No início deste ano, uma onda de preocupações tomou conta dos países asiáticos após a circulação de “profecias” antigas feitas pela artista japonesa Ryo Tatsuki em um mangá. A obra, conhecida como “The Future I Saw” (“O Futuro que Vi”), chamou atenção ao descrever com detalhes, anos antes, o devastador terremoto e tsunami que atingiram o Japão em março de 2011. Agora, uma nova previsão dentro de uma nova versão do mangá reacendeu boatos e incertezas na região.
O conteúdo disseminado nas redes sociais aumentou o receio sobre possíveis desastres naturais no Japão. Áreas como Hong Kong, Coreia do Sul e Taiwan sentiram diretamente os impactos do medo causado por essas previsões. Especialmente no setor de turismo e nas vendas de passagens aéreas com destino ao Japão. Elas observaram uma queda expressiva em comparação ao ano passado.

Como o mangá de Ryo Tatsuki ganhou destaque internacional?
O mangá “The Future I Saw” ganhou fama além das fronteiras japonesas devido à suposta previsão do desastre natural que ocorreu em 2011. Publicado há mais de duas décadas, o quadrinho narra sonhos premonitórios da própria autora. Por isso, a tragédia de março de 2011 foi associada por leitores ao conteúdo da obra. Em 2021, a autora lançou uma versão ampliada do mangá com novas previsões, incluindo a data estimada para o próximo grande desastre.
A influência dessa publicação aumentou com o alcance crescente das redes sociais. Isso porque grupos online passaram a compartilhar trechos do mangá e reportagens sobre as previsões. Assim, ele rapidamente transformou boatos em pânico coletivo. O medo atingiu especialmente comunidades de viajantes e turistas, chegando a afetar o movimento em aeroportos e agências de viagens.
O impacto da previsão de desastre no turismo japonês
O turismo no Japão foi diretamente afetado pelo receio em torno das profecias contidas no mangá. Dados da Bloomberg Intelligence, baseados em análises da ForwardKeys, apontam que as reservas de voos entre Hong Kong e Japão caíram em torno de 50% em relação ao mesmo período de 2024. Em datas próximas ao suposto desastre, a diminuição chegou a 83%, demonstrando o alcance da influência dessas previsões na decisão dos turistas.
- Agências de viagens relataram redução expressiva nas reservas para o Japão.
- Companhias aéreas como a Hong Kong Airlines cancelaram parte da malha aérea.
- Algumas empresas passaram a oferecer alternativas de reembolso ou remarcação para destinos diferentes, como China, Tailândia e Vietnã.
A repercussão foi ainda mais intensa em regiões asiáticas com histórico de sensibilidade a eventos naturais e à disseminação rápida de informações não verificadas. O setor de turismo, que vinha em recuperação após períodos difíceis causados por restrições sanitárias, precisou lidar com novas desconfianças e redução na demanda.
O que dizem as autoridades sobre as previsões do mangá?
A Agência Meteorológica do Japão se pronunciou oficialmente sobre a possibilidade de ocorrer um novo grande desastre na data citada pela autora Ryo Tatsuki. Assim, o representante do órgão afirmou que, até o momento, não há qualquer base científica que permita prever terremotos ou tsunamis com precisão de data.
- As previsões contidas em obras artísticas não são reconhecidas como métodos legítimos por instituições especializadas.
- O órgão recomendou que a população busque informações em fontes confiáveis e evite pânico gerado por boatos.
- Profissionais do setor de viagens também reforçaram a necessidade de análise criteriosa antes de optar pelo cancelamento de viagens.
Além disso, órgãos de turismo e de aviação civil participaram de campanhas para orientar turistas e combater informações infundadas, ressaltando a segurança dos destinos japoneses e a importância de não ceder a temores motivados por previsões sem respaldo científico.

Fatores que contribuem para a disseminação de boatos no Japão
A rápida divulgação de informações pelas redes sociais, somada à memória coletiva de tragédias passadas, faz do Japão um cenário recorrente para rumores envolvendo desastres naturais. A cultura do mangá e a credibilidade que algumas pessoas atribuem a relatos premonitórios aumentam ainda mais o interesse e o temor.
Nesse contexto, o impacto das previsões contidas em “The Future I Saw” ilustra como obras de ficção podem influenciar comportamentos e mercados, principalmente em regiões onde o intercâmbio cultural com o Japão é intenso. A mobilização de autoridades, empresas de turismo e comunicação foi fundamental para esclarecer dúvidas e buscar manter o equilíbrio no setor de viagens, mesmo diante de boatos amplamente compartilhados.










