A prevenção ao HIV passou por uma mudança importante nos últimos anos com a ampliação do acesso à PrEP e à PEP. As duas estratégias utilizam medicamentos antirretrovirais, mas de formas diferentes: uma é pensada para ser usada antes de uma possível exposição ao vírus e a outra entra em cena depois de uma situação de risco. Entender como cada uma funciona ajuda a escolher o recurso mais adequado em cada momento e evita confusões no dia a dia. Portanto, conhecer bem PrEP e PEP se tornou essencial para qualquer pessoa sexualmente ativa que deseje cuidar da própria saúde sexual de forma informada.
No Brasil, o SUS oferece tanto a profilaxia pré-exposição (PrEP) quanto a profilaxia pós-exposição (PEP), seguindo protocolos atualizados de órgãos nacionais e internacionais. Entretanto, apesar de serem parecidas no nome e utilizarem a mesma classe de medicamentos, elas não são intercambiáveis. Cada uma tem indicações específicas, tempo certo para começar e duração definida, o que impacta diretamente na sua eficácia na prevenção do HIV. Em suma, entender essas diferenças ajuda a usar o recurso certo, no momento certo, com a proteção adequada.
O que é PrEP e como a pílula que previne funciona?
A PrEP, palavra-chave central neste tema, é uma estratégia em que a pessoa toma comprimidos de forma contínua para reduzir o risco de infecção pelo HIV antes mesmo de uma exposição. Em geral, é indicada para quem tem maior probabilidade de contato com o vírus, como pessoas com múltiplas parcerias sexuais, quem não usa preservativo em todas as relações ou parceiros de pessoas que vivem com HIV. Portanto, ela se encaixa especialmente em rotinas com risco recorrente, em que confiar apenas no uso eventual de camisinha não basta para a pessoa se sentir segura. O objetivo é manter uma concentração constante de medicamentos no organismo, criando um nível protetor sustentado.
Na prática, a PrEP funciona como um “escudo químico” que dificulta a reprodução do HIV caso o vírus entre em contato com o corpo. Então, se a pessoa tiver uma relação sexual de risco, o medicamento já presente no organismo age para impedir que o vírus se estabeleça. Para alcançar esse efeito, é necessário seguir um esquema de uso diário, sem grandes interrupções. Estudos mostram que a adesão correta à PrEP está diretamente associada à redução expressiva do risco de infecção, o que faz dessa profilaxia um dos pilares atuais da prevenção combinada ao HIV. Em suma, quanto melhor a adesão, maior a proteção.
Além disso, no contexto atual, a PrEP envolve não apenas a tomada de comprimidos, mas também acompanhamento regular em serviços de saúde. Nesse acompanhamento, profissionais avaliam exames de sangue, função renal, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e oferecem aconselhamento sobre sexualidade, redução de danos e uso de preservativos. Portanto, quem utiliza PrEP recebe um cuidado ampliado de saúde sexual, e não somente uma receita de remédio.
PrEP e PEP: qual a diferença na rotina de uso?
A principal diferença entre PrEP e PEP está no momento em que cada uma é iniciada. A PrEP é planejada, usada antes de situações de risco, de forma contínua. Já a PEP é emergencial, utilizada depois de uma exposição potencial ao HIV, como sexo desprotegido com parceiro de status sorológico desconhecido, rompimento de preservativo, violência sexual ou acidentes com material biológico em ambiente de trabalho de saúde. Portanto, enquanto a PrEP faz parte de uma rotina preventiva, a PEP entra em cena diante de um “imprevisto” ou falha na proteção.
Enquanto a PrEP costuma ser tomada diariamente, por tempo prolongado, a PEP tem duração curta e fixa, geralmente de 28 dias. Outro ponto é a janela de início: a PEP precisa começar o mais rápido possível, idealmente nas primeiras horas e, no máximo, até 72 horas após a exposição. Passado esse período, a eficácia diminui de forma relevante. Então, se ocorrer uma situação de risco, não vale “esperar para ver”; é preciso buscar atendimento sem demora. Assim, a PrEP é uma estratégia contínua de prevenção, e a PEP é uma medida de urgência, pensada para episódios específicos.
Em suma, quem se expõe repetidamente ao risco tende a se beneficiar mais da PrEP, que oferece proteção duradoura, enquanto quem teve um episódio isolado ou inesperado encontra na PEP uma resposta rápida e pontual. Entretanto, as duas estratégias podem se complementar, principalmente em períodos de início ou interrupção de PrEP, quando a proteção pode ficar temporariamente reduzida.
Como funciona a PEP, a pílula que “age depois” do risco?
A PEP, ou profilaxia pós-exposição, é indicada após uma situação em que possa ter havido contato com o HIV. Essa “pílula que age depois” não é um medicamento único, mas um esquema de antirretrovirais combinados, prescritos por profissional de saúde após avaliação de cada caso. Portanto, a pessoa passa por uma triagem cuidadosa, em que se consideram o tipo de exposição, o tempo decorrido e, quando possível, o status sorológico da fonte de exposição. O atendimento costuma incluir coleta de exames, avaliação de outras infecções sexualmente transmissíveis e orientações sobre prevenção.
Para que a PEP tenha maior chance de funcionar, alguns passos são considerados essenciais:
- Início rápido: procurar serviço de saúde o quanto antes, dentro das 72 horas após a exposição;
- Uso diário: tomar os comprimidos todos os dias, durante os 28 dias recomendados;
- Acompanhamento: retornar para consultas e exames de acompanhamento, inclusive testagem para HIV após o término da PEP.
Então, a pessoa não apenas inicia o medicamento, mas também segue um cronograma de acompanhamento que garante uma avaliação adequada da resposta, da adesão e de possíveis efeitos adversos. Entretanto, muitas pessoas interrompem a PEP por conta própria, por acharem que “já passou o perigo” ou por medo de efeitos colaterais; isso reduz a eficácia e pode comprometer o resultado do tratamento de urgência.
É importante destacar que a PEP não substitui a PrEP nem o preservativo. Ela é uma ferramenta complementar, indicada para situações pontuais de risco, inclusive para quem nunca usou PrEP ou para quem, por algum motivo, não estava com a PrEP em dia no momento da exposição. Em suma, a PEP atua como um “plano B” em casos emergenciais, mas não deve ser usada repetidamente como estratégia principal, já que não oferece proteção contínua e depende de início rápido após cada risco.
Quando escolher PrEP ou PEP na prevenção ao HIV?
A decisão entre PrEP e PEP depende do padrão de exposição ao HIV. Em pessoas com situações repetidas de risco, como relações sexuais frequentes sem preservativo, a PrEP tende a ser a opção mais adequada, por oferecer proteção contínua. Portanto, se a pessoa mantém parcerias casuais, faz uso de apps de encontros com frequência ou sente dificuldade de usar camisinha em todas as relações, a PrEP pode trazer mais tranquilidade e proteção de longo prazo. Já a PEP é indicada quando ocorre um evento inesperado, como falha de método de barreira ou episódio único de risco, ou ainda em casos de violência sexual ou acidentes ocupacionais.
Alguns cenários ilustram essa diferença:
- Uso de PrEP: pessoa com parcerias casuais e uso irregular de preservativo, que busca uma forma constante de reduzir o risco de HIV;
- Uso de PEP: relação sexual sem camisinha com parceiro de status desconhecido, ou rompimento de preservativo durante o ato;
- Associação de estratégias: quem já usa PrEP, mas ficou alguns dias sem tomar os comprimidos, pode ser avaliado para PEP após uma exposição considerada relevante.
Em suma, PrEP e PEP não competem entre si; elas se complementam, cada uma em seu contexto. Então, em vez de pensar “qual é melhor?”, vale perguntar “qual se adapta melhor à minha rotina, ao meu momento de vida e ao tipo de situação que eu costumo enfrentar?”. Em todos os casos, a indicação final cabe à equipe de saúde, que avalia o tipo de contato, o tempo decorrido, o estado clínico da pessoa e outras condições associadas, como presença de ISTs, uso de outras medicações e possibilidade de gravidez.
Portanto, conversar abertamente com profissionais de saúde sobre práticas sexuais, uso de drogas, relacionamentos e dúvidas sobre prevenção ajuda a definir o caminho mais seguro. Entretanto, muitas pessoas ainda sentem vergonha ou medo de julgamento, o que atrasa o acesso tanto à PrEP quanto à PEP. Buscar serviços acolhedores e livres de discriminação faz toda a diferença para que a prevenção realmente funcione no dia a dia.
Quais cuidados adicionais complementam PrEP e PEP?
