No Japão, um dos aeroportos mais famosos construídos sobre o mar vem enfrentando um desafio inesperado: o aeroporto de Kansai está afundando lentamente. Desde sua inauguração em 1994, o terminal internacional localizado em uma ilha artificial no litoral de Osaka tornou-se referência em engenharia moderna, mas agora enfrenta o risco de desaparecer sob as águas em algumas décadas.
Projetado para solucionar a falta de espaço em terra firme, o aeroporto internacional de Kansai foi construído sobre grandes estacas e camadas de solo compactado. Mesmo com tecnologia avançada, a movimentação do solo e a pressão da água do mar têm feito com que a ilha afunde mais rapidamente do que o previsto inicialmente. Estimativas atualizadas em 2025 sugerem que, se o ritmo atual continuar, toda a estrutura pode ficar submersa em até 30 anos.
Como surgiu o aeroporto de Kansai e por que foi construído sobre o mar?
A construção do aeroporto internacional de Kansai foi proposta nas décadas de 1960 e 1970, período em que a cidade de Osaka buscava expandir sua malha aérea diante do adensamento urbano e da limitação de terrenos. A alternativa encontrada foi erguer uma ilha artificial a cerca de cinco quilômetros da costa, permitindo aterrissagens e decolagens sem interferir na malha urbana densa. Desde seu início, a ilha chamou atenção pelo tamanho: são mais de quatro quilômetros de comprimento e mais de um quilômetro de largura, comportando duas pistas e um terminal de passageiros.
Além do espaço, outro motivo importante para a escolha do mar como base foi a redução de ruídos para a população urbana, uma preocupação recorrente em aeroportos de grande porte localizados em regiões metropolitanas. A localização marítima trouxe vantagens logísticas, porém impôs grandes desafios técnicos desde o primeiro dia de operação.

Por que o aeroporto internacional de Kansai está afundando?
O fenômeno que afeta o aeroporto tem explicação em processos geológicos e de engenharia. O solo do leito marinho da baía de Osaka é composto por camadas de argila extremamente compressíveis. Durante a construção, toneladas de material foram depositadas para criar a base da ilha, resultando em uma enorme compactação do solo inferior. Desde 1994, medições técnicas mostram que parte da estrutura já afundou mais de 12 metros em determinados trechos.
- Compactação do solo: O peso da ilha artificial pressiona o solo de argila, causando afundamento gradual.
- Subsidência natural: Áreas costeiras estão sujeitas ao rebaixamento do solo, agravando o processo.
- Impacto das mudanças climáticas: A elevação do nível do mar pode acelerar o desaparecimento da estrutura.
Apesar de reforços e obras de emergência ao longo dos anos, o ritmo do afundamento permanece mais alto do que o calculado inicialmente pela equipe de engenharia. Estudos recentes projetam o desaparecimento do aeroporto por submersão completa até aproximadamente 2055, caso nenhuma medida inédita seja adotada.

O que pode ser feito para salvar o Aeroporto de Kansai?
A gestão do aeroporto mantém monitoramento contínuo e desenvolve soluções para lidar com a subsidência da ilha. Entre as estratégias adotadas, destacam-se obras de reforço nos alicerces, injeção de concreto em regiões de maior pressão e a elevação das pistas e prédio do terminal. Mesmo assim, especialistas alertam que essas ações devem apenas retardar, e não impedir, a tendência de afundamento.
- Reforço estrutural constante em áreas críticas.
- Monitoramento de fissuras e deformações por sensores de alta precisão.
- Adaptação das infraestruturas às novas cotas, elevando estruturas conforme afundam.
Projetos alternativos já são analisados para longo prazo. Algumas ideias envolvem a construção de ilhas auxiliares, novas camadas de solo artificial ou até mesmo a realocação de parte das operações para outros aeroportos na região de Kansai.
Quais os impactos da possível submersão do aeroporto no Japão?
O desaparecimento do aeroporto internacional de Kansai, caso se confirme, trará consequências diretas para o transporte aéreo japonês. Atualmente, o terminal conecta a região ao resto do mundo e movimenta milhões de passageiros todos os anos. Empresas aéreas, operadoras logísticas e setores ligados ao turismo seriam diretamente afetados por eventuais transtornos nas operações.
Além dos prejuízos econômicos, a ilha artificial representa um símbolo da engenharia moderna japonesa. Perder essa estrutura traria também questionamentos sobre grandes projetos em áreas litorâneas, a viabilidade de obras similares pelo mundo e a necessidade de soluções mais sustentáveis diante das mudanças climáticas.
O futuro do aeroporto internacional de Kansai, portanto, permanece incerto diante do constante e acelerado afundamento. As próximas décadas serão determinantes para definir se a engenharia conseguirá manter o terminal operante ou se será necessário buscar alternativas para garantir a conectividade aérea da região de Osaka.










