Descontrole afeta agronegócio

Segundo Mourão, a devastação ambiental e o avanço da covid-19 deixam o Brasil vulnerável ao "protecionismo comercial injustificável". Vice também admite que GLO na região amazônica pode ser estendida até o final do mandato de BoIsonaro

Ingrid Soares
postado em 11/08/2020 00:09
 (crédito: Marcos Oliveira/Ag?ncia Senado)
(crédito: Marcos Oliveira/Ag?ncia Senado)

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, ontem, que os crimes ambientais praticados no país e o avanço descontrolado da pandemia deixam o Brasil vulnerável por abrir caminho para barreiras “protecionistas comerciais injustificáveis”, prejudicando o agronegócio. A crítica foi feita por ele durante uma videoconferência do Conselho Nacional da Justiça (CNJ) sobre a Agenda 2030 do Poder Judiciário.

Mourão novamente garantiu que o governo tem procurado conter o desmatamento e adiantou que, se necessário, poderá estender a Garantia de Lei e da Ordem (GLO) na região amazônica até o fim do seu mandato e o do presidente Jair Bolsonaro, em 2022. Ele completou que o país enfrenta um período difícil com a pandemia do novo coronavírus, lamentou as mais de 100 mil mortes pela doença e se mostrou preocupado pelo país eventualmente sofrer reações externas por conta da guerra fria entre Estados Unidos e China.

“O momento não poderia ser mais desafiador. A pandemia da covid-19 atinge severamente o nosso país, assim como as demais nações ibero-americanas. Infelizmente, o Brasil ultrapassou, no fim de semana, 100 mil pessoas mortas pela covid. São perdas irreparáveis que colocam toda a nação em luto. No plano externo, nos preocupa que a crise gerada pela pandemia seja utilizada como justificativa para a imposição de medidas protecionistas. Acompanhamos, com receio ainda maior, o acúmulo de tensões entre as duas principais potências econômicas do planeta e seus possíveis efeitos desestabilizadores sobre o sistema internacional”, destacou.

Mourão admitiu que o desmatamento na região amazônica será maior do que no ano passado e ressaltou que o governo “não nega, não esconde” dados sobre a devastação. “Não negamos, nem escondemos informação sobre a gravidade da situação, mas também não aceitamos narrativas simplistas e enviesadas”, atacou.

Política ambiental
O vice reconheceu que é necessário fortalecer a política ambiental, que interfere diretamente nos investimentos externos, como forma de melhorar a economia. “Cada vez mais as empresas brasileiras e as multinacionais com operações no país são cobradas a apresentar melhores credenciais ambientais, sociais e de governança. Esses critérios passaram a integrar as análises de risco das principais instituições financeiras nacionais e internacionais, tornando-se elemento essencial para a construção de um ambiente econômico propício”, concluiu.

Dados divulgados no último dia 7 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, entre agosto do ano passado e julho deste ano, os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram um aumento de 34,5%, na comparação com os 12 meses anteriores, sendo o maior valor dos últimos cinco anos. Tais números se referem, exclusivamente, ao governo Bolsonaro.

Segundo informações do sistema Deter, foram desmatados 9.205 km², entre 1º de agosto de 2019 e 31 de julho de 2020, ante 6.844 km² observados nos 12 meses anteriores.


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CBF amplia testagem do vírus

Um dia depois do polêmico adiamento do jogo entre Goiás e São Paulo, pelo Brasileirão, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou ajustes em seu protocolo de segurança para a retomada das competições. A entidade ampliou a testagem para o novo coronavírus e confirmou que os clubes poderão realizar os exames em laboratórios locais, e não somente com o Hospital Albert Einstein.

A principal alteração no protocolo é a ampliação dos testes para todos os jogadores inscritos nos campeonatos. Antes, eram testados apenas os atletas relacionados para cada partida. A testagem deve acontecer a cada rodada, com 72 horas de antecedência. A mudança começa para os jogos do dia 14.

A entidade afirmou que vai seguir bancando todos os exames, mesmo aqueles feitos em outros laboratórios. Outra alteração é quanto ao prazo para a testagem: “os resultados deverão ser enviados à CBF até 24h antes da partida pelo clube mandante e até 12h antes da viagem pelo clube visitante”, diz nota da entidade.

A CBF decidiu fazer os ajustes em seu protocolo de segurança após a polêmica de domingo. Goiás e São Paulo deveriam ter jogado, às 16h, no estádio Serrinha, em Goiânia. Mas a partida foi adiada na última hora, quando os atletas do time paulista faziam o aquecimento no gramado, devido a dez testes positivos para covid-19 no elenco goiano. Nove foram confirmados pela contraprova.

O Goiás acionou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva para pedir o adiamento do jogo, o que foi aceito pela corte. A polêmica se deveu, principalmente, à decisão em cima da hora. A partida foi suspensa a instantes do apito inicial.

Os casos foram detectados somente no domingo, por conta de falhas nos testes realizados pelo Einstein, na quinta. O Goiás precisou refazer os exames na sexta e os resultados saíram apenas no dia da partida, válida pela rodada de abertura do Brasileirão.

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