Veículos

Briga acirrada: Renault apresenta Captur com câmbio automático CVT

Mais vendido na Europa, o modelo francês aprimora o sistema de transmissão para se fortalecer na disputa pelo segmento que conta com concorrentes de peso

Geison Guedes - Especial para o Correio
postado em 22/06/2017 15:00

Mais vendido na Europa, o modelo francês aprimora o sistema de transmissão para se fortalecer na disputa pelo segmento que conta com concorrentes de peso

Niterói (RJ) ; Atualmente, o segmento de automóveis mais disputado no Brasil é, de longe, o de SUVs compactos. As montadoras apostam nesse tipo de veículo, que se tornaram os queridinhos do momento. Se, por um bom tempo, o modelo contou com apenas um representante, hoje em dia são pelo menos 12 tipos de utilitários de porte pequeno rodando pelas vias das cidades.

[SAIBAMAIS]Um do mais novos representantes da categoria é o Renault Captur. O SUV francês é, disparado, o mais vendido na Europa. Por aqui, a montadora tenta recuperar o prestígio adquirido à época do lançamento do Duster, outro representante do segmento. O mais novo utilitário da marca foi apresentado oficialmente aos brasileiros no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em novembro passado.

O lançamento oficial ocorreu em fevereiro deste ano. De lá para cá, cerca de 3,3 mil unidades saíram da fábrica de São José dos Pinhais (PR), região metropolitana de Curitiba, e ganharam as ruas. A Renault, inicialmente, liberou apenas duas versões, a Zen e a Intense. A primeira, com o novo motor 1.6 SCe com câmbio manual, e a segunda, com o antigo 2.0 e a ultrapassada transmissão automática de quatro velocidades. Agora, a francesa junta às opções o câmbio automático CVT com o propulsor 1.6 de 120 cavalos e 16,2kgfm de torque.

Barato
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A intenção é clara, atacar o segmento de entrada dos SUVs ; a maioria com transmissão manual ; com uma opção automática. A montadora acredita que as duas versões com CVT (a Zen sai por R$ 84,9 mil e a Intense, por R$ 88,4 mil) corresponderão a 60% do mix de vendas do Captur. As outras duas devem corresponder a 20% cada. Dessa forma, o utilitário é o terceiro mais barato ; sem contar os chineses ; com esse tipo de câmbio. Como nas versões apresentadas no início do ano, as duas atuais vêm bem completas e contam com apenas dois opcionais cada, a pintura biton (por R$ 1,4 mil) e o Media Nav com câmera de ré na de entrada (R$ 2,5 mil) e bancos revestidos parcialmente em couro na topo de linha (R$ 1,5 mil).

Encontros e desencontros
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O design do Captur chama atenção tanto positiva, quanto negativamente. É difícil afirmar que um carro é bonito, mas podemos dizer que o SUV francês tem o desenho mais diferente, chamativo, que foge do senso comum da categoria. Tem um estilo de beleza a se considerar.

Embora o exterior chame agrade visualmente, o mesmo não podemos dizer do interior. A cabine, muito simples, não acompanha o desenho arrojado da carroceria. Sem desmerecer o irmão mais velho, a cabine do Captur é um Duster atualizado. Os materiais e o acabamento são simplórios. Não exibem o mesmo requinte utilizado no exterior. O desenho da tela da central multimídia, o do volante, e o do ar-condicionado, são parecidos com os do SUV mais antigo e de outros modelos da marca. Não corresponde à ideia de um veículo de quase R$ 90 mil.

No quesito espaço interno, mais uma vez ele se equipara ao Duster, mas dessa vez de forma positiva. Na traseira, três pessoas viajam com conforto, sem muito aperto. O porta-malas de 437 litros é o segundo maior da categoria, perdendo apenas para o Duster. A grande oferta de espaço é um bom trunfo em uma categoria onde esse aspecto é primordial e muito procurado pelos clientes.

