postado em 21/11/2019 04:08
[FOTO1]O filme Rush ; no limite da emoção, de Ron Howard, não tem o mesmo romantismo de Le Mans ou Grand Prix. É mais uma homenagem a James Hunt (vivido por Chris Hemsworth) e sua joie de vivre, e a um tempo no automobilismo que começava a virar, de extremo profissionalismo, poucos prazeres mundanos (que sobram em Grand Prix) e a transformação da F1 num negócio milionário. O surgimento de um piloto como Nikki Lauda (Daniel Brühl), que sai de uma decadente BRM para a poderosa Ferrari, torna o circo menos gracioso.
Os diálogos de Lauda com o companheiro de equipe Clay Regazzoni (Pierfrancsco Favino) denunciam a mudança. Para o piloto suíço ; que nas pistas jamais passou de coadjuvante ;, por causa do austríaco a F1 perdera em espetáculo, o que tendia a afastar o público. Errou, pelo que ainda se percebe.
Nesse novo tempo, a Ferrari representava a tecnologia e a potência industrial italiana. Pertencia totalmente à Fiat desde 1969 (ironia do destino ser comprada pela maior montadora de veículos da Itália, que, como a Ford, fez seu alicerce nos carros populares) e Enzo Ferrari não mandava mais na casa (dividia as decisões com Luca di Montezemolo, por indicação da família Agnelli, que assumiu integralmente em 1977). O circo da F1 tornara-se caríssimo e era preciso sustentá-lo com poderosos patrocinadores. Assim, desfilam pelas pistas marcas de cigarro (Marlboro, John Player, Silk Cut, Viceroy, para citar apenas alguns), bancos (Barclays, RBS, Citibank), utensílios domésticos (Beta), companhias aéreas (Saudi Arabia), petroleiras (UOP, Gulf, Elf, Agip), bebidas (Martini, Skol)... Até mesmo uma cooperativa de açucareiros, que patrocinou o não tão brasileiro assim Copersucar Fittipaldi, pôde ser vista nos autódromos de todo o mundo.
E para não dizer que Ford e Ferrari deixaram de se enfrentar em Rush ; no limite da emoção: o motor da McLaren era feito pela Ford, retrabalhado pela inglesa Cosworth.