Pazuello fala em 'acerto do governo' ao citar apenas recuperados da covid-19

Ministro omitiu o número de vítimas e casos do novo coronavírus no discurso inicial que deu parlamentares na comissão mista do Congresso Nacional que acompanha as ações do governo no enfrentamento da pandemia de covid-19

Bruna Lima
Maria Eduarda Cardim
postado em 13/08/2020 14:37
 (crédito: Leopoldo Silva/Agência Senado)
(crédito: Leopoldo Silva/Agência Senado)

O Ministério da Saúde segue firme na estratégia de evidenciar os números de recuperados da covid-19, ainda que o Brasil seja o segundo país com os piores acumulados de mortes e infecções pela doença no mundo. O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, , realizada nesta quinta-feira (13/8).

Para Pazuello, o índice de recuperações evidencia “o acerto das ações do governo brasileiro em resposta à pandemia”. “Até o final do dia de ontem o Brasil contabilizava 2.310.000 casos recuperados da covid- 19. Estamos entre os líderes mundiais em pacientes recuperados, o que evidencia o acerto das ações do governo brasileiro em resposta à pandemia”, afirmou antes de apresentar as ações do governo federal.

O discurso foi semelhante ao que Pazuello fez no encontro semanal promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que ocorreu na manhã desta quinta-feira (13/8). Na primeira fala diante dos parlamentares, o ministro interino ainda disse que a “resposta brasileira está acontecendo em estrito comprimento ao regulamento sanitário internacional."

"Notificamos imediatamente a OMS quando confirmado o primeiro caso no território brasileiro, em 26 de fevereiro, compartilhamos diariamente informações aos demais estados e a OMS do contexto geral da resposta à pandemia e relatamos casos confirmados e possíveis contatos com casos confirmados em brasileiros no exterior e estrangeiros no Brasil”, completou.

Senadora lembra mortes

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) parabenizou o ministro pela acessibilidade, mas relembrou da ocupação interina, com “um presidente da República que parece não dar muita autonomia aos ministérios”. Ela contextualizou os conflitos do governo federal diante do enfrentamento à covid, citando os movimentos do TCU para apuração do empenho dos recursos, decisões do STF na divisão de responsabilidades entre as instâncias, e os vetos de Bolsonaro quanto ao uso da máscara. “Temos várias outras reclamações da falta de uma ação mais conjunta e pactuada, a gente vê uma clara falta de articulação e o governo federal tem obrigação de fazer o comando."

Ao contrário da estratégia do Planalto em ressaltar os números de recuperados e tirar o foco das mortes, Eliziane lembrou que o Brasil chega a mais de 104 mil vítimas brasileira e é o segundo país no mundo em maiores números absolutos de óbitos e casos. “Esse realmente é o cenário que nós estamos vivenciando hoje, dificuldades em todos os níveis", disse.

"A gente vê no Presidente da República uma indiferença, não parece que o presidente está preocupado com tantas mortes que estão acontecendo. Quando o presidente vai tomar pulso dessa situação? Quantas mortes nós teremos que contabilizar para que nós possamos ter da parte do governo federal, liderado pelo presidente, uma ação pactuado, diretriz clara, um monitoramento claro de um comitê, que foi criado mas que de fato precisa conversar com os estados brasileiros?", questionou a senadora.

Em resposta, o ministro destacou o bom diálogo com a parlamentar e os representantes do estado maranhense e disse que é necessário ter “a maior capacidade de sermos apolíticos em termos de bandeiras, sermos pragmáticos e atendermos a todos os brasileiros da forma mais rápido possível, sem esse tipo de barreira”. No entanto, não quis responder às críticas diretas a Bolsonaro. “Eu tenho trabalhado, independentemente da interinidade do cargo, com todos os poderes e as devidas responsabilidades. Não tenho sido polido, especificamente. Mas as outras perguntas são muito pessoais ao presidente da República”.

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