Mesmo com o avanço da PrEP e da PEP, as duas estratégias não são as únicas ferramentas de prevenção ao HIV e não dispensam outros cuidados. A prevenção combinada inclui o uso de preservativos internos ou externos, testagem regular para HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, vacinação contra hepatites e HPV, além do tratamento adequado e precoce para quem recebe diagnóstico de HIV, o que reduz a transmissão. Em suma, quanto mais recursos combinados, maior a proteção individual e coletiva.
Para quem utiliza PrEP ou PEP, o acompanhamento em serviços de saúde é parte fundamental do processo. Nesses atendimentos, são discutidos possíveis efeitos adversos, exames de rotina, orientações sobre adesão e revisão periódica da necessidade de manter ou ajustar a estratégia. Então, a pessoa pode tirar dúvidas sobre álcool e drogas, fertilidade, desejo de engravidar, saúde mental e outros temas que se conectam com a sexualidade. Dessa forma, a diferença entre PrEP e PEP vai além do nome: envolve objetivos distintos, tempos de uso específicos e papéis complementares na prevenção ao HIV em 2025.
Portanto, ao incorporar PrEP e PEP dentro de um plano maior de prevenção combinada, cada pessoa consegue adaptar as estratégias à própria realidade, sem abrir mão do prazer, da autonomia e da responsabilidade com a própria saúde e com a saúde das parcerias. Em suma, informação de qualidade, acesso garantido e acompanhamento acolhedor formam o tripé de uma prevenção eficaz ao HIV nos dias atuais.
Perguntas frequentes sobre PrEP, PEP e prevenção ao HIV
1. Quem pode iniciar PrEP pelo SUS e onde buscar o serviço?
Adultos e adolescentes a partir de 15 anos, com peso mínimo de 35 kg, podem ser avaliados para uso de PrEP no SUS, desde que apresentem risco aumentado de exposição ao HIV. Portanto, pessoas gays, bissexuais, homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, profissionais do sexo, casais sorodiferentes e qualquer pessoa com relações sem preservativo podem procurar unidades de referência em IST/HIV, serviços de atenção especializada e alguns postos de saúde que ofertam PrEP. Então, o primeiro passo é procurar uma unidade de saúde e informar o interesse em avaliação para PrEP.
2. PrEP e PEP protegem contra outras ISTs, como sífilis ou gonorreia?
Não. PrEP e PEP reduzem especificamente o risco de infecção pelo HIV. Entretanto, elas não evitam sífilis, gonorreia, clamídia, HPV ou hepatites virais. Portanto, o uso de preservativos, a testagem regular e a vacinação continuam fundamentais. Em suma, quem usa PrEP ou PEP ainda precisa cuidar das outras ISTs com a mesma atenção.
3. É seguro beber álcool ou usar outras drogas enquanto faço PrEP ou PEP?
De modo geral, o consumo moderado de álcool não impede o uso de PrEP ou PEP. Entretanto, o uso abusivo de álcool e outras drogas pode prejudicar a adesão, porque a pessoa esquece doses ou toma os comprimidos de forma irregular. Portanto, se o uso de substâncias faz parte da rotina, vale conversar com a equipe de saúde sobre estratégias para não esquecer os comprimidos, como alarmes, rotina fixa de horários e apoio de pessoas de confiança.
4. Quais são os efeitos colaterais mais comuns de PrEP e PEP?
Algumas pessoas relatam náuseas, desconforto abdominal, dor de cabeça ou diarreia nos primeiros dias de uso. Então, é comum que esses sintomas diminuam ou desapareçam com o tempo, à medida que o corpo se adapta ao medicamento. Entretanto, se os sintomas forem intensos ou persistentes, é importante procurar o serviço de saúde para avaliação e, se necessário, ajuste do esquema. Em suma, não interrompa o uso por conta própria sem orientação profissional.
5. Por quanto tempo posso ficar em PrEP?
A duração do uso de PrEP depende do período em que a pessoa se mantém em situação de risco. Portanto, se o contexto de vida mudar (por exemplo, início de um relacionamento estável monogâmico com parceiro sem HIV), a pessoa pode, junto com a equipe de saúde, reavaliar a necessidade de manter a PrEP. Em suma, não existe um limite rígido de tempo: o importante é alinhar o uso à realidade de cada momento e revisar a decisão periodicamente com profissionais de saúde.









