Correio Braziliense
postado em 02/04/2020 04:06
A tradução direta do termo Start-stop é simples: Liga-desliga. É exatamente isso que o sistema faz centenas de vezes, em um único dia. Ou, até mesmo, milhares — dependendo do tipo de uso do veículo. Na prática, a invenção desativa o motor, quando paramos em um semáforo, por exemplo. Ao acionarmos o acelerador ou a embreagem, no caso de versões com câmbio manual, o propulsor ganha vida novamente.
Há duas explicações para o surgimento da geringonça tecnológica que, atualmente, equipa até mesmo modelos “populares” — Fiat Uno e Argo, Renault Sandero e Logan etc. A primeira justificativa é a promessa de economia de combustível de 7% a 10%. A outra frente, não muito divulgada, é que o equipamento ajuda as montadoras a alcançarem as metas, cada vez mais rígidas, de emissões de poluentes impostas pelos governos. Ou seja, com o motor desligado, o carro não polui. Simples assim.
Um dos inconvenientes, no entanto, surge em cidade quentes, tipo Brasília. Quando o motor desliga, o ar-condicionado também para de trabalhar. A saída, para diminuir a temperatura, é desativar o mecanismo, quando há um botão com tal função, ou deixar a alavanca da transmissão na posição neutra. A exceção, no entanto, surge em carros com ar-condicionado digital, que mantém a temperatura programada.
Quanto custa manter um carro com Start-stop?
Antes da resposta, vamos ampliar a nossa discussão. Na contramão das vantagens citadas até agora, existe o custo mais alto da manutenção. Como o sistema é complexo, comparado ao de modelos “normais”, levar um veículo com Start-stop à oficina pode pesar no orçamento. O motor de arranque, o sistema responsável pelo gerenciamento da energia e, principalmente, a bateria são projetados para suportar uma demanda alta de funcionamento. Quando tudo isso quebra, quebra, também, o bolso do cidadão.
O Vrum fez um levantamento do custo da bateria de dois carros concorrentes, porém com preços parecidos (em torno de R$ 60 mil). A conclusão é de que o equipamento custa, em média, duas vezes mais. Um argumento das fabricantes, no entanto, é que as baterias projetadas para o Start-stop duram até três vezes mais. Resumindo, a longo prazo, a diferença acaba dissolvida.
A durabilidade “vai depender muito do uso, pois se um motorista pega trânsito intenso, quantas partidas essa bateria irá aguentar? Eu acredito que os testes não são feitos em congestionamentos pesados como os nossos do Brasil”, destaca o técnico automotivo da Jacaré Racing, Pedro Fortes. “Tem outro detalhe: se elas (fabricantes) têm tanta certeza sobre a vida útil dessas baterias, por que o tempo de garantia delas é o mesmo da de modelos comuns?”, questiona Pedro Fortes.
Mais uma informação para aquecer essa conversa. A alta demanda do motor de arranque e do sistema de injeção pode comprometer o funcionamento dos cabos, velas e bobina. Uma saída para manter tudo em dia é fazer a manutenção preventiva a cada 10 mil quilômetros. Fica a dica!
Antes de qualquer conclusão, caro leitor, é importante deixar claro que não estamos condenando o Start-stop. Até porque ele ajuda, sim, o meio ambiente e não consegue se defender sozinho. O objetivo desta matéria é, apenas, levantar a questão do custo. Afinal de contas, é melhor ser informado, antes da compra, do que levar um “choque”, depois”.
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