Durante o período mais quente do ano, é comum notar o intenso barulho vindo das árvores, especialmente em parques e regiões arborizadas. Essa sinfonia natural tem como protagonistas as cigarras, insetos que se destacam por seu canto característico. Ao longo das décadas, muitos questionamentos surgem sobre a razão do canto ensurdecedor das cigarras e o papel que esse comportamento desempenha no ambiente.
O som emitido pelas cigarras costuma ser ouvido principalmente durante o dia, alcançando grandes distâncias e marcando a chegada do verão em várias regiões do Brasil. O fenômeno é resultado do ciclo de vida dos insetos e está diretamente ligado ao seu processo de reprodução. Mas, afinal, por que as cigarras fazem tanto barulho e o que esse ruído significa para a existência desses seres?
Como as cigarras produzem seus sons tão altos?
O som das cigarras é produzido graças a um mecanismo corporal bastante específico. Os machos possuem estruturas chamadas tímpanos, localizadas no abdômen, que funcionam como pequenas placas rígidas capazes de vibrar rapidamente. Ao contraírem e relaxarem músculos em volta dessas regiões, as cigarras criam as vibrações que geram o conhecido barulho.
Essa adaptação anatômica faz com que as cigarras estejam entre os insetos mais ruidosos da natureza. Em certos momentos, o volume do coro de cigarras pode ultrapassar 100 decibéis, valor comparável ao de um cortador de grama funcionando. Essa capacidade permite que o som atravesse obstáculos naturais, como folhas e galhos, alcançando outros insetos a longas distâncias.

Por que as cigarras fazem tanto barulho corretamente?
O objetivo central do barulho das cigarras é garantir o sucesso reprodutivo. Somente os machos emitem o canto, com o propósito de atrair fêmeas para o acasalamento. Quanto mais alta e ritmada for a emissão do som, maiores são as chances de uma fêmea identificar e escolher aquele parceiro para a reprodução. O canto torna-se, assim, uma estratégia evolutiva essencial para a continuidade da espécie.
- Atração das fêmeas: O volume e consistência do canto servem de critério de seleção.
- Defesa territorial: O barulho também indica aos outros machos que há um competidor na área.
- Sincronização do ciclo de vida: O surgimento simultâneo de várias cigarras aumenta a eficácia do chamado coletivo.
Existem riscos e curiosidades sobre a cantoria das cigarras?
Apesar de impressionante, o ruído produzido pelas cigarras expõe esses insetos a predadores, como aves e mamíferos, que aproveitam a facilidade de localização pelo som. Por outro lado, o ciclo de vida das cigarras apresenta algumas curiosidades interessantes. Certas espécies passam até 17 anos debaixo da terra como ninfas, emergindo apenas para adultos se reproduzirem em um curto período, motivo pelo qual o barulho é tão intenso e concentrado em determinados meses.
Os cantos variam de espécie para espécie, com frequências, padrões e intensidades específicos. Além disso, nem todas as regiões do Brasil possuem cigarras com o mesmo tipo de canto, gerando uma diversidade sonora natural. Alguns registros apontam que, durante grandes emergências de cigarras, o ambiente urbano passa a ser ocupado por esse fenômeno, transformando a convivência entre seres humanos e insetos.

O impacto ambiental
A cantoria está inserida em um contexto ecológico relevante. O barulho gerado não interfere diretamente em aparelhos eletrônicos ou na saúde humana, mas serve como ponto de conexão para diferentes espécies. Ao garantir a reprodução das cigarras, outras cadeias alimentares também são beneficiadas, incluindo predadores naturais e fungos específicos.
- Facilita o encontro entre machos e fêmeas.
- Ativa o surgimento sincronizado de novos insetos em períodos definidos.
- Serve de alimento para outras espécies.
- Contribui para a renovação dos ciclos naturais das florestas urbanas e rurais.
Dessa forma, o som representa um fenômeno sazonal que reflete a complexidade dos processos naturais. O barulho intenso, embora possa causar incômodo em certos momentos, faz parte de um grande espetáculo ecológico que acontece ano após ano, renovando a biodiversidade ao redor das cidades e áreas verdes.







