O fim de ano costuma trazer festas, brindes e maior consumo de bebidas alcoólicas, especialmente no Réveillon. Nessa época, muitas pessoas recorrem a estratégias variadas para tentar evitar a ressaca, desde “remédios milagrosos” até kits prontos vendidos em farmácias. Entretanto, a ressaca está ligada a uma série de alterações no organismo, principalmente no cérebro, no fígado e na hidratação, e não desaparece apenas com um comprimido tomado antes ou depois da comemoração. Em suma, entender como o corpo reage ao álcool é fundamental para escolher melhor o que fazer antes, durante e após a festa.
Kit ressaca funciona mesmo?
O chamado kit ressaca normalmente reúne analgésicos, antiácidos, medicamentos para enjoo e substâncias vendidas como “protetores do fígado”. A proposta é simples: tomar esses produtos antes de beber, durante a festa ou ao final da noite, na tentativa de evitar ou reduzir os sintomas do dia seguinte. Entretanto, essa estratégia cria a impressão de que é possível “anular” o excesso de álcool, o que não corresponde à realidade.
Na prática, contudo, especialistas apontam que não existe remédio capaz de impedir completamente os efeitos da ingestão exagerada de álcool. Analgésicos podem aliviar a dor de cabeça, antiácidos podem reduzir a queimação e alguns medicamentos até auxiliam o fígado a lidar com a sobrecarga. Ainda assim, essas substâncias não anulam a intoxicação, não impedem a desidratação e não restauram o equilíbrio do organismo de forma imediata. Portanto, o kit ressaca pode, no máximo, amenizar partes do problema, mas não substitui a moderação. Em certos cenários, a automedicação associada à bebida traz riscos adicionais, sobrecarregando ainda mais o fígado ou provocando interações indesejadas.
Quais são os riscos da automedicação antes de beber?
Tomar medicamentos “por conta” antes de iniciar o consumo de álcool muitas vezes é visto como medida preventiva. No entanto, essa prática pode mascarar sinais de excesso e dar falsa sensação de segurança, levando a beber mais do que o habitual. Em vez de proteger, a automedicação aumenta a chance de intoxicação.
- Analgésicos: em especial aqueles metabolizados no fígado, como alguns à base de paracetamol ou certos anti-inflamatórios, podem somar agressão ao órgão já ocupado em processar o álcool. Então, o risco de inflamação hepática aumenta, principalmente em quem já tem doença no fígado.
- Antieméticos: podem reduzir náuseas, mas também esconder um estado de intoxicação mais grave. Em suma, o organismo perde um importante sinal de alerta, e a pessoa pode continuar bebendo mesmo quando o corpo está pedindo para parar.
- Antiácidos: aliviam a queimação momentaneamente, sem impedir a irritação contínua causada pela bebida. Portanto, a sensação de conforto não significa que o estômago esteja protegido do álcool.
- “Hepatoprotetores”: muitos são usados sem avaliação médica, embora não exista consenso sobre benefício na prevenção de ressaca. Então, o consumidor gasta dinheiro e ainda corre o risco de interações com outros fármacos ou suplementos.
O que realmente ajuda a prevenir e amenizar a ressaca?
A estratégia mais eficaz contra a ressaca continua sendo reduzir o consumo de álcool ou evitar o exagero. Quando a decisão é brindar, algumas medidas simples podem diminuir o impacto no organismo. A primeira delas é a hidratação contínua. Intercalar doses de bebida alcoólica com água, água de coco ou bebidas isotônicas ajuda a compensar a perda de líquidos e eletrólitos. Em suma, beber água ao longo da noite é um dos hábitos mais importantes para quem quer evitar a ressaca.
