Nos últimos anos, o debate sobre a proteção de crianças e adolescentes na internet tornou-se cada vez mais relevante. Em especial, diante da ascensão de influenciadores digitais que expõem menores em conteúdos para grandes audiências. Situações recentes trouxeram à tona discussões sobre os limites éticos e legais da exposição de jovens em vídeos, lives e outros formatos. Nesse contexto, as denúncias envolvendo o influenciador Hytalo Santos destacam a complexidade do tema e levantam questionamentos sobre a responsabilidade de criadores de conteúdo, familiares e plataformas.
Nos últimos dias, um longo vídeo do youtuber Felca detalhando a chamada “adultização” e a exploração de adolescentes em canais digitais ganhou enorme repercussão nas redes sociais. A publicação rapidamente atingiu milhões de visualizações, especialmente ao mencionar exemplos como o caso da jovem Kamylinha. Ela foi participante de conteúdos com temáticas mais maduras desde a infância. Esse episódio reacendeu antigos debates sobre os riscos da superexposição, da sexualização precoce e do consumo de conteúdos com menores em situações inadequadas.

O que é ‘adultização’ de crianças e adolescentes?
O termo adultização se refere ao fenômeno em que crianças e jovens expostos precocemente a comportamentos, discursos e ambientes típicos do universo adulto. Nos meios digitais, isso pode incluir a participação em vídeos com temáticas maduras, figurinos sensuais ou situações que induzem à sexualização. Em muitos casos, a produção desses conteúdos ultrapassa a simples diversão, transformando os menores em verdadeiros produtos para entretenimento de uma audiência muitas vezes composta por adultos.
Especialistas alertam que esse tipo de exposição pode afetar o desenvolvimento emocional e social de crianças e adolescentes. Além disso, existem consequências relacionadas à autoestima, privacidade e à dificuldade de lidar com críticas ou assédio on-line. Os riscos aumentam quando há envolvimento de terceiros, como familiares e produtores de conteúdo, que podem se beneficiar financeiramente da imagem de menores sem considerar os impactos a longo prazo.
Os limites legais e éticos na produção de conteúdo com menores
A legislação brasileira estabelece normas claras para proteção da infância e juventude no ambiente digital, especialmente por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Produzir ou divulgar material que promova a sexualização, exposição inadequada ou exploração de menores é proibido, podendo levar à responsabilização criminal e civil dos envolvidos. Recentemente, episódios como o de Hytalo Santos intensificaram a fiscalização sobre conteúdos que envolvam adolescentes e geraram atuação incisiva de órgãos como o Ministério Público.
- Avaliação do conteúdo: Análises são feitas para verificar se há teor sexualizado ou constrangimento dos participantes.
- Consentimento: Mesmo que haja autorização dos responsáveis, a lei preza pelo interesse superior da criança, podendo impedir exposições consideradas prejudiciais.
- Investigação e punição: Autoridades podem instaurar inquéritos e exigir a remoção de conteúdos, além de determinar a suspensão ou exclusão de perfis em plataformas digitais.
Casos denunciados por ferramentas como o “Disque 100” são examinados sob sigilo, principalmente pelo envolvimento de menores. Órgãos como o Ministério Público do Trabalho e da Paraíba conduzem investigações para apurar possível exploração, avaliando as condições em que adolescentes participam desses conteúdos e os impactos sociais e psicológicos gerados.

Como proteger crianças e adolescentes dessa exposição inadequada?
Proteger jovens no ambiente digital exige a colaboração de vários agentes sociais, incluindo família, escolas, plataformas e a própria comunidade virtual. Recomenda-se adotar estratégias para minimizar riscos e garantir que a experiência on-line seja sadia e segura. Algumas ações de prevenção e orientação podem ser fundamentais no cotidiano:
- Supervisão dos responsáveis: Acompanhar o tipo de conteúdo acessado e produzido pelos menores, orientando sobre limites e privacidade.
- Diálogo aberto: Converse sobre os perigos da internet, incluindo questões relacionadas à imagem, ao consentimento e ao respeito próprio.
- Configurações de privacidade: Ajustar perfis e conteúdos para limitar a exposição pública, reduzindo o alcance de possíveis situações de risco.
- Denúncia: Identificar e reportar comportamentos suspeitos ou exposições inadequadas em plataformas e órgãos de proteção à infância.
A discussão sobre a “adultização” e os limites da internet não possui respostas simples, pois envolve diversos fatores socioculturais, jurídicos e econômicos. Entretanto, manter o foco no bem-estar e desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes deve ser prioridade de todos os setores da sociedade, observando sempre as diretrizes legais e éticas. O monitoramento contínuo, aliado à educação digital, tende a ser uma das principais estratégias para a defesa dos direitos desse público tão vulnerável.










