O conceito de capacidade intrínseca tem ganhado espaço em pesquisas voltadas ao envelhecimento saudável. Definida como o conjunto de competências físicas e mentais disponíveis para cada indivíduo, ela envolve, por exemplo, mobilidade, cognição, visão, audição e memória. A manutenção dessas funções é considerada essencial para garantir qualidade de vida ao longo dos anos, especialmente em populações que vivem cada vez mais.
Nos últimos anos, avanços científicos têm permitido novas formas de avaliar a capacidade intrínseca, que historicamente exigia equipamentos avançados e equipes multidisciplinares. Um dos marcos recentes foi o desenvolvimento do exame de metilação do DNA, que utiliza amostras simples de sangue ou saliva para traçar um panorama da saúde biológica do indivíduo, comparado à sua idade cronológica.

Como a metilação do DNA está relacionada à capacidade intrínseca?
A metilação do DNA é um mecanismo químico natural que interfere na ativação dos genes. Ao longo do processo de envelhecimento, padrões desse marcador podem se alterar devido tanto a fatores genéticos quanto ambientais. Abordagens recentes, como o teste DNAm CI, avaliam esses padrões para estabelecer uma pontuação de capacidade intrínseca, associando esses resultados à saúde geral do indivíduo.
Pesquisas recentes demonstraram que níveis mais elevados nessa pontuação DNAm CI correspondem a melhor desempenho em diversos indicadores de saúde, como velocidade de caminhada, função pulmonar e densidade óssea. Com o avanço dessas tecnologias, fica mais acessível fazer esse tipo de avaliação por meio de exames laboratoriais convencionais, sem a necessidade de equipamentos sofisticados e caros.
Quais fatores são avaliados no teste DNAm CI?
O teste DNAm CI considera diferentes aspectos relacionados ao envelhecimento. Entre os principais domínios avaliados, destacam-se cinco áreas:
- Cognição: Habilidade de pensar, processar informações e lembrar.
- Locomoção: Capacidade de movimentação e autonomia.
- Função sensorial: Compreende visão e audição.
- Saúde psicológica: Engloba bem-estar emocional e comportamental.
- Vitalidade: Refere-se à energia e resistência física.
A análise desses fatores, integrada à avaliação do perfil de metilação do DNA, permite uma visão mais detalhada do envelhecimento de cada pessoa, indo além dos métodos tradicionais que se baseavam apenas na idade ou em sintomas aparentes.
Por que medir a capacidade intrínseca é importante para o envelhecimento saudável?
Monitorar a capacidade intrínseca pode ser fundamental para prever riscos de doenças relacionadas à idade. Estudos apresentados em 2024 apontam que indivíduos com pontuação DNAm CI elevada têm maior probabilidade de apresentar menor inflamação crônica, melhor imunidade e menor risco de condições como hipertensão, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral. Além disso, essas pessoas tendem a relatar maior sensação de bem-estar e podem viver, em média, mais anos com qualidade.
Com a popularização do teste de metilação do DNA, torna-se possível ampliar o monitoramento do envelhecimento em diferentes contextos, auxiliando profissionais de saúde e pesquisadores a identificar precocemente situações que podem ser prevenidas ou tratadas. Da mesma forma, iniciativas e intervenções podem ser orientadas de maneira mais personalizada, considerando as características biológicas de cada pessoa.

Como funciona a aplicação prática do teste DNAm CI?
A realização deste exame é relativamente simples. O processo envolve a coleta de sangue ou saliva, seguida por análise laboratorial dos marcadores de metilação. Os dados obtidos são processados para gerar uma pontuação que reflete o grau de capacidade intrínseca do indivíduo, numa espécie de “relógio biológico” personalizado.
- Coleta da amostra no laboratório, de sangue ou saliva.
- Análise dos padrões de metilação do DNA presentes na amostra.
- Comparação dos resultados com parâmetros estabelecidos para diferentes idades.
- Emissão de relatório com a pontuação estimada de capacidade intrínseca e orientações para acompanhamento.
Essas informações podem orientar tanto o próprio indivíduo quanto equipes de saúde no planejamento de medidas para manutenção ou melhora da saúde funcional, além de subsidiar políticas para o envelhecimento ativo.
Considerações sobre o futuro da mensuração da capacidade intrínseca
O avanço no entendimento dos marcadores biológicos tem proporcionado ferramentas inovadoras para mapear o processo de envelhecimento de forma individualizada. Medir a capacidade intrínseca por meio da metilação do DNA representa uma evolução significativa, promovendo uma abordagem menos invasiva e mais acessível. Espera-se que, nos próximos anos, essa tecnologia seja incorporada em larga escala, contribuindo para a extensão de uma vida saudável e autônoma à medida que a população envelhece.










