O frio intenso de 25 de junho de 1918 marcou a história da cidade de São Paulo, surpreendendo a população paulistana com um fenômeno raro, até então inédito. A temperatura atingiu -1,2 °C, um dos registros mais baixos já observados na cidade. Apesar da expectativa de muitos, nunca foi registrado oficialmente o fenômeno da neve em São Paulo, mas sim uma forte ocorrência de geada.
As condições climáticas daquele inverno foram tão atípicas a ponto de causar confusão na população. Muitas pessoas relataram ter visto neve, mas, conforme explicam especialistas, o que ocorreu foi uma camada de cristais de gelo formada diretamente no solo, conhecida como geada. Este episódio histórico ficou registrado nos principais arquivos meteorológicos paulistanos e até hoje alimenta discussões sobre fenômenos climáticos extremos na região. Vale lembrar que eventos de frio intenso ainda acontecem em São Paulo, especialmente em anos de fortes massas polares, porém, a neve segue ausente do cenário urbano paulistano.
Por que nunca nevou na cidade de São Paulo?
A neve é resultado de uma combinação específica de fatores atmosféricos. Para que ocorra precipitação de neve, é necessário que haja nuvens carregadas de umidade e temperaturas abaixo de zero desde as camadas superiores até perto do solo. No caso paulistano, embora a cidade esteja localizada em um planalto a aproximadamente 800 metros acima do nível do mar, sua latitude tropical e a prevalência de massas de ar menos frias dificultam a formação desse tipo de precipitação. Portanto, mesmo em invernos rigorosos, as condições não são suficientes para a ocorrência de neve.
O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP) mantém registros detalhados dessas medições e condições atmosféricas. Em 25 de junho de 1918, por exemplo, não se registraram nuvens em nenhum momento do dia, o que impossibilitou a ocorrência de neve, já que esse fenômeno exige exatamente a presença delas. Em suma, a ausência de nuvens e a configuração atmosférica predominantemente estável dificultam qualquer precipitação invernal do tipo neve na capital paulista.
Como se formam neve, geada e granizo?
Apesar de a neve nunca ter sido oficialmente registrada em São Paulo, outros fenômenos semelhantes são comuns durante o inverno na cidade. Geada se forma quando a umidade próxima ao solo congela devido à perda rápida de calor em noites frias e com céu limpo. Por outro lado, o granizo aparece em tempestades intensas envolvendo nuvens do tipo cumulonimbus, onde gotículas de água sobem e descem repetidamente até se transformarem em pedras de gelo.
A principal diferença entre esses fenômenos está na forma de formação e nas características físicas da precipitação:
- Neve: Resulta de cristais de gelo que se agrupam em flocos e caem quando atravessam nuvens geladas, geralmente em regiões frias.
- Geada: Não é precipitação, mas sim o congelamento direto da umidade na superfície, sem que haja queda de água ou gelo.
- Granizo: Consiste em bolas de gelo, do tamanho de milímetros até alguns centímetros, que se formam no interior de nuvens de tempestade.
Entretanto, é importante destacar que esses fenômenos refletem diferentes padrões de circulação atmosférica e variações locais de temperatura, sendo essenciais não apenas para a climatologia urbana, mas também para a agricultura regional.
Quais são os registros históricos das temperaturas mais baixas em São Paulo?
Registros meteorológicos mostram que a temperatura de -1,2 °C de 1918 não foi um caso isolado. No decorrer do século 20, outras ocasiões apresentaram marcas semelhantes, como em julho de 1942 e agosto de 1955, repetindo o recorde de frio. O monitoramento sistemático do clima paulistano começou em 1910 pelo IAG/USP e continua sendo referência nacional em meteorologia.
Antes mesmo das medições oficiais, relatos históricos apontam para registros amadores feitos por astrônomos e naturalistas desde o fim do século 18, reforçando a tradição da observação científica climatológica na cidade. Esses dados, por vezes fragmentados, ajudam a compreender os padrões e as variações climáticas ao longo do tempo no município de São Paulo. Portanto, a capital paulista figura entre os principais polos de estudo do clima urbano no Brasil, fornecendo dados fundamentais para pesquisas e planejamento urbano.
Quando pode realmente nevar no Brasil?
No Brasil, a neve acontece principalmente em cidades localizadas em regiões de altitude elevada e mais próximas ao sul do país, como Campos do Jordão em São Paulo, além de municípios serranos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A incidência desse fenômeno é incomum e depende de uma conjunção rara de fatores meteorológicos, como o avanço de massas polares e alta umidade atmosférica. Portanto, locais como Gramado, São Joaquim e Urupema tendem a registrar episódios de neve em invernos mais rigorosos, tornando-se destinos turísticos para quem deseja ver o fenômeno de perto.
Esses eventos são frequentemente noticiados, mobilizando não só moradores, mas também turistas em busca de cenas típicas do inverno rigoroso. Ainda assim, o fenômeno segue distante do cenário da capital paulista, que permanece registrada como palco de intensos frios e geadas históricas, mas jamais de neve.
Relatos e registros climáticos do século passado permanecem como referência importante para a compreensão da meteorologia paulistana. Em suma, enquanto a neve segue como um evento improvável para São Paulo, a cidade se destaca pelas baixas temperaturas ocasionais e pelo papel central no estudo dos fenômenos atmosféricos do Brasil urbano.
FAQ – Perguntas Frequentes
- Existe previsão de neve em São Paulo para os próximos anos?
Atualmente, não há qualquer previsão científica que indique a possibilidade de neve na cidade de São Paulo. Os modelos climáticos apontam para o predomínio de geadas em casos de frio intenso, mas a formação de neve requer condições praticamente inexistentes no atual clima paulistano. - Quais bairros de São Paulo costumam ser mais frios no inverno?
Regiões localizadas na zona sul, especialmente bairros próximos à Serra do Mar e áreas de maior altitude, como Parelheiros e Capela do Socorro, tendem a registrar temperaturas mais baixas durante o inverno em comparação ao centro expandido. - A geada pode causar danos em São Paulo?
Sim, a geada pode afetar culturas agrícolas locais nos arredores da cidade e até mesmo jardins residenciais. Em suma, pode prejudicar plantas sensíveis e, em alguns casos, afetar pequenas criações rurais presentes nas zonas próximas. - Quais outras cidades do estado de São Paulo já registraram neve?
Além de Campos do Jordão, que possui registros esporádicos e não tão recentes de neve, outros municípios do alto da Serra da Mantiqueira também ficam de prontidão em invernos rigorosos, mas sempre como eventos isolados. - O que fazer para se proteger do frio intenso em São Paulo?
Em períodos de frio extremo, recomenda-se o uso de roupas adequadas, como agasalhos, cachecóis e luvas, além de manter a hidratação e seguir orientações das autoridades em casos de alarme meteorológico. Portanto, adotar medidas preventivas faz toda diferença para garantir bem-estar durante os picos de baixas temperaturas.








