O Brasil é o país da América Latina com mais registros de focos de incêndio no meio ambiente, totalizando quase 62 mil; na sequência vem a Argentina, com 36.902. A situação mais dramática no Brasil é enfrentada no Pantanal, pois a região já ultrapassa 800 mil hectares consumidos pelo fogo. Do total de focos detectados pelo satélite no país, mais de 12 mil ocorrem no Mato Grosso e outros 5.879, no Mato Grosso do Sul. No Norte, o Pará contabiliza 8.794; seguido pelo Amazonas, 6.608. Especialistas alertam que as consequências dessas queimadas podem ser desde extinção de animais e plantas até mudanças climáticas permanentes.
É urgente a necessidade de medidas mais efetivas para contornar o fogo que já devasta o Pantanal há mais de duas semanas. Cássio Bernardino, analista de conservação do WWF-Brasil (World Wildlife Fund ou Fundo Mundial da Natureza, em português), ressalta que o apoio das instâncias federais é imprescindível. “Os recursos do Pantanal já estão totalmente instalados e, ainda assim, falta brigada e, por vezes, falta equipamentos. É preciso a mobilização do Exército e de todo aparato que o país tem para que possa ser disponibilizado nessa ação”, pontua.
O Ministério da Defesa afirma que as Forças Armadas atuam no combate ao incêndio no Pantanal sul-mato-grossense desde 25 de julho e, desde 5 de agosto, também, no Pantanal mato-grossense. “Em parceria com agências federais e estaduais, as Forças Armadas, também, empregam aeronaves que transportam brigadistas e despejam água, durante os sobrevoos, para conter as chamas”, diz a pasta, em nota. As ações de apoio contam com mais de 438 profissionais, entre militares, brigadistas e civis, além do apoio das Forças Armadas em voos de reconhecimento, transporte de militares/brigadistas.
Questionado pelo Correio, o Ministério do Meio Ambiente alega que o governo editou um decreto proibindo queimadas em todo o território nacional por 120 dias. A medida foi tomada em 16 de julho. “Além disso, o ministério contratou mais de 3 mil brigadistas temporários para auxiliar os corpos de bombeiros estaduais no combate e prevenção às queimadas”, completou a pasta.
Fauna e flora
Especialistas apontam que a redução do volume de chuvas colaborou para as queimadas. “O Pantanal não teve a cheia que teria normalmente no começo do ano, então a vegetação ficou muito seca e virou um combustível para queimadas”, explica Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, que trabalha em parceria com a ONG SOS Pantanal. “O Pantanal de Mato Grosso está bem prejudicado, cada vez que vai queimando, vai acabando com tudo, com vegetações que levam anos para crescer. Isso acaba prejudicando até o clima”, alerta Carlos Roberto Silva, perito ambiental.
Cuiabá vive dias cobertos pela fumaça das queimadas. Para Cássio Bernardino, do WWF, o principal impacto é a morte da fauna. Mas, a perda de áreas enormes de vegetação também implica em prejuízos difíceis de mensurar. “Esses ecossistemas naturais são como grandes bibliotecas, que desconhecemos e que podem se tornar fármacos, produtos alimentícios. E está sendo queimado, literalmente.”
Segundo Bernardino, o primeiro semestre deste ano registrou um aumento de 230% da área queimada no Pantanal em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2019, 2.559km² do bioma pegou fogo. Em 2020, foram 8.467km² queimados, uma extensão maior do que todo o Distrito Federal, que ocupa 5,8 mil km².
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