COP 30 promete decisões que podem mudar o futuro do planeta. Belém se prepara para sediar o maior encontro climático, centro dos debates
Durante o mês de novembro de 2025, a cidade de Belém, no Pará, receberá a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, conhecida mundialmente como COP30. O evento, chamado informalmente de “COP da Amazônia”, mobiliza, consequentemente, autoridades, especialistas, representantes de organizações ambientais e líderes de mais de 190 países. Em pauta, estão discussões fundamentais sobre o futuro do planeta e a necessidade urgente de conter o aquecimento global.
Desde o anúncio oficial pela ONU em 2023, Belém tornou-se, portanto, centro das atenções internacionais. A escolha da capital paraense se destacou não apenas pelo simbolismo de sediar um debate ambiental em plena Amazônia — bioma crucial para o clima global — mas também pelo potencial de servir como exemplo para outras regiões sensíveis do mundo. Entretanto, a realização da conferência envolve desafios logísticos, estruturais e sociais. O impacto dessas questões reflete diretamente no andamento das negociações e, além disso, na própria credibilidade do evento.
Quais mudanças a COP30 pretende provocar no cenário ambiental?
O objetivo principal da COP30 é, acima de tudo, avançar no compromisso de governos e empresas com metas mais rígidas para redução de emissões de carbono. Durante as negociações, espera-se que países revejam seus níveis de ambição frente ao Pacto de Paris e apresentem propostas concretas para proteger ecossistemas ameaçados. A Amazônia, como maior floresta tropical do planeta, ocupa papel de destaque nessas discussões devido ao seu potencial de absorver grandes quantidades de carbono e regular o ciclo da água.
Além do foco global, há interesse em ampliar espaços para povos tradicionais, indígenas e populações ribeirinhas. Essas comunidades estão, de fato, diretamente ligadas à conservação, já que dependem da floresta e de seus recursos naturais para sobreviver. Nesse contexto, líderes dessas populações deverão participar ativamente, trazendo suas reivindicações e apontando alternativas sustentáveis para o uso dos recursos amazônicos. Assim, espera-se que o protagonismo das comunidades tradicionais na COP30 amplie as chances de se alcançar soluções equilibradas.
Desafios estruturais e preparação da cidade de Belém para a COP30
Preparar Belém para receber uma conferência desse porte exigiu, consequentemente, investimentos expressivos em infraestrutura. Em 2024, por exemplo, a capital paraense recebeu aproximadamente R$ 4 bilhões para viabilizar obras viárias, ampliar redes de transporte e garantir hospedagem adequada aos participantes. Entre as principais intervenções, destaca-se a revitalização de avenidas e canais, implantação de ciclovias e modernização do sistema de transporte público, incluindo a entrega de ônibus elétricos e o avanço do BRT Metropolitano.
Hospedagem se tornou, entretanto, um dos maiores pontos de tensão. A cidade enfrenta críticas quanto à oferta e ao custo elevado de acomodação, com valores equiparados a destinos internacionais de luxo. Diferentes países, especialmente nações em desenvolvimento e grupos africanos, reclamam de preços altos e pedem alternativas para suas delegações. Como solução, autoridades locais exploram o uso de escolas adaptadas, navios transatlânticos no porto e até conjuntos habitacionais em construção. Dessa forma, busca-se garantir não apenas infraestrutura temporária, mas um legado duradouro para a cidade.
- Modernização de vias e iluminação inteligente nas principais avenidas
- Implantação de novas ciclovias e paradas de ônibus com tecnologia de informação
- Entrega de ônibus elétricos e diesel menos poluente
- Criação do futuro Parque da Cidade, palco central da conferência, com mais de 500 mil m²
- Oferta diversificada de hospedagem: hotéis, residências privadas e navios ancorados
Quais controvérsias cercam a realização da COP da Amazônia?
Apesar dos significativos investimentos, a escolha de Belém gerou debates intensos. Parte da imprensa e de movimentos sociais questiona a capacidade da capital paraense de receber tantas delegações devido a problemas crônicos de mobilidade urbana, saneamento e desigualdade social. Além disso, episódios recentes de tensão política local, como protestos indígenas contra mudanças em políticas educacionais, colocam o Pará no centro de atenções e exigem monitoramento rigoroso das condições de segurança.
A ausência de transparência financeira nas obras e reajustes nos custos previstos levantaram dúvidas sobre a alocação dos recursos destinados à infraestrutura. Outro ponto de destaque envolve a reivindicação de grupos indígenas, após tentativas de restringir direitos como o ensino presencial nas aldeias. A mobilização resultou em protestos e acordos recentes para revogar legislações controversas, evidenciando, assim, a importância da participação dessas comunidades na agenda oficial da COP. Consequentemente, estes fatores aumentam as expectativas sobre o legado político e social do evento.
- Protestos contra mudanças em programas educacionais voltados para indígenas e ribeirinhos
- Críticas internacionais sobre custos de hospedagem e alternativas propostas
- Demanda por maior transparência nos investimentos e obras em Belém
- Participação intensificada de movimentos sociais, artistas e representantes dos povos originários

Como a COP30 pode influenciar políticas ambientais futuras?
A conferência sintetiza, portanto, desafios e soluções que podem redefinir a agenda ambiental global. O sucesso das negociações passa pelo compromisso real dos países em implementar medidas efetivas de redução de emissões, conservar biomas estratégicos e envolver comunidades locais no desenho de políticas públicas. Com o olhar do mundo voltado para a Amazônia, a COP30 representa uma oportunidade para reforçar compromissos climáticos e incentivar modelos de desenvolvimento sustentável adaptados às particularidades de regiões sensíveis.
Avanços dependerão não apenas de acordos formais, mas também da capacidade de garantir que grupos historicamente excluídos sejam ouvidos e que soluções ambientais estejam alinhadas às reais necessidades do planeta. Dessa forma, a COP30 deixa um legado de debates, desafios e esperanças para as gerações futuras, posicionando Belém como símbolo da complexidade dos temas ambientais e da busca constante por equilíbrio entre progresso e preservação.










