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Por água abaixo

Quanto custa reparar um veículo atingido pelo alagamento? Especialistas explicam quais serviços precisam ser executados nos componentes elétricos, eletrônicos e mecânicos. Contabilize o prejuízo e faça o serviço o mais rápido possível

Correio Braziliense
postado em 27/02/2020 04:18
Quanto custa reparar um veículo atingido pelo alagamento? Especialistas explicam quais serviços precisam ser executados nos componentes elétricos, eletrônicos e mecânicos. Contabilize o prejuízo e faça o serviço o mais rápido possível

Depois da chuva, é hora de contabilizar o prejuízo causado pelo alagamento. Se seu carro foi atingido pela água, é preciso fazer uma minuciosa revisão nos sistemas mecânico, elétrico, eletrônico, além do interior. De acordo com o engenheiro mecânico André Fagundes, a primeira recomendação é não demorar a agir, para evitar, sobretudo, a oxidação dos componentes. “De forma geral, quando a água atinge o painel de instrumentos, significa que não vale a pena reparar o veículo, é a chamada perda total”, explica.

Para não agravar os danos, também é muito importante não ligar o motor do veículo. Segundo Fagundes, todos os componentes precisam ser desmontados e limpos, um serviço que custa a partir de R$ 3.500, e não abrange a troca de peças. Na parte elétrica, todos os conectores (de fios ou lâmpadas) precisam ser limpos, secos e avaliados. Já as centrais eletrônicas costumam ser bem protegidas contra a água, algumas placas até contam com um revestimento, mas também não foram desenvolvidas para ficar submersas. Caso alguma central eletrônica seja afetada, será preciso substituí-la. Se o componente for muito caro para o valor de mercado do veículo, com um pouco de sorte, o componente pode ser adquirido em um ferro-velho.

Já a revisão mecânica precisa ser abrangente. Para conferir se entrou água no motor, é preciso girá-lo manualmente. Aqui também será necessário limpar, secar e lubrificar todas as áreas contaminadas pela água. Óleo do motor, assim como filtros de óleo e ar, precisam ser trocados. A lubrificação do câmbio e do diferencial também precisa de atenção. A chance de trocar a correia dentada também é grande. Principalmente em veículos mais velhos, pode ser que a água contamine o tanque de combustível, que deverá ser esgotado e limpo.

Só depois disso o carro poderá ser montado e ligado, quando será possível aferir se a lâmpada de advertência de algum sistema permanece ligada para acusar alguma falha ou defeito. Também é preciso escanear o veículo à procura de alguma anomalia. “Se bem executado, esse tipo de serviço costuma deixar o veículo em boas condições de segurança e rodagem. É claro que existe uma faixa imponderável, podendo reaparecer alguma falha”, avalia André Fagundes.


O temido calço

Esta manutenção é válida para veículos atingidos pelas águas, mas, se estiver transitando em área alagada, pode ocorrer o temido calço hidráulico, quando a água entra na câmara de combustão (via admissão de ar ou escapamento) e impede o movimento dos demais componentes. “Dependendo da gravidade do calço hidráulico, pode haver quebra de pistão, trinca do cabeçote e empeno de comando de válvulas, bielas e virabrequim”, contabiliza o engenheiro mecânico. O custo do reparo fica entre R$ 1.500 e R$ 3 mil para modelos populares, R$ 7 mil para os medianos e muito mais que isso, para modelos premium.


Cuidado especial no interior  

Após ser invadido pela água de uma inundação, que tem as mesmas características de água de esgoto, o interior do veículo precisa de um cuidado especial. De acordo com o capoteiro Rogério da Silveira Santos, se apenas o carpete foi afetado, será preciso removê-lo, lavá-lo e trocar o feltro (um isolante termoacústico que fica junto ao assoalho), serviço que custa a partir de R$ 600. Se a água subir mais um pouco, os bancos serão atingidos. “Como a espuma dos bancos pode demorar até uma semana para secar, quase sempre o proprietário opta por substituí-la”, explica Rogério. Nesse caso, a limpeza das capas dos bancos, a substituição das espumas e a lubrificação da estrutura fica no mínimo em R$ 800.

De acordo com o proprietário da capotaria, alguns bancos são tão sofisticados — com diversos motores elétricos para fazer os ajustes, airbags, sensores e centrais eletrônicas — que somente sua avaria já pode condenar o veículo ao limbo da perda total. Nesse caso, a solução pode estar em conseguir um jogo de bancos de segunda mão, que pode variar entre R$ 1.500 a R$ 4 mil. Como atualmente a maioria dos painéis de porta é feita em plástico, que não costuma danificar, a higienização do conjunto custa a partir de R$ 250, mas pode ficar mais caro caso atinja interruptores dos vidros elétricos e travas.



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