Uma das práticas mais controversas relacionadas à produção de couro é o método bating. Esta técnica, que nasceu séculos atrás, ainda é lembrada tanto pelo seu valor industrial quanto pelas particularidades pouco usuais de seu processo. O uso de materiais “desagradáveis” é um dos fatores que torna o bating um dos métodos mais singulares do curtimento de peles.
No curtume tradicional, o bating visa suavizar as fibras do couro e remover resíduos orgânicos das peles animais. O processo acontece em etapas após a depilação, antes do tratamento propriamente dito com agentes curtentes. Para isso, utiliza-se uma combinação de agentes biológicos capazes de decompor tecidos indesejáveis, proporcionando flexibilidade e maciez ao material final. A fama desta metodologia se deve, principalmente, à substância principal que a caracteriza.

Por que o bating tem fama de método nojento?
Bating, no contexto da indústria do couro, consiste na aplicação de enzimas provenientes de materiais naturais para degradar proteínas residuais presentes na pele dos animais. Tradicionalmente, nos séculos passados, esterco de animal servia como principal fonte dessas enzimas, por conter bactérias e micro-organismos específicos para esse trabalho. A escolha por esse componente, embora eficiente do ponto de vista químico, gerava reações de repulsa entre trabalhadores e curiosos devido ao odor e à própria manipulação do produto.
A utilização do bating com esterco predominou na Europa até o início do século XX, em especial pela necessidade de um processo barato e efetivo. As peles eram embebidas ou tratadas com a substância e, posteriormente, agitadas em tambores para permitir que a fermentação natural amolecesse o couro. A natureza do material fazia com que ambientes de curtumes fossem notórios pelo cheiro marcante e pelas condições insalubres, o que reforça a ideia do método como algo pouco higiênico.
Como o bating influencia a qualidade do couro?
Apesar dos aspectos debatidos sobre sua higiene, o método bating desempenha um papel essencial no resultado final do couro. Sua ação enzimática quebra resíduos de proteínas e gorduras, simplificando a remoção de impurezas persistentes. Isso proporciona características desejáveis ao produto acabado, como superfície lisa, toque agradável e maior facilidade à absorção de tingimentos e óleos durante etapas seguintes do curtimento.
Durante o bating, os curtidores buscam atingir o chamado ponto de “amaciante ideal”, para que o couro mantenha resistência sem perder flexibilidade. Um processo inadequado pode resultar em resíduos indesejados ou em um couro com textura áspera e pouco aproveitável para indústrias de confecção ou calçados. Por este motivo, o bating ainda é valorizado em determinados nichos que buscam manter métodos artesanais ou tradicionais.

Alternativas atuais ao bating tradicional
Com o avanço da biotecnologia e maior rigor em normas sanitárias, novas abordagens substituem o antigo uso do esterco animal na etapa do bating. Atualmente, enzimas industriais sintetizadas em laboratório desempenham o mesmo papel de degradação, mas sem o inconveniente de odores e riscos à saúde. O acréscimo em quantidades precisas dessas substâncias, chamadas enzimas proteolíticas, garantem um controle de qualidade mais apurado.
- Enzimas industriais: Extraídas de micro-organismos cultivados especialmente, oferecem ação eficiente e resultados estáveis.
- Bating ecológico: Emprega agentes biodegradáveis, reduzindo o impacto ambiental do processo.
- Uso de sistemas fechados: Minimiza emissões e contato humano com resíduos, aumentando a segurança dos trabalhadores.
Essas alternativas mostram como a indústria evoluiu para atender demandas de saúde ocupacional e sustentabilidade, deixando de lado métodos que, embora históricos, eram considerados desagradáveis e pouco seguros para quem lidava diariamente com o couro.
Por que o bating permanece na memória coletiva?
Mesmo em tempos modernos, o método bating aparece em estudos sobre a história dos curtumes pelo impacto cultural gerado. A ideia de manipular esterco animal para melhorar a textura de um material usado em roupas e acessórios desperta curiosidade e até certa estranheza. Esse passado ilustra uma época em que recursos eram aproveitados ao máximo e revela os limites entre necessidade, tradição e transformação tecnológica ao longo dos séculos.
Enquanto as técnicas se renovam e preocupações ambientais crescem, conhecer processos como o bating contribui para compreender a evolução do couro. A transição desse método pouco convencional para alternativas mais limpas mostra os rumos da indústria na busca por produtos de qualidade alinhados a práticas seguras e éticas.










