Veículos

Exposição na garagem de casa

Empresário conserva parte da história da indústria automotiva nacional. Coleção tem de Kombi a esportivos da década de 1990

Correio Braziliense
postado em 30/04/2020 04:07
Empresário conserva parte da história da indústria automotiva nacional. Coleção tem de Kombi a esportivos da década de 1990


A ferrugem no sangue veio aos poucos. Tipo conta gotas mesmo. Primeiro, o Marcelo Áquila, empresário, 45 anos, casado e pais de três crianças, comprou um Willys-Overland Gordini 1964 —  fabricado no Brasil sob licença da Renault. Na época, em 2003, o carro, com motor traseiro de 845cc e câmbio de quatro marchas, custava o preço de um  Fiat Uno 0km. Um mero detalhe.  

A ideia inicial do Marcelo era ter apenas um veículo antigo. Porém, o tempo passou e as coisas mudaram bastante. “Eu não tinha nenhuma pretensão de colecionar, mas, depois de uns seis anos,             comecei a entender de outros modelos e a gostar, também. Aí, veio um Karmann Ghia, um Puma e mais alguns outros. Foi assim que começou essa saga na minha vida”, destaca Marcelo Áquila.

Hoje, mais precisamente em abril de 2020, o empresário conta com 19 veículos numa espaçosa e bem projetada garagem, em Brasília. Para quem gosta desse universo, um lugar mais legal que muitas salas de estar. Perfilados, como se estivessem em um museu aberto ao público, há modelos das décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Em comum, a certidão de nascimento brasileira — e com muito orgulho. 



Ah, manual, nota fiscal e chave reserva também são de série por aqui. “A minha história com carros antigos começou de berço. O meu pai sempre foi apaixonado por veículos, sobretudo velhos, porque ele não tinha condições de ter carro novo. Ele ficava mexendo no motor e eu, em cima, para saber de tudo que estava acontecendo”, destaca Marcelo.

A precursora da indústria automotiva nacional está lá, linda e cheia de saúde. Estamos falando de uma Volkswagen Kombi de Luxo 1974 com as famosas e desejadas seis portas. Essa versão, muito usada no transporte de passageiros, costumava se desmanchar com o uso.  Essa, não. Comprada da extinta Varig e restaurada nos mínimos detalhes, foi premiada nas maiores e importantes exposições do país.

Gosta de Opalas? A garagem tem cinco. Todos com motor seis cilindros. Um Grand Luxo 1972 Cupê, um Comodoro 1978, um Diplomata 1980 com câmbio automático, ar-condicionado e direção hidráulica originais, além de um Opala SS 1973 com a estonteante cor  Verde Menta. Sonho de consumo dos “playboys” do passado. Fecha a lista da família Chevrolet outro Opala SS 1971 quatro portas e com um belíssimo volante em Madre Pérola. Um acessório vendido, no mercado informal, por mais de R$ 7 mil.  

Além da beleza e da história por trás de cada parafuso, os veículos compartilham outro detalhe raro nos modelos atuais: a valorização. Marcelo reforça a teoria, “Você compra um carro, hoje, e fala: “Eu sou louco. Nunca mais vou vender esse carro por esse preço”. Quando dá cinco anos, ele dobrou de valor. Já ofereceram R$ 200 mil na minha Kombi e eu não aceitei. O limite desse mercado seria a capacidade de compra de uma pessoa e o desejo. Se ela quer muito aquele veículo e tem condições, aconselho ir em frente. A vida é curta e temos que aproveitar o melhor que ela tem   para oferecer. O dinheiro é feito para essas coisas”.
 
 
 
 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags