O Brasil tem apresentado avanços relevantes na redução do analfabetismo nos últimos anos. Contudo, ao se analisar o quadro sob a ótica racial, persistem diferenças marcantes entre pessoas negras e brancas, especialmente entre as gerações mais velhas. Dados atuais do Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), com base na PNAD Contínua, ilustram que as desigualdades permanecem em termos de escolaridade e acesso ao ensino. Portanto, entender esses diferentes contextos é indispensável para desenvolver caminhos mais justos e promover igualdade de oportunidades para todos.
Analfabetismo entre idosos: avanços e persistência das desigualdades
A redução do analfabetismo dentre idosos brasileiros é perceptível; entretanto, a distância entre brancos e negros ainda é significativa. Em 2012, mais de um terço dos idosos negros era analfabeto, percentual consideravelmente mais alto do que entre idosos brancos. Ao longo de uma década, esse índice foi reduzido para ambos os grupos, comprovando conquistas das políticas educacionais implementadas. Apesar disso, o abismo permanece e exerce impacto direto sobre a inclusão social dessas pessoas. Assim, mesmo com o cenário de avanço, é necessário manter as atenções voltadas para esses grupos historicamente desfavorecidos, assegurando que o progresso seja contínuo e abrangente.
Por que há desigualdade no analfabetismo entre pessoas negras e brancas?
Ao analisar as taxas de analfabetismo, percebe-se que elas refletem profundamente as desigualdades históricas no Brasil. Por exemplo, em 2023, 22,1% dos idosos negros eram analfabetos, contra 8,7% dos idosos brancos. Embora a diferença tenha caído mais de sete pontos percentuais nos últimos dez anos, ainda se mantém em patamar elevado. De acordo com especialistas do Cedra, isso é resultado do acesso desigual à educação no passado, de acumulações da exclusão social e de condições precárias de moradia e trabalho precoce. Além disso, muitos idosos negros enfrentaram maiores obstáculos para permanecer na escola, em razão de discriminação e da necessidade de contribuir para a renda familiar. A melhoria observada decorre, sobretudo, da chegada de uma geração de idosos mais escolarizada, mas políticas de combate focadas seguem sendo fundamentais para acelerar a redução dessas desigualdades. Ademais, o fortalecimento de programas específicos para idosos pode contribuir significativamente para superar tais desafios.
Evolução entre jovens: redução expressiva e diminuição da diferença racial
O cenário para jovens brasileiros é mais promissor. De 2012 para 2023, o analfabetismo entre jovens negros caiu de 2,4% para 0,9%. Para brancos, passou de 1,1% para 0,6%. Portanto, houve uma diminuição significativa, além de uma aproximação entre os percentuais de ambos os grupos, que agora exibem uma diferença de apenas 0,3 ponto percentual. Avanços em políticas inclusivas, a ampliação do acesso à escola e o envolvimento da família e da comunidade escolar são fatores apontados como principais motivadores dessa melhora. Outro aspecto relevante é a utilização crescente de recursos tecnológicos, que facilitam o acesso ao conhecimento e elevam a qualidade do ensino. Esses índices comprovam que a abordagem contínua do poder público está surtindo efeito positivo, especialmente entre jovens de 15 a 29 anos. Consequentemente, é fundamental manter e aprimorar essas estratégias para garantir um futuro ainda mais igualitário.
Persistência das diferenças de gênero e raça
Os dados também destacam que, entre mulheres acima de 15 anos, as negras apresentam uma taxa de analfabetismo bem superior às brancas: 6,6% contra 3,3% em 2023. Essa diferença evidencia como a interseccionalidade de raça e gênero amplia desafios no enfrentamento do problema. Além disso, nota-se que mulheres negras muitas vezes têm menos acesso a políticas públicas de qualidade, o que reforça a necessidade de ações mais direcionadas.
- Mulheres negras (2023): 6,6% analfabetismo
- Mulheres brancas (2023): 3,3% analfabetismo
Entre homens negros acima de 15 anos, a taxa de analfabetismo era de 7,4%, contra 3,4% entre os brancos. Embora haja tendência de recuo nas desigualdades ao longo do tempo, os dados comprovam a necessidade de políticas que considerem os múltiplos marcadores sociais da população brasileira, especialmente para grupos mais vulneráveis. Assim, é imprescindível pensar em soluções conjuntas, integrando ações de educação, saúde e assistência social.
Soluções para superar a desigualdade racial na alfabetização
Para erradicar as disparidades no acesso à alfabetização, especialistas indicam algumas medidas essenciais:
- Buscar ativamente idosos para inclusão em programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Além disso, oferecer acompanhamento personalizado pode aumentar a permanência desses alunos.
- Aumentar as vagas e oportunidades em comunidades que historicamente tiveram pouco acesso à educação. Ao mesmo tempo, é essencial equipar as escolas dessas regiões com infraestrutura adequada.
- Realizar campanhas de conscientização sobre a importância do letramento em todas as idades. Dessa forma, amplia-se o engajamento da sociedade e a valorização da educação como ferramenta de transformação.
- Criar incentivos financeiros e pedagógicos para adultos e idosos que queiram aprender a ler e escrever. Por exemplo, bolsas de estudo e acesso facilitado a materiais didáticos podem ser diferenciais.
Além disso, torna-se indispensável investir na formação continuada de professores e ampliar a oferta de materiais didáticos adequados à realidade dos estudantes. Igualmente, a integração com programas sociais pode potencializar resultados, proporcionando suporte tanto educacional quanto financeiro às famílias. O combate ao analfabetismo depende da soma de esforços do setor público, das famílias e de toda a sociedade civil. Monitorar os indicadores e ajustar políticas de acordo com as necessidades é vital para garantir avanços. Assim, o caminho para uma alfabetização plena envolve a união de políticas intersetoriais, participação social e compromisso com a igualdade.
FAQ – Perguntas Frequentes sobre Analfabetismo e Desigualdade Racial no Brasil
1. Como a infraestrutura escolar afeta a alfabetização de negros e brancos?
2. De que forma o racismo estrutural contribui para o analfabetismo?
3. Existe impacto do analfabetismo sobre a empregabilidade da população negra?
4. Há iniciativas internacionais que inspiram políticas brasileiras de alfabetização?
5. Como a tecnologia pode ajudar na ampliação do acesso à alfabetização?
6. Os índices de analfabetismo variam entre regiões do país?
7. De que maneira as famílias podem contribuir para combater o analfabetismo?
Em resumo, para reduzir as diferenças de analfabetismo entre negros e brancos no Brasil, é preciso investir em infraestrutura escolar, combater o racismo, engajar as famílias e ampliar o acesso às tecnologias de ensino. Soma-se a isso a necessidade de políticas regionalizadas, que considerem as realidades culturais e econômicas locais. A atuação conjunta desses fatores e o monitoramento constante são fundamentais para promover uma educação mais igualitária e construir uma sociedade mais justa.