A alimentação também exerce papel relevante. Comer antes de beber e manter lanches leves durante a festa retarda a absorção do álcool. Refeições com presença de carboidratos, proteínas e pequenas quantidades de gordura tendem a ser mais interessantes do que longos períodos em jejum seguidos de consumo rápido de bebidas. Frutas, saladas, grãos integrais e fontes magras de proteína são opções frequentemente citadas em orientações de profissionais. Portanto, planejar o que comer faz tanto sentido quanto escolher o que beber.
- Iniciar o dia ou a noite com boa hidratação.
- Fazer uma refeição leve e equilibrada antes da festa.
- Alternar bebida alcoólica com copos de água.
- Evitar misturar muitos tipos de bebida na mesma ocasião.
- Respeitar limites individuais, interrompendo a ingestão ao sinal de mal-estar.
Então, ao combinar esses cuidados com moderação, a probabilidade de uma ressaca forte cai de forma considerável. Entretanto, vale lembrar que não existe “dica infalível”: cada organismo reage de um jeito, e fatores como sono, uso de medicamentos, peso corporal e histórico de doenças influenciam muito a resposta ao álcool.
Como cuidar do corpo no dia seguinte ao Réveillon?
Quando a ressaca já se instalou, o foco passa a ser aliviar sintomas e apoiar o organismo na recuperação. Manter-se bem hidratado, descansar e voltar gradualmente à alimentação habitual são atitudes centrais. Líquidos como água, sucos naturais, água de coco e chás claros colaboram para recompor o equilíbrio hídrico. O corpo precisa de líquidos para processar e eliminar o álcool de forma mais eficiente. Alimentos leves, como frutas, sopas e preparações pouco gordurosas, tendem a ser melhor tolerados pelo estômago irritado.
Outro ponto relevante é o sono. Festas de fim de ano costumam avançar madrugada adentro, modificando a rotina de descanso. Tentar ajustar os horários nos dias seguintes, procurando dormir em ambiente silencioso e escuro, favorece a recuperação física e mental. Atividades físicas intensas logo após uma noite de exageros podem não ser bem-vindas, mas caminhadas, alongamentos suaves e momentos ao ar livre podem contribuir para o bem-estar geral.
FAQ sobre ressaca, álcool e cuidados no dia seguinte
1. Café forte ajuda a curar a ressaca?
Café pode deixar a pessoa momentaneamente mais alerta, porém não acelera a eliminação do álcool nem cura a ressaca. Portanto, o uso excessivo de café pode até piorar a desidratação e aumentar a irritação gástrica.
2. Beber cerveja é melhor do que destilados para evitar ressaca?
Não existe bebida “sem ressaca”. Entretanto, destilados concentram mais álcool em menor volume, o que facilita o exagero. Cerveja e vinho também causam ressaca se a quantidade ultrapassar o limite individual.
3. Suplementos com vitaminas e minerais evitam ressaca?
Vitaminas do complexo B, vitamina C e minerais podem apoiar o metabolismo de forma geral, mas não impedem a intoxicação pelo álcool. Em suma, suplementos podem ser coadjuvantes, nunca substitutos da moderação e da hidratação.
4. Tomar uma dose de álcool pela manhã (“hair of the dog”) melhora a ressaca?
Essa prática apenas adia os sintomas e aumenta o risco de consumo problemático. Portanto, não é recomendada por profissionais de saúde, pois mantém o organismo sob efeito do álcool por mais tempo.
5. Quanto tempo o álcool permanece no organismo?
Em média, o fígado metaboliza cerca de uma dose padrão de álcool por hora, mas esse tempo varia conforme peso, sexo, idade, medicamentos em uso e presença de doenças. Então, mesmo que a pessoa se sinta melhor, ainda pode haver álcool circulando no sangue.
6. Existe maneira totalmente segura de beber sem nenhum risco?
Nenhum consumo de álcool é totalmente isento de risco. Entretanto, para quem escolhe beber, definir limites, intercalar com água, alimentar-se bem e evitar dirigir reduz significativamente os danos imediatos e a chance de ressaca intensa.