Transmissão com muito conforto

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Na primeira apresentação do Captur, em fevereiro, um detalhe chamou a atenção de todos, as opções de conjunto mecânico. A expectativa era de câmbios e motores mais modernos do que os utilizados atualmente pela marca. A versão de entrada estava dentro do esperado, com o propulsor 1.6 SCe recém-lançado e transmissão manual. Mas a topo de linha foi meio decepcionante, com o velho 2.0 e o ultrapassadíssimo câmbio automático de apenas quatro marchas, algo há muito abolido pela maioria das montadoras.

O esperado era que ele surgisse, em qualquer uma das opções de motor, com uma transmissão CVT, o que não ocorreu. O câmbio escolhido é o Xtronic, o mesmo que a Nissan (a montadora japonesa faz parte de uma aliança com a francesa, e compartilham de plataformas a peças) utiliza no SUV Kicks e nos compactos March e Versa, com pequenas modificações. A Renault optou por escalonar, de forma virtual, seis marchas no CVT.

Ao colocar o câmbio na opção manual, é possível realizar ;trocas; de marchas pela alavanca. Mas tudo simulado, até porque, por ser contínuo, o CVT não tem marchas. O principal ponto desse tipo de transmissão é o conforto. Por não ter troca real, não produz solavancos. Ao pisar no acelerador, a correia é comprimida, gerando mais força. Um ponto negativo dos CVTs é a falta de pegada. O câmbio prioriza a comodidade em detrimento da esportividade.

Versões
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Mas, como diversos segmentos, no mundo automotivo, o que vale é a proposta. Você não pode querer, nem exigir, que um veículo como o Captur tenha a mesma dirigibilidade de um hatch, por exemplo. Geralmente, o que se procura em utilitários é conforto e espaço interno generoso. E, no quesito comodidade, o CVT, no geral, se encaixa muito bem.

Durante o lançamento do Xtronic, realizado em Niterói (RJ), o Veículos testou as duas versões (que só diferem nos itens de série/opcionais) do Captur. Em um primeiro e breve momento, foi possível perceber que, em comparação com outros concorrentes, mesmo de categorias diferentes, o CVT do utilitário francês é menos ruidoso que a maioria. Normalmente, esse tipo de câmbio faz muito barulho na casa das 2,5 mil rotações, mas no Xtronic, não. Ele começa a berrar após os 4.000rpm, que é uma condição fora do usual.
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Como o teste foi curto (cerca de 20 quilômetros pela cidade fluminense) não é possível cravar que o encaixe do motor com o câmbio foi perfeito, apenas com uma avaliação maior e mais aprofundada isso poderá ser conferido. Mesmo assim, tudo indica que o casamento foi preciso. Principalmente na parte do conforto na direção e no baixo ruído. Agora, uma coisa que preocupou foi o consumo. Niterói tem um trânsito digno dos maiores centros do país. Em uma parte do trajeto, bastante engarrafado, o Captur chegou a marcar 5,8km/l muito abaixo dos dados oficiais do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).

O instituto aponta 10,5km/h na cidade e 11,7km/h na estrada, quando abastecido com gasolina. No entanto, como as impressões de direção, o consumo durante testes-drive de lançamentos não podem ser considerados pela forma que os eventos são feitos. O ideal também é esperar para ter certeza quanto ao consumo. Mesmo assim, os números são preocupantes.

Completão
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No que remete aos itens de série, o Captur impressiona. Ele conta, entre outros, com partida e abertura das portas sem a chave, controle de estabilidade e tração, quatro airbags (dois frontais e dois laterais), auxiliar de partida em rampa, sensor de estacionamento, piloto automático, Isofix, luz de circulação diurna em LED. A Intense ainda acrescenta ar-condicionado automático (mas não é digital), sensor de chuva e crepuscular e o Media Nav com câmera de ré.

O repórter viajou a convite da Renault

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