Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 04:46
A história da religião no Japão é marcada por um longo processo de influências e de tradições religiosas. O Xintoísmo faz parte da vida do japonês desde a Antiguidade até a organização do Estado moderno. No século VI, o budismo foi introduzido no Japão e as duas crenças começaram a interagir, servindo como base para outras religiões, entre elas, a Messiânica.
Nessa viagem com o grupo do Brasil, a instituição proporciona uma imersão onde tudo iniciou: a casa onde Mokiti Okada começou a desenvolver suas atividades religiosas, a primeira sede da igreja, o espaço onde ele escrevia mais de 500 caligrafias por dia e onde ele achava inspiração para desenvolver Ikebana (arte de arranjar flores, ramos e galhos naturais numa composição evidenciando-lhes a beleza). O respeito à natureza está em todos os lugares, desde a preparação do solo para receber a muda que dará flores e frutos até o desenvolvimento da agricultura natural. Já naquela época, quando se disseminou o uso do agrotóxico, Mokiti Okada defendia alimentos livres de produtos tóxicos.
Um dos pontos turísticos mais enigmáticos nessa viagem é o Monte Nokogiri-Yama, uma montanha de 329,5 metros na Península de Boso, Estado de Honshu. O local oferece uma visão panorâmica da Baía de Tokyo e tem atrações imperdíveis, como o Nihonji, um templo budista da seita Soto Zen, que possui mais de 1300 anos. Há algumas trilhas a serem percorridas. Ao chegar ao local, o visitante se depara com uma estátua de Buda gigante, chamado Daibutsu, esculpida nas pedras da montanha. É o maior Buda do Japão e mede 31 metros. Logo na frente dele, há um espaço com um sino, em que é possível tocá-lo, fazer orações e pedidos especiais.
Mas o auge da visita foi a subida até o ponto exato onde Meishu-Sama, e alguns seguidores, recebeu a revelação da Transição da Era da Noite para a Era do Dia e a Luz do Johrei (método de canalização de energia espiritual a Luz Divina) para purificação do espírito, capaz de transformar a desarmonia espiritual e material em harmonia. Ainda em 1926, o mestre recebeu uma série de revelações sobre o passado e o futuro da humanidade e essas previsões o tornaram portador de uma missão divina e que deve executar a obra de salvação da humanidade. Os messiânicos ministram essa luz, e estar no local onde tudo começou realmente é impactante.
Visita facilitada
Percorrer todos esses locais é possível com tranquilidade graças ao sistema de transporte público do Japão, considerado um dos melhores do mundo. Ônibus, trens e metrôs são interligados, seguros, eficientes e atendem às quatro principais ilhas do país. Se o oceano impede o acesso terrestre, os japoneses planejam túneis submersos. Experiência inusitada para qualquer turista brasileiro. A sensação é estranha, como se estivesse vivendo em uma cena de filme.
O Shinkanssen, conhecido como trem-bala, é uma atração à parte. Trata-se de um sistema ferroviário de alta velocidade que consiste de seis linhas regulares, podendo superar 300 km/h. Ele conecta as principais cidades do Japão e exagera em conforto e segurança. Em 50 anos de operação, nunca houve um acidente. A viagem é mais confortável do que em avião. E foi com o Shikanssen que cruzamos o país de Atami a Kyoto, uma distância de 367 km em quatro horas.
A acessibilidade é perfeita — havia duas cadeirantes no grupo — e há atendentes servindo comida e bebida. É possível deixar um copo de água do começo ao fim da viagem em cima da mesa sem que ele vire.
Da janela, dá para apreciar o Monte Fuji, a mais alta montanha da ilha de Honshu e de todo o arquipélago japonês, com 3.776 metros de altura. É um vulcão ativo, porém de baixo risco de erupção. Praticamente de todo o Japão é possível visualizá-lo, sempre encoberto com neve no topo.
O Monte Fuji é considerado sagrado pelos japoneses, que acreditam que a montanha é a porta de entrada para um novo mundo, juntamente ao Monte Tate e Monte Haku, que formam as “Três Montanhas Sagradas” do Japão. (FG)
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