postado em 11/01/2018 03:30
Você sabia que a metodologia de ensino das universidades ao redor do mundo não segue sempre a mesma lógica de seleção, formação e grade curricular? Enquanto, no Brasil, ocorre uma grande avaliação por pontuação, que gera um ranking e seleciona os primeiros colocados de cada curso, nos Estados Unidos, por exemplo, além das provas, é preciso preencher um formulário de inscrição falando um pouco sobre família, experiências escolares, ideais, interesses, participação em projetos, ligação com causas sociais, entre outros assuntos, que variam a depender da instituição. Logo, a nota na seleção não é o único fator a definir a aprovação do candidato.
Aloysio Kouzak, 18 anos, se sentia limitado a opções de estudo apenas em instituições de ensino superior no Distrito Federal. Não via incentivo nem mesmo para estudar em outras unidades da Federação. ;Sempre gostei de mudança, de liberdade e de aventura;, conta. Desestimulado, tinha a sensação de que sua função no colégio se aproximava de algo burocrático: preparar-se para o vestibular. No 2; ano do ensino médio, passou a estudar na Escola Americana de Brasília e as possibilidades abertas pelo currículo internacional passaram a estimulá-lo. Na nova escola, o jovem começou a cursar o programa International Baccalaureate (leia Para saber mais).
O diretor geral da escola, Allan Bredy, explica a diferença entre cursar uma escola bilíngue ; que conta com ensino em dois idiomas, um deles o materno ; e participar do programa IB. ;Os estudantes devem selecionar três das seis matérias para cursarem em um nível mais avançado, com aprofundamento de nível superior, além de participar de projetos que trabalham a oratória e serviços sociais.;
Em vez de adquirir a capacidade de traduzir informações para uma segunda língua, os estudantes aprendem a pensar e a elaborar conteúdos diretamente nos códigos trabalhados. ;Os meus alunos têm achado o processo de seleção das universidades muito fácil, tanto as federais brasileiras quanto as mais renomadas em âmbito internacional;, garante o diretor. Todo esse processo transmite aos discentes os conhecimentos necessários da etapa do ensino que cursam e contribui para a aprovação nos diversos processos seletivos, inclusive fora do país.
A possibilidade de escolher áreas prioritárias de formação é justamente o que atraiu Aloysio, que critica o hermetismo do modelo de ensino médio brasileiro a que teve acesso antes de entrar para a Escola Americana de Brasilia. ;Você tem que aprender todas as matérias até o fim do ensino médio, sem liberdade alguma para focar no que gosta;, reclama. Hoje, ele cursa engenharia na University of British Columbia, com uma bolsa de mérito internacional.
Atitudes de destaque
Outro ex-aluno de destaque da EAB é Pedro Farias, 18 anos. Aprovado em 12 universidades dos Estados Unidos, ele cursa seu primeiro ano em Harvard. ;Eu me identifico muito com o sistema de Liberal Arts. Aqui, você pode cursar matérias introdutórias antes de decidir seu curso e, além de ter a grade livre, é possível se formar em cursos secundários ao mesmo tempo;, observa.
O universitário pretende voltar ao Brasil e até mesmo seguir carreira na política nacional. ;Vemos tudo o que está acontecendo e ficamos meio decepcionados, mas não podemos apenas aceitar que o país tem problemas e não agir. Temos que tomar posse e fazer o que pudermos pela nação;, defende. Sobre a preparação oferecida pela escola, ele acredita que uma das maiores vantagens tenha sido a enorme quantidade de atividades extracurriculares. Pedro conta que participava das simulações das Nações Unidas e de atividades de serviço comunitário.
O mesmo aconteceu com Aloysio, que fazia parte da banda de jazz e foi presidente do grupo sustentável que construiu uma estação solar para carregar celulares, além de liderar um programa de reciclagem. ;Fico muito feliz de saber que o movimento sustentável cresceu e um dos diretores mudou o sistema de impressão, cortando gastos desnecessários com papel;, comenta o ex-aluno, que destaca ainda a importância da sintonia de toda a equipe da escola, do porteiro à direção. ;Eu pude desenvolver a melhor versão de mim mesmo;, conclui.
Para saber mais
Além da prova objetiva
O International Baccalaureate é uma fundação com sede em Genebra, na Suíça, que oferece qualificação internacionalmente aceita e reconhecida para entrar no ensino superior, ministrada em mais de 140 países, em inglês, francês ou espanhol. Para serem aprovados, os estudantes devem frequentar uma escola representante e alcançar desempenho adequado em seis disciplinas: idioma nativo, idioma escolhido, ciência (física, química e biologia), matemática, artes e indivíduos e sociedades (história, geografia, psicologia, negócios e gestão). Outro requisito é produzir três elementos essenciais: uma apresentação com redação sobre teoria do conhecimento, na qual os alunos refletem sobre a natureza do conhecimento e sobre como sabemos o que achamos que sabemos; um ensaio estendido de 4 mil palavras sobre um assunto escolhido pelo aluno dentro de uma lista de pré-aprovados; e um projeto de conclusão sobre criatividade, atividade e serviço.