O cenário automotivo no Brasil mudou recentemente com a criação do Programa Carro Sustentável, uma iniciativa do Governo Federal que trouxe impactos notáveis para o segmento de veículos populares. O objetivo da medida foi estimular a produção e a venda de modelos nacionais, especialmente aqueles com menor emissão de poluentes e motores aspirados flex. Entre os beneficiados está o Volkswagen Polo Track, que passou por uma redução considerável de preço devido à isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Com o incentivo, modelos como o Polo Track, que estavam na faixa dos R$ 95 mil no início de 2024, caíram para valores próximos de R$ 84 mil após descontos adicionais. Tal diminuição levantou questionamentos sobre a competitividade e o valor agregado desses veículos na atual conjuntura econômica. A movimentação também reacendeu o debate sobre o que caracteriza, atualmente, um carro popular no país.
Como funciona o Programa Carro Sustentável?
A proposta implementada pelo governo visa estimular o consumo de carros menos poluentes, tornando-os mais acessíveis ao consumidor brasileiro. Para se enquadrar no programa, o veículo precisa ser de fabricação nacional e possuir motorização flex com baixa emissão de poluentes. Os maiores beneficiados são os hatches subcompactos e versões básicas de compactos, o que inclui modelos como Renault Kwid, Fiat Mobi e o próprio Volkswagen Polo Track.
A isenção do IPI para essa categoria desonera parcialmente a cadeia produtiva, permitindo descontos no preço final ao consumidor. No caso do Polo Track, a redução ultrapassou R$ 11 mil, tornando-o uma opção competitiva no segmento de entrada para aqueles que priorizam economia tanto na compra quanto no consumo de combustível.

O Volkswagen Polo Track ficou mais vantajoso em 2025?
No contexto atual, o Polo Track apresenta uma lista de equipamentos enxuta, priorizando funcionalidades essenciais. O hatch compacto da Volkswagen oferece itens como quatro airbags, assistente de partida em rampa, vidros elétricos, computador de bordo, painel digital básico e bancos de tecido. Alguns pontos, porém, deixam a desejar, como a ausência de câmera de ré, sensores de estacionamento e central multimídia na versão básica, sendo esses opcionais a parte.
Além disso, a construção interna do Polo Track adota acabamento predominantemente plástico, visando baratear o custo de montagem. Embora esse tipo de material predomine no segmento, a percepção de um valor mais elevado contrasta com o nível de sofisticação interna esperado por parte de alguns consumidores. Em termos de espaço, o veículo comporta até cinco passageiros, mas, para adultos, o conforto traseiro torna-se limitado em trajetos longos. O porta-malas, com capacidade para 300 litros, destaca-se positivamente frente a rivais diretos.
Quais os diferenciais e desafios de desempenho do Polo Track?
Equipado com motor 1.0 aspirado flex de três cilindros, da família VW EA211, o Polo Track entrega 84 cavalos de potência e torque de 10,3 kgfm. O desempenho atende à proposta urbana, com aceleração de 0 a 100 km/h registrada em 13,4 segundos em condições ideais. No cotidiano, entretanto, a entrega de força acontece em regime de giros mais elevados, o que exige intervenções constantes no câmbio, principalmente em ultrapassagens e subidas íngremes.
O consumo é um dos trunfos do modelo: de acordo com o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, são médias de 9,3 km/l com etanol e 13,5 km/l com gasolina na cidade. Na estrada, o Polo Track pode alcançar até 15,7 km/l, garantindo autonomia superior a 800 quilômetros graças ao tanque de 52 litros. O câmbio manual MQ200, com engates curtos, mantém a condução ágil no trânsito urbano, ainda que, em velocidades elevadas, o ruído interno aumente por conta da rotação alta.
- Destaques positivos:
- Boa eficiência energética e baixa emissão de poluentes
- Tanque de combustível de alta capacidade para o segmento
- Plataforma moderna, com índice de segurança elevado
- Espaço do porta-malas superior à média dos concorrentes
- Principais desafios:
- Lista de equipamentos limitada na configuração mais acessível
- Desempenho modesto, principalmente em ultrapassagens ou aclives
- Uso extensivo de materiais plásticos no acabamento interno
- Ausência de itens tecnológicos de série, como central multimídia e sensores

Carro popular no Brasil ainda existe em 2025?
A evolução dos preços dos veículos brasileiros tem mudado a definição de carro popular ao longo dos anos. Modelos como o Renault Kwid custavam cerca de R$ 30 mil há menos de dez anos, e hoje ultrapassam os R$ 80 mil, mesmo com incentivos fiscais. O Polo Track ilustra esse novo cenário, mostrando que, mesmo após a isenção do IPI, os veículos acessíveis apresentam recursos básicos, distanciando-se da antiga ideia de popularidade associada ao valor baixo.
O consumidor que busca um veículo novo em 2025 pode encontrar no Polo Track uma opção eficiente, com plataforma segura e baixo consumo. Apesar disso, ao analisar custo e conteúdo oferecido, percebe-se que o esforço financeiro para adquirir um hatch compacto permanece elevado. A discussão sobre acessibilidade e benefícios fiscais ainda segue em pauta para os próximos anos, refletindo a necessidade de políticas públicas cada vez mais abrangentes e voltadas à democratização do transporte individual.










