O Ministério da Justiça adotou uma estratégia mais integrada para localizar criminosos de alta periculosidade no país. Uma das principais ações foi o lançamento de um site com informações sobre os 216 foragidos mais procurados no Brasil, reunindo dados que antes ficavam dispersos em diferentes bases de segurança. Assim, as forças policiais ganham acesso mais rápido às informações e a população encontra um canal mais simples para colaborar com denúncias anônimas.
Entre os nomes que ganharam destaque na plataforma estão três figuras ligadas ao crime organizado: André do Rap, apontado como liderança ligada ao tráfico internacional de drogas, Edgard Alves de Andrade, o Doca, ligado ao Comando Vermelho, e Bernardo Bello, associado ao jogo do bicho e à lavagem de dinheiro. Entretanto, a lista não se limita a esses personagens: ela abrange ainda líderes de milícias, articuladores financeiros de facções e responsáveis por crimes violentos em diferentes regiões do país. A inclusão desses foragidos no sistema nacional de procurados reflete a tentativa de coordenar melhor as operações entre diferentes estados e órgãos de investigação, fortalecendo uma atuação integrada contra o crime organizado e elevando o padrão de cooperação entre as instituições.
Lista dos foragidos mais procurados no Brasil: como funciona?
A lista surge a partir de indicações dos estados, que apontam quais prisões consideram prioritárias. Para isso, as equipes utilizam uma matriz de risco e avaliam fatores como gravidade do crime, vínculos com facções criminosas, número de mandados de prisão e atuação interestadual ou internacional dos suspeitos. Dessa forma, o cadastro deixa de ser apenas um registro formal e passa a funcionar como um instrumento de planejamento estratégico, orientando operações, monitoramento de fronteiras e ações de inteligência.
Essa priorização permite que as forças de segurança concentrem esforços em indivíduos que, segundo os órgãos de investigação, têm maior impacto na dinâmica do crime organizado. Casos relacionados a homicídios em série, tráfico internacional de drogas, execuções em disputas entre facções e lavagem de dinheiro em grande escala costumam ter peso elevado nessa seleção. Além disso, a matriz de risco considera também a capacidade de articulação desses criminosos dentro e fora dos presídios, bem como a influência que exercem sobre comunidades inteiras.
Mais procurados
No topo do grupo de foragidos mais procurados aparecem personagens já conhecidos de tribunais e forças de segurança. André do Rap se associa ao tráfico internacional de cocaína, com rotas que ligam o Brasil à Europa e à África. A Justiça o condenou por esse tipo de crime em diferentes instâncias, mas ele deixou a prisão após uma decisão de habeas corpus em 2020 e, desde então, não voltou a ser localizado, embora existam mandados de prisão contra ele em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
No caso de Doca, o foco das investigações recai sobre sua ligação com o Comando Vermelho e sobre a atuação em áreas como o Complexo da Penha e outras comunidades do Rio de Janeiro. Relatórios oficiais atribuem a ele o comando de territórios dominados pelo tráfico, além de ligações com homicídios em série e ataques armados. Existem múltiplos mandados de prisão contra o foragido, incluindo acusações de participação em organizações criminosas, posse de materiais explosivos e envolvimento em execuções.
Já Bernardo Bello aparece relacionado a atividades de contravenção, especialmente o jogo do bicho, além de suspeitas de envolvimento em assassinatos de rivais. Ele também responde a processos por lavagem de dinheiro e corrupção, em investigações que apontam o uso de bens de alto valor para disfarçar a origem ilícita de recursos. Em diferentes momentos, a Justiça determinou medidas cautelares e prisões, mas o bicheiro passou à condição de foragido após descumprir determinações judiciais e não ser encontrado pela polícia.
Como o cidadão pode ajudar na captura dos criminosos mais procurados?
O site dos foragidos mais procurados aproxima a população das autoridades sem expor quem fornece as informações. As denúncias podem ocorrer de forma anônima por canais como 190 e 197, que a população já utiliza para emergências e denúncias de crimes. Então, ao centralizar fotos, dados básicos e mandados em uma única plataforma, a iniciativa tenta transformar qualquer pessoa em uma potencial fonte de informação para a localização de criminosos, desde moradores de comunidades até viajantes que circulem por rodovias, aeroportos e fronteiras.
Além do site, o Ministério da Justiça estruturou o Programa Captura, voltado à identificação, localização e prisão de criminosos de alta periculosidade. Dentro desse programa, o governo prevê a instalação de uma célula operacional no estado do Rio de Janeiro, com a função de apoiar diretamente as polícias estaduais e agilizar a troca de informações entre diferentes regiões, considerando que muitos foragidos se deslocam pelo país para tentar escapar da vigilância. Em suma, a ideia é criar uma rede de resposta rápida, integrando inteligência, monitoramento tecnológico, análise de dados em tempo real e denúncias da população para aumentar as chances de prisão.
Perguntas frequentes (FAQ) sobre a lista dos foragidos mais procurados
1. A lista dos 216 foragidos é atualizada com que frequência?
As autoridades avaliam periodicamente os nomes com base na matriz de risco e nas prisões efetuadas. Então, sempre que as forças policiais capturam um foragido ou registram a morte de um deles, a lista pode passar por atualização, abrindo espaço para outro nome que represente alto risco à segurança pública.
2. Qual a diferença entre um foragido “comum” e os que entram nessa lista?
Todos os foragidos têm pendências com a Justiça. Entretanto, os que entram nessa lista se destacam por fatores como liderança em facções, alto poder de articulação, participação em crimes de grande repercussão ou atuação interestadual e internacional. Em suma, eles impactam mais diretamente a estrutura do crime organizado e exigem monitoramento constante das áreas de inteligência.
3. O site mostra todas as informações sobre os processos dos procurados?
Não. O site prioriza dados essenciais para identificação, como fotos, mandados de prisão em aberto e informações básicas. Detalhes processuais mais profundos permanecem nos sistemas judiciais e policiais, preservando estratégias de investigação em andamento e garantindo sigilo em operações sensíveis.
4. Existe algum tipo de recompensa pelas denúncias que levam à captura?
Alguns estados e programas específicos podem oferecer recompensas financeiras, mas isso varia conforme a política local e o caso concreto. Portanto, o cidadão deve consultar os canais oficiais da Secretaria de Segurança Pública do seu estado ou do Ministério da Justiça para verificar campanhas em vigor e condições para eventual pagamento.
5. Como saber se uma denúncia realmente permanece anônima?
Os canais oficiais, como 190, 197 e serviços de disque-denúncia, adotam protocolos para não registrar dados pessoais de quem entra em contato, quando a denúncia é anônima. Entretanto, se a pessoa optar por se identificar, isso ficará registrado. Então, quem deseja contribuir sem se expor deve sempre informar que quer manter o anonimato e usar exclusivamente os canais oficiais, evitando compartilhar dados pessoais em aplicativos e redes sociais que não integram a rede de segurança pública.
