O caso de uma mulher de 30 anos que descobriu que o marido, de 36, estava temporariamente infértil por usar testosterona chamou a atenção nas redes sociais. O casal tentava engravidar mas os exames mostraram que ela estava saudável e que ele não apresentava espermatozoides. A situação gerou discussões não apenas sobre os efeitos da testosterona na fertilidade masculina, mas também a confiança dentro da relação, e virou um exemplo concreto de como escolhas individuais, especialmente sobre hormônios, podem afetar profundamente o sonho de formar uma família.
Em um relacionamento em que a fertilidade é uma prioridade, qualquer decisão relacionada a hormônios pode impactar diretamente o futuro do casal. A situação se torna ainda mais delicada quando entram em cena mentiras, omissões e promessas quebradas sobre o uso dessas substâncias.
Testosterona e fertilidade masculina: o que está em jogo?
A testosterona é um hormônio fundamental para a saúde do homem, pois auxilia na manutenção da massa muscular, da densidade óssea, da libido e do bem-estar geral. Entretanto, o uso de testosterona sintética, seja em terapias hormonais ou em ciclos ligados a fisiculturismo, pode reduzir significativamente a produção de espermatozoides. Isso acontece porque o organismo entende que já existe hormônio suficiente circulando e, então, diminui o estímulo aos testículos. Em diversos casos, o uso contínuo leva à chamada infertilidade temporária, já que o organismo passa a entender que não precisa mais produzir hormônios e, consequentemente, diminui a atividade dos testículos.
No caso relatado, o médico suspeitou de uso recente de testosterona assim que identificou a ausência de espermatozoides nos exames. O marido inicialmente afirmou que havia parado um ano antes, mas depois admitiu que tinha tomado uma dose duas semanas antes da consulta. Esse tipo de situação revela como o uso de hormônios pode ser ocultado e, ao mesmo tempo, interfere diretamente no planejamento de uma gestação. Quando o homem usa testosterona sem acompanhamento adequado e sem dialogar com a parceira, ele coloca em risco não apenas a fertilidade, mas também a transparência da relação.
Além disso, tratamentos com testosterona feitos de forma irresponsável podem causar outros efeitos colaterais, como alteração de humor, aumento do risco cardiovascular, queda de pelos ou, ao contrário, aumento excessivo, além de alterações no colesterol.
Como a mentira sobre a testosterona afeta o relacionamento?
Além dos aspectos médicos, o episódio chamou atenção pelo impacto na confiança do casal. Segundo o relato da mulher, o marido garantiu, no início do relacionamento, que era um fisiculturista natural e que não usava substâncias hormonais. Com o tempo, a história mudou para um uso “antigo” de testosterona, o que já acendeu um alerta para ela, que deixava claro o desejo de construir uma família sem esse tipo de risco. Ainda assim, o uso continuou em segredo.
Quando a parceira descobriu um frasco de testosterona no apartamento, a situação evoluiu para um ultimato: “ou ela ou a testosterona”. Ele prometeu parar, inclusive na frente dos pais dela, e esse compromisso foi um ponto central para que a relação continuasse. O problema é que, depois do casamento, ao iniciarem as tentativas de engravidar, veio a confirmação de que o corpo dele ainda estava sob efeito do hormônio, atrasando o sonho da gestação.
Uso de testosterona: quais cuidados antes de tentar ter filhos?
Especialistas costumam alertar que o homem que deseja ser pai deve informar ao médico qualquer uso de testosterona, inclusive em doses consideradas “baixas” ou “esporádicas”. Isso vale tanto para anabolizantes quanto para tratamentos hormonais. Em muitos casos, é necessário um período sem o uso da substância para que a produção de espermatozoides volte a níveis adequados, o que pode levar meses. Portanto, quanto antes o casal buscar orientação, maior a chance de planejar a gravidez com segurança.
De forma geral, alguns pontos costumam ser observados antes de iniciar tentativas de gravidez quando há histórico de uso de testosterona:
- Avaliação médica completa com urologista ou endocrinologista, incluindo espermograma;
- Interrupção do uso de testosterona sob orientação profissional;
- Acompanhamento periódico para verificar se a produção de espermatozoides está se recuperando;
- Discussão transparente entre o casal sobre prazos, riscos e expectativas;
- Consideração de alternativas, como tratamentos de fertilidade, quando necessário.
No caso divulgado, a principal queixa da mulher não era apenas a infertilidade temporária, mas o fato de ter sido enganada por anos sobre o uso de hormônios. Para quem planeja uma família, a combinação entre informação médica clara e honestidade na relação tende a ser decisiva. Em suma, o uso de testosterona, quando mantido em segredo, pode afetar muito mais do que o corpo: atinge a confiança, o planejamento de vida e a estabilidade do relacionamento. Portanto, conversar abertamente, buscar ajuda especializada e alinhar valores se torna essencial para que o casal consiga seguir junto, com segurança e respeito mútuo.
FAQ – Perguntas frequentes sobre testosterona, fertilidade e relacionamento
1. Quanto tempo, em média, a fertilidade pode levar para voltar após parar a testosterona?
Em geral, muitos homens começam a recuperar a produção de espermatozoides entre 3 e 12 meses depois de suspender a testosterona, sob supervisão médica. Entretanto, cada organismo reage de forma diferente; então, alguns precisam de mais tempo e, às vezes, de medicamentos específicos para estimular os testículos.
2. Existe algum exame que indique se a testosterona ainda afeta a fertilidade?
Sim. O principal exame é o espermograma, que avalia quantidade, forma e movimento dos espermatozoides. Além disso, exames hormonais, como FSH, LH e testosterona total e livre, ajudam o médico a entender se o eixo hormonal já se recuperou ou se ainda sofre impacto de uso recente.
3. Usar testosterona em gel ou em doses “baixas” também prejudica a fertilidade?
Sim. Mesmo doses consideradas “baixas”, seja em gel, injeção ou comprimidos, podem reduzir a produção de espermatozoides, principalmente quando o uso se torna contínuo. Portanto, qualquer tipo de terapia com testosterona deve ser discutida com o médico quando existe desejo de ter filhos.
4. A testosterona pode causar malformações no bebê?
O principal risco da testosterona para quem quer ter filhos está ligado à redução da fertilidade masculina, e não diretamente à malformação. Entretanto, o uso de anabolizantes e hormônios sem controle pode prejudicar a qualidade do sêmen. Então, o ideal envolve sempre avaliação pré-concepcional, tanto para o homem quanto para a mulher, antes de engravidar.
5. Como o casal pode reconstruir a confiança após uma mentira sobre o uso de hormônios?
Em suma, o processo exige honestidade total a partir do momento da descoberta, disposição para ouvir o impacto emocional da mentira e, muitas vezes, apoio terapêutico. A terapia de casal pode ajudar a criar novos acordos, estabelecer limites claros e resgatar a segurança na relação. Entretanto, cada pessoa tem seu próprio limite; portanto, alguns casais escolhem seguir juntos, enquanto outros decidem encerrar a relação.








