Entre os diversos sabores tradicionais da culinária amazônica, um dos mais emblemáticos é o bodó, preparado de diferentes maneiras ao longo das margens dos rios do Norte do Brasil. Com sabor característico e presente em festividades locais, o bodó tem grande valor na gastronomia regional, integrando a mesa de famílias e apreciadores da culinária de raiz há gerações.
O bodó é um peixe do grupo dos cascudos, facilmente encontrado nos rios da Amazônia, especialmente em municípios dos estados do Amazonas, Pará e Rondônia. O método de preparo do prato ganhou popularidade por realçar o sabor da carne, geralmente firme e magra, e por contar com acompanhamentos tradicionais como farinha d’água, tucupi e vinagrete, compondo uma experiência muito ligada à cultura ribeirinha.

A origem do prato amazônico bodó
A história do bodó remonta aos povos indígenas da região Norte, que já consumiam o peixe há séculos antes da chegada de colonizadores europeus. Aproveitando recursos naturais abundantes, as populações ribeirinhas desenvolveram técnicas únicas de captura e preparo. Além disso, o bodó tinha fama apenas como alimento, mas também como uma fonte vital de proteína durante períodos de cheia ou seca dos rios.
Com o passar do tempo, a receita tradicional se adaptou, incorporando ingredientes presentes em feiras e mercados locais, o que contribuiu para sua popularização entre diferentes camadas sociais. Hoje, o bodó faz parte do cardápio de restaurantes típicos da Amazônia, sendo preparado assado, cozido ou até na brasa, conforme o costume da comunidade ribeirinha.

O preparo do bodó na Amazônia
O preparo do bodó começa pela limpeza minuciosa do peixe, já que sua carapaça resistente exige atenção para garantir uma textura agradável. Em geral, a receita valoriza o sabor natural, priorizando temperos regionais e pouca manipulação. Um dos métodos mais comuns é assar o bodó inteiro na brasa, utilizando folhas de bananeira para manter a umidade da carne durante o cozimento.
- Assado na brasa: O peixe é temperado com sal, limão e pimentas regionais antes de ser enrolado nas folhas de bananeira e levado ao fogo.
- Cozido: Alguns preparos incluem o bodó em caldos grossos com ervas, colorau e erva-cidreira, oferecendo sabores diferenciados.
- Acompanhamentos: Comumente servido com farinha d’água, baião de dois, vinagrete e molhos à base de tucupi, estes itens complementam o prato.
O sabor do bodó costuma variar de acordo com as águas do rio em que é pescado. Nos igarapés mais limpos e frios, a carne tende a absorver menos odor, conferindo uma textura ainda mais suave, característica que muitos habitantes da Amazônia consideram essencial para apreciar o peixe na plenitude.
Curiosidades e benefícios que o bodó oferece
Além do valor gastronômico, o bodó carrega uma série de simbolismos e curiosidades para a população local. Por ser um peixe resistente, é associado à força e à perseverança do povo amazônico. Seu consumo também promove a valorização de saberes tradicionais e o fortalecimento da cadeia produtiva dos pequenos pescadores.
- Riqueza nutricional: O bodó possui baixo teor de gordura e é uma significativa fonte de proteínas, essenciais para a alimentação saudável.
- Sustentabilidade: Por ser um peixe abundante e de fácil reprodução nos rios, seu consumo respeita práticas sustentáveis nas pescas artesanais da região.
- Culturalidade: A presença do bodó em festivais comunitários mantém vivas as tradições alimentares indígenas e caboclas.
Nos últimos anos, chefs de cozinha têm redescoberto o bodó, valorizando técnicas ancestrais e promovendo o intercâmbio de receitas dentro e fora da Amazônia. Esses movimentos contribuem para a manutenção da biodiversidade e para uma relação mais equilibrada com os recursos da floresta.
O bodó continua relevante na cozinha amazônica?
No contexto atual, o bodó permanece como um marco da alimentação nas comunidades do Norte brasileiro, mantendo seu espaço tanto nas mesas familiares quanto nos cardápios de estabelecimentos gastronômicos. Através do consumo consciente e da preservação das técnicas tradicionais, o prato simboliza a integração entre natureza, cultura e alimentação saudável. Assim, o bodó se mostra não apenas como uma iguaria, mas também como um elo fundamental entre as gerações e o rico patrimônio culinário amazônico.










