de 1970. Era uma nação essencialmente agrícola que se debruçou para se tornar uma das maiores exportadoras de tecnologia de ponta e líder mundial em diversas áreas.

É nesse cenário de pós-Guerra que Mokiti Okada atraiu milhares de seguidores para construíram o seu sonhado Paraíso Terrestre.

 

O valor do outro

 



Por todo o país, a beleza se faz presente. Seja nas obras de arte ou servindo obentô (marmita), o povo japonês se preocupa com a sensação que o outro sentirá. São os mínimos detalhes da cultura japonesa que chamam a atenção do visitante. Não se vê lixo nas ruas, os carros não ficam sujos, porque as ruas são limpas, não se pega nada de ninguém, o respeito em ouvir o interlocutor é regra, e o sorriso é a demonstração da docilidade no trato com o visitante.

Em 2018, os japoneses tiveram o 9º melhor Índice Global da Paz (ranking liderado pela Islândia), enquanto os brasileiros amargaram a 106ª posição, com altas taxas de criminalidade e corrupção. De acordo com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, o Japão tem 0,28 homicídio para cada 100 mil habitantes. O índice de criminalidade é um dos mais baixos do mundo, e o porte de arma é proibido.

Chama atenção a maneira com que os japoneses se curvam ao se cumprimentarem, no aperto de mão e no servir. Nos hotéis, lojas e restaurantes, os atendentes se preocupam não só no bom atendimento, mas também na perfeição com que tudo é entregue. As embalagens de presentes, por exemplo, são, muitas vezes, mais caprichadas do que o próprio produto. (FG)

 

Lago cercado de árvores no Japão
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Fabíola Góis/Esp. CB/D.A Press - Monumento de Buda em pedra no Japão