Correio Braziliense
postado em 30/01/2020 04:09
A motocicleta imune a tombos e que ainda visualize os arredores, antecipando ações de segurança, seria o veículo ideal e sonho de uma grande parcela de usuários. A moto autônoma ainda não existe, mas as pesquisas neste sentido continuam evoluindo, assim como em automóveis, ônibus e caminhões. Com as motos, a equação é um pouco mais complicada, já que a lei da gravidade ainda está em vigor. Entretanto, para desespero dos puristas, que entendem que o controle tem que ser do piloto, como um verdadeiro dogma, existem protótipos para provar o contrário, como filmes de ficção científica.Vinda especialmente do Japão, a motocicleta experimental Yamaha Motoroid esteve presente no 15º Salão Duas Rodas, em São Paulo, em novembro de 2019. Com motor elétrico e Inteligência Artificial, o modelo desafia a lei da gravidade e realiza o sonho de todo motociclista. Não cai. Para tanto, conta com o Active Mass Center Control System (AMCES), que atua diretamente no centro de gravidade, estabilizando o conjunto piloto e moto. O sistema percebe imediatamente sua posição, ajustando instantaneamente o centro de gravidade, ficando em pé sozinha, sem auxílio de apoios, de forma autônoma.
Interação com a máquina
A tecnologia permite também que a Motoroid obedeça a comandos de voz e se movimente sozinha, sem qualquer ajuda (as rodinhas laterais podem ser retiradas), em direção ao piloto, por exemplo. Para tanto, usa Inteligência Artificial, reconhecendo imagens, rostos e gestos por meio de uma câmera biométrica. A interação homem e máquina (HMI, Human Machine Interface) também se completa quando o piloto senta na moto e é abraçado por duas aletas laterais, que ajustam e percebem seus movimentos. Os pneus são especiais, e as rodas em carbono (uma diferente da outra) foram esculpidas em impressoras 3D.
O visual futurista é completado com um motor elétrico, que fica junto à roda traseira, contribuindo para rebaixar o centro de gravidade e aumentar o equilíbrio. No lugar do motor, um conjunto de baterias de íon lítio que fornece energia para o motor e funciona como um contrapeso e lastro, exatamente no eixo do AMCES. Dessa forma, para andar de modo autônomo, quando a moto inclina para um lado o lastro vai para o outro, compensando e neutralizando a inclinação. A Yamaha Motoroid também usa sistema Ride by Wire, que elimina cabos nos sistemas de frenagem, aceleração e de condução.
Sozinha
A Honda também tem um modelo (Riding Assist), que, porém, usa outra tecnologia, sem o sistema giroscópico, mais pesado. A moto, com visual mais parecido com modelos “normais” e comerciais, tem motor elétrico que ajusta instantaneamente os eixos lateral e longitudinal. Para manter o equilíbrio lateral, movimenta o guidão de um lado para o outro, compensando a inclinação. O eixo longitudinal é compensado com o aumento da distância entre-eixos e da inclinação do garfo dianteiro (medida de trail), por meio de sensores e motores elétricos. Tudo de forma automática, sem interferência do piloto.
Outra direção
A alemã BMW foi em outra direção. Apresentou,na pista de Miramas, no sul da França, a GS 1200 Autônoma, com a mesma aparência do modelo de linha. O protótipo arranca, freia, faz curvas de forma perfeita, mas não pretende “substituir” completamente o piloto, e sim auxiliá-lo da forma mais segura possível.
Para tanto, tem freio de emergência e função que segue as faixas da estrada. O quadro e a balança da suspensão traseira em fibra de carbono foram produzidos em impressora 3D. O controle de equilíbrio, com ajuda de eletrônica e geolocalização, fica acomodado nas malas laterais e no baú central.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.