No universo esportivo, cresce a busca por substâncias capazes de otimizar o desempenho físico durante treinos intensos e competições. Entre elas, a tadalafila — conhecida como um inibidor da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) — tem chamado a atenção de atletas, principalmente pelo seu papel em promover vasodilatação e potencialmente facilitar a entrega de oxigênio a músculos submetidos a esforço elevado. Entretanto, se por um lado existem promessas de aumento de rendimento em condições adversas como a altitude, por outro há riscos consideráveis relacionados ao uso indiscriminado dessa medicação no contexto esportivo.
Originalmente desenvolvida para tratar a disfunção erétil e a hipertensão pulmonar, a tadalafila passou a ser utilizada fora do ambiente médico, especialmente em academias, por atletas que procuram ganhos rápidos na performance. Contudo, o uso sem orientação e monitoramento pode desencadear reações adversas sérias, principalmente quando combinada com exercícios de alta intensidade que já desafiam naturalmente os limites fisiológicos do corpo.
Quais os principais riscos do uso de tadalafila em atividades físicas intensas?
A administração de tadalafila durante treinos pesados ou competições exige atenção. Quando associada ao exercício físico, a vasodilatação provocada pela substância pode gerar redução expressiva da pressão arterial, um quadro chamado de hipotensão, com sintomas como tontura, desmaio e até crises cardiovasculares graves. Atletas praticando modalidades de longa duração, como corridas de rua e treinos de resistência, podem experimentar uma queda abrupta da pressão, colocando em risco sua segurança durante o esforço.
Outro impacto do uso não supervisionado da tadalafila diz respeito à sobrecarga do coração. Ao aumentar o fluxo sanguíneo, a demanda sobre o sistema cardiovascular cresce, o que pode propiciar o surgimento de arritmias — principalmente em pessoas com doenças cardíacas previamente não diagnosticadas. Estudos também apontam a possibilidade de infartos ou acidentes vasculares cerebrais relacionados ao uso de inibidores de PDE5 em indivíduos com predisposição cardíaca.

Como o uso de tadalafila pode afetar o equilíbrio de líquidos e eletrólitos?
Além dos efeitos sobre a circulação, a tadalafila pode influenciar o controle de líquidos no organismo. A vasodilatação acentuada favorece a perda de fluidos pelo suor, o que, aliado ao esforço físico, intensifica o risco de desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos — alterações nos níveis de sódio, potássio e outros minerais. Em ambientes quentes ou em provas de longa duração, o quadro pode se agravar, resultando em sintomas como cãibras, fadiga extrema e complicações renais.
- Aumento da sudorese: maior dispersão de líquidos corpóreos.
- Perda de minerais: favorece desequilíbrios, como hiponatremia ou hipocalemia.
- Maior risco de câimbras e problemas musculares: relato em esportistas submetidos a uso da substância.
Quais as interações perigosas entre tadalafila e outros suplementos ou medicamentos usados por atletas?
O cenário de suplementação esportiva frequentemente envolve associações entre diversos produtos. A tadalafila, ao ser combinada com outras substâncias de uso comum em academias, pode potencializar efeitos adversos, tornando o quadro mais preocupante. Por exemplo, o uso concomitante com nitratos (encontrados em pré-treinos vasodilatadores) pode levar a quedas intensas da pressão arterial. Ao lado de estimulantes, como a cafeína e termogênicos, há o risco de desencadear taquicardia e arritmias. Suplementos para hipertensos, por sua vez, podem somar os efeitos hipotensores, ampliando ainda mais os perigos.
- Combinação com nitratos: hipotensão grave e risco de síncope.
- Associação com estimulantes: aumento de frequência cardíaca e risco de arritmia.
- Uso com medicamentos anti-hipertensivos: maior chance de colapso circulatório.

Que outros efeitos colaterais podem surgir com o uso de tadalafila no esporte?
Os efeitos negativos do uso de tadalafila não se restringem apenas ao sistema cardiovascular e ao equilíbrio hídrico. É comum o relato de dor de cabeça devido à vasodilatação cerebral, além de eventuais problemas visuais, como alterações transitórias na percepção de cores ou no campo visual, principalmente se administrada em doses acima do recomendado. Dores musculares, em especial lombalgia, também figuram entre as reações descritas após a ingestão dessa medicação.
- Cefaleia intensa: efeito colateral mais comum da vasodilatação sistêmica.
- Dificuldades visuais: podem indicar bloqueio de enzimas, especialmente em doses elevadas.
- Mialgia e dores lombares: observadas em exercícios de alta intensidade.
É seguro utilizar tadalafila para melhorar o desempenho esportivo?
O uso da tadalafila em ambientes esportivos deve ser avaliado com cautela e sob supervisão médica. Atletas expostos a condições extremas, como treinos em altitude ou provas de resistência, não devem recorrer à automedicação, principalmente diante do potencial de efeitos graves e interações inesperadas. A recomendação dos especialistas é buscar alternativas com maior respaldo na literatura esportiva e com menor risco de complicações, como beta-alanina, creatina ou fontes naturais de nitratos, a exemplo da beterraba.
Opinião do especialista: De acordo com Dr. Rafael Moura, cardiologista do esporte e coordenador de pesquisa em fisiologia do exercício, “A tadalafila, apesar do efeito vasodilatador que em teoria poderia beneficiar atletas em condições específicas, não tem embasamento científico consolidado para uso recreativo no esporte. Os riscos de hipotensão, alterações cardíacas e até consequências neurológicas superam eventuais ganhos, que são temporários e nem sempre relevantes. É fundamental evitar a automedicação e priorizar estratégias comprovadas e seguras para performance, contando sempre com acompanhamento médico e de profissionais qualificados”.
Frente ao aumento do consumo desse tipo de substância para ganho de performance, reforça-se a importância do acompanhamento não apenas de médicos, mas também de profissionais de educação física e nutricionistas, priorizando a segurança e a saúde ao praticar qualquer modalidade esportiva.








