A árvore conhecida como Cnidoscolus quercifolius, popularmente chamada de favela ou faveleira, cresce de forma nativa na caatinga e ocupa papel essencial na biodiversidade do semiárido brasileiro. Essa planta conquistou notoriedade principalmente por sua incrível resistência às prolongadas estiagens. Além disso, ela deu nome às comunidades urbanas de baixa renda, mundialmente reconhecidas como favelas. A origem do termo se conecta à vegetação abundante nas regiões secas do Nordeste. Nessas áreas, as pessoas identificavam morros cobertos por essa árvore.
O nome favela ganhou associação com assentamentos informais a partir de um episódio histórico marcante em 1897. Soldados retornaram da Guerra de Canudos e se instalaram em um morro no Rio de Janeiro que remetia ao cenário do sertão baiano. Nessa paisagem, a presença da Cnidoscolus quercifolius dominava. Por causa disso, o nome do morro e, mais tarde, das comunidades urbanas nessas condições, homenageou essa árvore típica da caatinga.

Como a árvore favela está distribuída e quais são suas características?
Os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Piauí, Bahia e norte de Minas Gerais abrigam principalmente a faveleira. Esta espécie se desenvolve em solos pedregosos e atinge até 8 metros de altura. Apresenta espinhos urticantes nas folhas, uma característica marcante. Essa adaptação evolutiva protege a planta contra predadores.
Ela permanece produtiva mesmo em longos períodos de seca devido ao xilopódio, um tubérculo lenhoso que armazena água e nutrientes. Especialistas a consideram uma espécie-chave da caatinga. Com essa resiliência, suas mudas mantêm-se vivas sob condições adversas. Como resultado, a cobertura vegetal persiste durante as estiagens.

Quais utilidades a Cnidoscolus quercifolius oferece para a população local?
A favela traz múltiplas utilidades para as comunidades sertanejas. Suas sementes, ricas em proteínas, integram a alimentação local tanto in natura quanto como farinha usada em pães, bolos e cocadas. O óleo extraído dessas sementes possui valor nutricional semelhante ao azeite de oliva. Portanto, moradores empregam esse óleo como uma alternativa saudável na culinária regional.
- Alimentação animal: Folhas, casca, raízes e sementes alimentam rebanhos da região.
- Uso humano: Sementes participam de várias receitas caseiras e também são matéria-prima para extração de leite vegetal e óleo.
- Medicina tradicional: O látex funciona como coagulante em dermatoses. Além disso, a cataplasma da casca demonstra propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias.
- Artesanato: Pessoas utilizam a madeira na confecção de objetos utilitários.
Apesar de poucos estudos, pesquisadores já destacaram seu papel fundamental para o sustento durante as secas e o equilíbrio ecológico local. Frequentemente, a presença da favela indica solos resilientes e um ambiente capaz de suportar variações climáticas extremas. Dessa forma, em algumas comunidades, por exemplo, produtores rurais criam técnicas para coletar e armazenar sementes de faveleira como reserva alimentar para épocas secas.
Por que a Cnidoscolus quercifolius é uma árvore importante para a caatinga?
As pessoas reconhecem a resistência da faveleira à escassez de água. Essa qualidade faz dela um exemplo emblemático dentro do bioma caatinga. Durante as estiagens, ela segue ativa e proporciona refúgio para diversos organismos sob sua copa. Sua floração ocorre normalmente entre janeiro e fevereiro. Já os frutos amadurecem entre maio e julho, beneficiando diferentes espécies da fauna local.
No paisagismo, apesar de seu uso ainda restrito em ambientes domésticos, ela apresenta potencial ornamental e funciona como cerca-viva devido à baixa necessidade de manutenção e à beleza das folhas. Além disso, especialistas apontam que a espécie pode ser cultivada como bonsai e adaptada a ambientes urbanos. Para isso, é necessário deixá-la ao sol pleno, com solo bem drenado e irrigação controlada.
- Escolha um vaso de terracota com boa drenagem.
- Utilize uma mistura de areia e terra vermelha, simulando as características do solo da caatinga.
- Exponha a planta a pelo menos seis horas de sol direto por dia.
- Regue esporadicamente e evite excesso de umidade.
- Monitore para prevenir a proliferação de fungos. Aplique sulfato de cobre mensalmente, se necessário.
Ainda que seu uso no paisagismo permaneça limitado, a Cnidoscolus quercifolius revela potencial para projetos de regeneração ambiental e ornamentação de áreas com clima similar ao do semiárido. Pesquisadores ressaltam que iniciativas de recuperação da vegetação nativa podem se beneficiar com a introdução desta espécie.
A história e as múltiplas utilidades da árvore favela evidenciam sua importância como símbolo e fonte de recursos no sertão brasileiro. Presente nos costumes, na alimentação e até mesmo como inspiração para nomes de comunidades urbanas, a favela representa um verdadeiro marco da resiliência que se observa tanto na natureza quanto na cultura das populações do semiárido.









