Na última terça-feira (18), a Câmara dos Deputados votou e aprovou o projeto de lei conhecido como PL antifacção. A proposta, voltada ao combate e à repressão das atividades de grupos criminosos organizados, segue agora para análise no Senado Federal, onde terá o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) como relator do texto. A aprovação atingiu ampla maioria entre os deputados presentes, resultando em 370 votos favoráveis, 110 contrários e apenas três abstenções.
A tramitação do projeto foi marcada por mudanças no texto original, após resistência enfrentada pelas versões anteriores. Em suma, algumas propostas consideradas polêmicas foram retiradas, como a equiparação entre facção criminosa e organização terrorista. Essas alterações refletem o intenso debate entre parlamentares da base, oposição e o próprio governo federal, que não conseguiu adiar a votação.
O que muda com a aprovação do PL antifacção?
O texto aprovado pelo plenário da Câmara oferece um novo conjunto de regras para combater organizações criminosas ultraviolentas.
Penas mais severas e novos crimes
Entre as principais mudanças, o projeto determina penas mais severas para crimes cometidos por membros de facções. O texto também estabelece novos tipos penais para coibir ações específicas desses grupos. Destaca-se o aumento das penas para crimes cometidos visando obter vantagem econômica por meio da extração ilegal de recursos minerais ou pela exploração econômica não autorizada. Essa medida busca atingir diretamente o financiamento das facções por meio de crimes ambientais e econômicos.
Modernização das audiências de custódia
Outro ponto relevante do projeto antifacção refere-se à realização das audiências de custódia por videoconferência. Segundo o texto, todos os estabelecimentos prisionais deverão contar com salas apropriadas e sistemas de videoconferência estáveis. Isso visa agilizar os processos criminais e, ao mesmo tempo, aumentar a segurança de todos os envolvidos. A expectativa é de inibir resgates durante deslocamentos de presos e reduzir custos no sistema prisional.
Quais os principais pontos do PL antifacção?
Dentre os principais dispositivos aprovados, destaca-se o endurecimento das penas para integrantes de facções ultraviolentas. Veja, a seguir, algumas das principais alterações trazidas pela proposta:
- Aumento de penas: Estabelecimento de sanções maiores para crimes praticados por membros de organizações criminosas, especialmente quando houver violência extrema ou finalidade de lucro ilegal.
- Novos tipos penais: Criação de tipos específicos para enquadrar atividades como comércio irregular de minerais e exploração econômica sem autorização.
- Videoconferência obrigatória nas audiências de custódia: Todos os presídios devem contar com infraestrutura adequada para a realização dessas audiências, facilitando a tramitação de processos criminais.
- Perdimento extraordinário de bens: O texto autoriza a aplicação dessa medida quando houver comprovação da origem ilícita dos bens, mesmo sem sentença condenatória ou risco iminente de dissipação.
Além dessas medidas, o PL antifacção prevê maior integração entre os órgãos de segurança e justiça, com possível compartilhamento facilitado de informações. O objetivo é enfrentar tanto as organizações criminosas tradicionais quanto o avanço das facções digitais. A proposta também inclui mecanismos de cooperação interestadual, criando um ambiente mais eficiente no enfrentamento do crime organizado.
Reações à aprovação e próximos passos
Repercussão entre parlamentares e especialistas
A votação do PL antifacção gerou repercussão imediata dentro e fora da Câmara dos Deputados. Parlamentares da oposição celebraram o endurecimento das penas e o fortalecimento do combate às facções. Membros da base governista, por sua vez, manifestaram preocupação com pontos do texto, como uma possível descapitalização da Polícia Federal e a exclusão de dispositivos defendidos pela equipe do governo federal. Especialistas em segurança pública apontam que o PL traz avanços importantes no combate ao crime, mas alertam para desafios operacionais, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde a atuação de facções ligadas à mineração ilegal é significativa.
Tramitação no Senado e pontos em debate
Após a aprovação, o presidente da Câmara destacou que a medida representa um avanço contra o crime organizado. Espera-se que o trâmite no Senado Federal seja acompanhado de perto por diferentes setores políticos e entidades ligadas à segurança pública. O tema segue gerando debates sobre como combater facções, proteger direitos individuais e garantir o funcionamento eficiente do sistema de justiça penal brasileiro. A atenção dos órgãos de controle e da imprensa promete se manter alta durante a tramitação no Senado.
- O projeto segue para análise e votação no Senado, podendo sofrer alterações.
- A discussão sobre o equilíbrio entre combate ao crime e garantias legais permanece em pauta no Congresso.
Com o avanço do projeto no Legislativo, novas discussões são esperadas sobre suas potencialidades e desafios na implementação. Assim, o tema antifacção segue central na agenda política e de segurança do Brasil em 2025. Especialistas e a sociedade civil devem continuar acompanhando seu impacto prático, especialmente nas regiões mais afetadas pelo crime organizado.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre o PL Antifacção
- O PL antifacção afeta organizações criminosas internacionais?
Sim. Embora o foco principal esteja em facções nacionais, algumas medidas podem impactar organizações internacionais que atuam no Brasil, sobretudo nos crimes transnacionais de tráfico de drogas e armas. Dessa forma, o ambiente legislativo tende a dificultar também a ação de grupos estrangeiros no país. - Como o PL trata os direitos humanos dos detentos?
O projeto mantém dispositivos para garantir respeito aos direitos humanos, especialmente nas audiências de custódia por videoconferência, que devem ser acompanhadas por defensores públicos e representantes do Judiciário. Ainda assim, as discussões sobre riscos à integridade dos detentos permanecem em análise no Congresso. - Quais são os instrumentos para fiscalizar a implementação das novas medidas?
Além do acompanhamento parlamentar, órgãos como o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União podem supervisionar a aplicação das normas. O objetivo é coibir abusos e garantir transparência no combate ao crime organizado. - O projeto prevê recursos para modernizar os presídios?
O PL não detalha fontes específicas de financiamento para videoconferências ou outras adaptações. Porém, recomenda que o Executivo federal priorize tais investimentos nos repasses ao sistema prisional. É esperado que o tema seja aprofundado no Senado para evitar gargalos na implementação. - Os estados podem criar leis complementares ao PL antifacção?
Sim. Estados têm autonomia para legislar de forma complementar sobre segurança pública, desde que respeitem os limites da Constituição e não reduzam o rigor das normas federais. O PL serve como base para a criação de políticas regionais mais específicas.
Em suma, o PL antifacção promove mudanças profundas no combate às facções criminosas e se destaca na discussão sobre segurança pública no Brasil. Sua implementação e eficácia dependerão de futuras regulamentações, recursos adequados e do equilíbrio entre firmeza no combate ao crime e respeito aos direitos fundamentais.








