Nos últimos dias, relatos de intoxicações graves e mortes, especialmente no estado de São Paulo, colocaram o metanol em destaque no noticiário brasileiro. Ademais, o consumo acidental de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol tem gerado preocupação generalizada, dado que a diferença entre o etanol e o metanol não pode ser identificada visualmente ou pelo cheiro, pois ambos apresentam aspecto incolor, são inflamáveis e possuem aromas bastante próximos. Diante desse cenário, compreender as distinções entre essas duas substâncias tornou-se fundamental para a saúde pública.
Tanto o etanol quanto o metanol pertencem à família dos álcoois; entretanto, suas aplicações e efeitos sobre o organismo são radicalmente diferentes. As bebidas alcoólicas legítimas, como vinho, cerveja e cachaça, contêm etanol, que é próprio para consumo humano em determinadas dosagens. Em contrapartida, o metanol, também chamado de “álcool da madeira”, é extremamente tóxico, de modo que a ingestão mesmo em pequenas quantidades pode provocar desde distúrbios visuais até a morte, especialmente na ausência de atendimento médico imediato. Portanto, a diferenciação clara entre os dois é indispensável.
Quais as diferenças químicas entre etanol e metanol?
A distinção estrutural entre essas substâncias está nas suas fórmulas químicas: o etanol contém dois átomos de carbono (C₂H₆O), enquanto o metanol apresenta apenas um (CH₃OH). Embora essa diferença pareça pequena, é justamente o fator determinante para a toxicidade extrema do metanol quando ingerido. Enquanto o corpo consegue metabolizar o etanol em compostos menos prejudiciais, o mesmo não ocorre com o metanol.
No organismo, o etanol converte-se em acetaldeído e, posteriormente, em acetato, que pode ser aproveitado pelo metabolismo. De maneira oposta, o metanol sofre um processo de degradação totalmente distinto, sendo transformado em formaldeído e depois em ácido fórmico, substâncias extremamente tóxicas. O acúmulo dessas substâncias pode, por conseguinte, levar à acidose metabólica, um quadro clínico com risco de morte e complicações irreversíveis, como a cegueira.

Por que o metanol é tão perigoso para o ser humano?
O perigo do metanol não está apenas na sua toxicidade direta; além disso, reside também na dificuldade de identificação. Sem equipamentos específicos, é impossível para o consumidor comum diferenciar uma bebida adulterada com metanol de outra bebida alcoólica segura. Assim, em situações de surto, como ocorreu em algumas cidades paulistas, a população encontra-se especialmente vulnerável a episódios de intoxicação coletiva.
O efeito tóxico do metanol manifesta-se rapidamente. Entre os principais sintomas, destacam-se: visão turva, dores abdominais, confusão mental, vômitos e, em casos mais graves, convulsões. Vale ressaltar que a retina, por possuir grande quantidade de mitocôndrias, torna-se bastante sensível ao ácido fórmico, o que explica a frequência de perda visual em vítimas de ingestão acidental. Entre as consequências mais graves estão:
- Cegueira permanente
- Danos neurológicos irreversíveis
- Coma
- Óbito por falência múltipla de órgãos
Quais são as utilizações do etanol e do metanol?
O etanol possui uma gama variada de utilizações no Brasil. Aparece em bebidas alcoólicas, cosméticos, antissépticos hospitalares, combustíveis veiculares e também em vários produtos industriais. Sua concentração depende da aplicação: de 20% em vinhos até mais de 95% no etanol combustível. Ainda assim, sua regulamentação é rígida, a fim de garantir segurança ao consumidor.
Já o metanol tem um uso industrial restrito e, por sua vez, nunca deve ser ingerido por humanos. Ele é empregado na fabricação de produtos como formaldeído, ácido acético, tintas, solventes e plásticos. Atua também na síntese de biodiesel, sendo frequentemente manipulado em ambientes controlados e por profissionais qualificados. Portanto, por sua alta toxicidade, a utilização do metanol em bebidas alcoólicas configura crime e representa risco direto à vida.

Como evitar a intoxicação por metanol?
Pessoas expostas ao metanol precisam de atendimento médico urgente. O tratamento envolve medidas de suporte, uso de medicamentos específicos para inibir a conversão do metanol em ácido fórmico e, em alguns casos, diálise para eliminar o tóxico do organismo. Portanto, conhecer os sinais e sintomas é essencial para procurar socorro rapidamente. Na prevenção, os cuidados mais importantes incluem:
- Evitar consumir bebidas de procedência duvidosa ou desconhecida
- Observar indicações de registro e selos de autenticidade
- Desconfiar de preços muito abaixo do mercado
- Buscar apoio rápido em caso de sintomas suspeitos
Para além das fiscalizações oficiais, a informação correta desempenha papel decisivo no combate aos casos de adulteração. Por conseguinte, a disseminação do conhecimento sobre as diferenças entre etanol e metanol pode salvar vidas, especialmente em momentos em que cresce a incidência de bebidas clandestinas em circulação.
Portanto, conhecer os riscos associados ao metanol e as características seguras do etanol contribui para a segurança do consumidor. Ademais, manter-se atento às recomendações de especialistas e às campanhas das autoridades de saúde é fundamental para evitar tragédias relacionadas ao consumo de álcool adulterado.










