Veículos

Fernando Calmon

Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 04:21
ESTATÍSTICAS DE  VENDAS SUBVERTIDAS PELA CRISE

Os números são conflitantes por razões conhecidas. Com o fechamento dos Detrans e das concessionárias (que continuaram a vender por meios digitais), as vendas de veículos leves e pesados sofreram um grande efeito de represamento em maio. Assim, em junho, houve aumento de 129,1% sobre maio, mas, em relação a junho de 2019, a queda foi de 57,7%. Na comparação dos primeiros semestres, 2020 encolheu 50,5% sobre 2019.

Projeções da Anfavea estimam o ritmo efetivo de vendas diárias em torno de apenas 5.000 unidades, em junho, e o estoque nas fábricas e concessionárias de 46 dias (normal seria de 30 a 35 dias), apesar da paralisação da produção. O que mais preocupa é a possibilidade de demissões quando se esgotarem os efeitos dos acordos de redução de jornadas de trabalho. A entidade manteve estimativas para 2020: quedas sobre o ano passado de 40% nas vendas, 45% na produção e 53% nas exportações, baseadas no encolhimento do PIB brasileiro em torno de 7%.

No entanto, há previsões um pouco menos pessimistas. Maior banco privado do país, o Itaú, prevê queda do PIB de 4,5% e, se confirmada efetivamente, vai amortecer um pouco a queda do mercado. A Bright Consulting estima que as vendas caiam 29% este ano e os números de 2019 só voltarão em 2024. A consultoria avalia que os SUVs começarão a avançar, também, sobre o mercado de hatches em razão da perda de poder aquisitivo.

O setor tem esperança de alguma medida de estímulo ao consumo por parte do governo federal, a exemplo do que acontece na Europa e nos EUA. A indústria automobilística representa 5% do PIB e gera, direta e indiretamente, cerca de um milhão de empregos.


SISTEMA ANTIDERRAPAGEM COMPLETA 25 ANOS

Um dos mais úteis e eficientes recursos de segurança ativa para qualquer tipo de veículo surgiu em 1995. Trata-se do ESP (Programa Eletrônico de Estabilidade, em inglês) para evitar derrapagens. As primeiras pesquisas começaram nos anos 1980 por iniciativas individuais da Bosch e da Daimler-Benz (hoje, Daimler).

A partir de 1992, as duas trabalharam em conjunto, mas a empresa de autopeças tinha liberdade de entregar o produto a qualquer interessado. Na época era um dispositivo caro. Em 1995, Mercedes-Benz Classe S e BMW Série 7 ofereceram o ESP quase simultaneamente. Em 1997, um Mercedes-Benz Classe A capotou durante teste de desvio de obstáculo de uma revista sueca. A fabricante decidiu, então, tornar o ESP equipamento de série para todos os seus modelos.

ESP combina controle de tração (TC) e antibloqueio dos freios (ABS). É particularmente útil em pistas escorregadias, mas pode evitar até 80% das derrapagens. Estima-se que, na União Europeia, 15 mil vidas foram poupadas em 25 anos. Só a Bosch já produziu 250 milhões de unidades do equipamento.

O sistema tem nome genérico ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade), é produzido, também, por outros fornecedores, e está em 82% dos automóveis novos no mundo. No Brasil, desde o início de 2020, é equipamento de série nos novos projetos e, em 2022, passará a ser obrigatório em todos os automóveis e comerciais leves vendidos no país.
 
 
 
 


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