Coco Bambu: internautas pedem boicote após rede levar almoço a Bolsonaro

Encontro foi divulgado no último sábado (8/8), dia em que o Brasil ultrapassou a marca das 100 mil mortes por covid-19; usuários alegam que almoço teria sido uma "comemoração"

Maíra Alves
postado em 10/08/2020 22:41 / atualizado em 10/08/2020 22:43
 (crédito: Isac Nóbrega/PR)
(crédito: Isac Nóbrega/PR)

O almoço que o empresário Afrânio Barreira, fundador da rede de restaurantes Coco Bambu, levou para o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, na quarta-feira (5/8), virou assunto nas redes sociais neste último fim de semana. O encontro, divulgado no sábado (8/8), coincidiu com o dia em que o Brasil chegou à marca das 100 mil mortes por covid-19. Internautas pedem um boicote à empresa por “celebrar” junto ao presidente a triste data, relacionando os ocorridos.

Além de Barreira, mais quatro diretores do grupo estavam acompanhando a reunião que foi agendada pela deputada federal Bia Kicis (PSL), ex-líder do governo no Congresso Nacional, e amiga do presidente. Ela foi a responsável por apresentar o empresário cearense a Bolsonaro.

No Twitter, uma publicação com cerca de 2,6 mil curtidas e 554 retuítes relembra a ocasião em que o dirigente passeou de jet ski pelo Lago Paranoá, assim que o Brasil atingiu as 10 mil mortes, e afirma: “para comemorar 100 mil, o restaurante Coco Bambu levou um banquete até ele. Eu já não como nesse lugar porque é caro e odeio frutos do mar. Mas apoio o boicote de vocês”.


“Covid matou 100.000, por omissão deliberada do presidente, e Bolsonaro comemorou com um banquete de lagostas fornecido pelo Coco Bambu. Nós fracassamos como nação!”, escreveu um usuário. “Espero que o coco bambu entre em falência, amém!” declarou outro internauta. “Na próxima vez que alguém sugerir ir ao Coco Bambu, pergunte: ‘Aquele que celebrou as 100 mil mortes do Bolsonaro?’", escreveu outro.


O grupo, que começou com uma pastelaria e se especializou em pescados e frutos do mar, há 31 anos, hoje ostenta 45 unidades pelo Brasil. Chegou até a abrir uma operação em Miami, mas fechou as portas no primeiro ano. Desde o início da campanha eleitoral, Bolsonaro contou com a simpatia e apoio da rede cearense, a exemplo de outros gigantes do setor econômico, como as loja Havan.

O encontro

No encontro de quarta-feira, Afrânio Barreira levou um almoço de frutos do mar e pescado para Bolsonaro. O empresário afirmou ter ido não para “reivindicar” algo, mas sim para prestar apoio ao presidente e desejar “boa sorte” diante dos problemas decorrentes da pandemia do novo coronavírus. Na ocasião, Afrânio entregou a Bolsonaro um exemplar do Anuário Coco Bambu, lançado no mês de agosto, com a descrição e fotos de todos os restaurantes.

"Nós somos um dos maiores grupos empresariais do setor de alimentação do país, então é natural que torçamos para que o Brasil avance e aumente o número de empregos", disse Beto Pinheiro, um dos quatro sócios da rede na capital, presentes ao almoço. Os outros três foram Daniel Chehab, Eilson Studart e Igor Fernandes. Os cinco empresários estiveram no Palácio da Alvorada acompanhados das respectivas mulheres. A primeira dama Michele Bolsonaro, que se recupera da covid-19, está em isolamento.

Os sócios-proprietários de estabelecimentos da grife gastronômica tiveram o cuidado de selecionar, além de uma salada variada, três pratos nos quais o principal ingrediente estava bem cozido. É notória a aversão do presidente por peixe cru, desde a visita que fez ao Japão em outubro do ano passado, quando lhe foi oferecida a iguaria típica do arquipélago nipônico e ele a rejeitou, explicando: "Eu só como peixe frito".

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