Durante um monitoramento ambiental no Amapá no início de 2024, uma matilha de cachorro-vinagre foi observada no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. O flagra marcou o primeiro registro confirmado dessa espécie na unidade de conservação mais extensa do Brasil. Esse acontecimento ganhou destaque no meio científico por envolver um animal ameaçado de extinção e de registro raro. Ou seja. reforçou a importância do trabalho contínuo de monitoramento da biodiversidade regional.
A expedição, realizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), registrou a presença dos cachorros-vinagre por meio de imagens captadas por câmeras. Isso reafirmou relatos antigos de moradores da região sobre o possível abrigo da espécie no interior do parque. O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque se estende por cerca de 3,8 milhões de hectares entre os estados do Amapá e Pará. Ele representa uma vasta área de proteção ambiental e relevância estratégica para a fauna amazônica.
As principais características do cachorro-vinagre
O cachorro-vinagre (Speothos venaticus) destaca-se por diferenças marcantes em relação a outros canídeos encontrados no Brasil. O animal possui corpo alongado, patas relativamente curtas e orelhas arredondadas. Além disso, uma particularidade interessante é a existência de membranas interdigitais, que facilitam a locomoção desses mamíferos em terrenos úmidos e até mesmo na água. Essa é uma adaptação importante para a vida em ambientes amazônicos.
A pelagem tem coloração castanho-avermelhada e os filhotes nascem com tons acinzentados. Ademais, trata-se do menor canídeo brasileiro, com indivíduos adultos medindo de 57 a 75 centímetros de comprimento e pesando entre 5 e 8 quilos. Entre as seis espécies de cães selvagens do país, o cachorro-vinagre é considerado o mais raro de ser avistado.

Como funciona o monitoramento na região?
As iniciativas de acompanhamento da fauna no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque fazem uso de tecnologias simples, mas eficientes. Durante as ações do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade, foram instaladas mais de 60 câmeras em locais estratégicos ao longo do parque, ampliando as chances de registrar espécies discretas e de hábitos noturnos, como o cachorro-vinagre.
A condução desse monitoramento conta com a participação ativa da comunidade local. Isso porque jovens da comunidade Sete Ilhas passaram por treinamentos específicos para operar os equipamentos e participar da manutenção das câmeras. Essa colaboração tem resultado em registros importantes não apenas de canídeos, mas também de outros mamíferos e aves terrestres, como anta, irara, queixada, onça-parda e gato-maracajá.
- Anta
- Onça-parda
- Capivara
- Iraras
- Gato-maracajá
- Queixada
- Muitos outros pequenos mamíferos
Por que o registro do cachorro-vinagre é tão relevante?
O aparecimento documentado do cachorro-vinagre no parque reforça a importância das áreas protegidas para a sobrevivência de espécies vulneráveis. A confirmação fotográfica em 2025 permite que pesquisadores e gestores ambientais desenvolvam estratégias mais precisas para a conservação, monitoramento e possível recuperação das populações desses animais na Amazônia.
Além disso, a descoberta amplia o conhecimento científico sobre a distribuição geográfica dessa espécie, estimulando novas pesquisas e fortalecendo a cooperação entre diferentes instituições. O acesso a dados confiáveis sobre fauna silvestre auxilia ações de manejo, subsidiando políticas públicas e projetos de educação ambiental voltados à preservação da floresta amazônica e seus habitantes raros.
Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e a biodiversidade
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque ocupa uma posição de destaque não apenas por sua vastidão, mas pelo seu papel fundamental na proteção de ecossistemas amazônicos. Criado em 2002, o parque resguarda uma grande diversidade biológica, incluindo nascentes dos rios Araguari, Oiapoque e Jari, essenciais para a manutenção dos recursos hídricos do estado do Amapá.
Sua ampla extensão de floresta tropical abriga espécies de árvores de grande porte e forma um refúgio seguro para animais ameaçados de extinção, como o cachorro-vinagre. Com áreas de difícil acesso e baixa intervenção humana, o parque contribui significativamente com iniciativas de pesquisa, conservação e fortalecimento da cultura ambiental entre as comunidades locais.
O registro recente da matilha de cachorro-vinagre é um marco para o monitoramento da fauna no norte do Brasil. Ao trazer à luz espécies raras, fortalece-se o compromisso com a ciência e preservação ambiental, ressaltando como a participação comunitária pode transformar a proteção da natureza em uma missão coletiva.










