Correio Braziliense
postado em 30/04/2020 04:07
A rede de concessionárias enfrenta situação muito difícil em razão da pandemia do novo coronavírus. Continuam com portas fechadas para vendas presenciais e as oficinas funcionam em ritmo bem lento: só atendem a quem tem problemas imprevistos. As revisões programadas foram postergadas sem prejudicar os prazos de garantia por consenso de praticamente todas as marcas.
O mercado deve reagir apenas no último trimestre, sem compensar, no entanto, a queda deste e do próximo. A Fiat projeta crescimento de versões mais simples. Mas compradores de maior poder aquisitivo, ainda ativos no mercado, elegem versões mais caras. É esperar para ver.
Em conversa com o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr, ele resumiu as dificuldades: “O Brasil tem 7.300 concessionárias em 1.050 municípios e emprega 315.000 pessoas, sendo 90% de porte pequeno ou médio. A maioria está no pronto-socorro, em emergência, nem mesmo deu entrada no hospital. Estimo que em até 20 dias, se não for permitido pelo menos reabrir as portas, 30% da rede poderão não sobreviver. As exceções são poucas, como as que têm oficinas nas cercanias de estradas para atender a caminhões e ônibus.”
“Sei que vários fabricantes estão fomentando o comércio eletrônico, os compradores podem completar todo o processo de compra virtualmente e até receber o carro em casa mesmo sem estar ainda emplacado agora pelo fechamento dos Detrans. Mas este canal representava apenas 5% das vendas totais. Pode aumentar para 10% ou 15% por falta de opção de ir até a um ponto de venda para quem precisa muito de um veículo novo. Em cidades médias e pequenas, as compras via internet quase não têm representatividade.”
“Minha preocupação maior é com as vendas financiadas que já estavam quase atingindo a normalidade em torno de 60% do total. Estamos voltando aos tempos da última crise, quando só três de cada dez fichas cadastrais eram aprovadas. Há também um grupo menor de compradores que compra à vista, mas estes talvez esperem um momento mais favorável.”
O isolamento social tem levado inúmeros problemas ao setor automobilístico, mas a retomada gradual das atividades traz um pequeno alento. Entre abril e o fim de maio quase todos os fabricantes de veículos leves e pesados voltarão lentamente a produzir em um turno.
Toyota e Honda anunciaram que só religarão as máquinas em junho. Principal motivo é a proteção dos funcionários contra a pandemia da Covid-19. Porém, ambas têm uma posição muito cautelosa em relação a estoques com um gerenciamento rigoroso nos pátios das concessionárias. A GM também mostra cautela e preferiu não estabelecer uma data para retornar à ativa. A Ford ainda avalia a data de retorno.
Todos os fabricantes que recomeçam adotam regras rígidas de higiene e providências para evitar aglomerações desde o transporte em ônibus fretados até os refeitórios. A indústria é formada por uma longa cadeia de fornecedores e os pequenos deverão ser ajudados financeiramente na medida do possível para voltar a produzir. Se faltar uma única peça, não tem carro pronto.
A indústria automobilística preconiza aumento de liquidez em forma de crédito bancário acessível e até adiamento de impostos. Pablo Di Si, presidente da VW, estima em R$ 40 bilhões e Carlos Zarlenga, presidente da GM, vai além, R$ 50 bilhões, para enfrentar o dificílimo trimestre abril-junho e também o segundo semestre. Cortar os investimentos previstos em novos produtos não será suficiente.
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