Impulsionado pela covid-19, Brasil tem recorde histórico de 133 mil mortes em julho

De acordo com dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), um a cada cinco óbitos no país foram ocasionados pelo novo coronavírus. Os registros bateram as marcas de maio e junho

Bruna Lima
postado em 20/08/2020 16:24
 (crédito: Carlos Mamani/AFP)
(crédito: Carlos Mamani/AFP)

Pela terceira vez consecutiva, o Brasil bateu recorde histórico de mortos no mês, ao fazer o comparativo com os respectivos meses anteriores. De acordo com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), em julho foram registrados 133.620 óbitos, maior quantidade nos quase 20 anos desde que os Cartórios de Registro Civil passaram a contabilizar essas informações. O aumento está relacionado à pandemia da covid-19, causa número um de fatalidades.


Na comparação com julho de 2019, quando foram computados 119.837 mortes, houve um aumento de 11,5% no último mês. Em relação a 2020, julho dá continuidade aos recordes consecutivos dos meses anteriores. Em junho, o país perdeu 131.475 pessoas, enquanto que em maio foram 129.979 óbitos. Abril encerrou com 112.610 óbitos e março, com 104.821.

O principal impulsionador para os aumentos nos acumulados de morte é, sem dúvida, o novo coronavírus. "Há um aumento no número de óbitos naturais no mesmo período que se expande a pandemia de covid no Brasil. Lembrando que não se espera um aumento de óbitos totais significativo de uma semana para outra, apenas uma variação discreta relacionada ao envelhecimento da população. Então [a relação] fica clara, podendo estar associada diretamente ou indiretamente aos casos de covid notificados", avaliou o assessor técnico e gerente do Núcleo de Epidemiologia do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Nereu Henrique Mansano, tendo como base o portal da transparência do registro Civil.


De acordo com a Arpen, uma em cada cinco destas perdas decorreram do vírus que, em julho, foi a causa de mortes número um, vitimando 27.744 pessoas. Além das relações diretas, Nereu, que é responsável pelo painel de covid-19 do Conass, chama atenção para as indiretamente. "Podem ser óbitos por outras causas como, por exemplo, agudizações de condições crônicas de pacientes por não procurarem um serviço de saúde da forma mais oportuna. Ou deficiências dos sistemas de saúde pelo fato dos leitos de UTI estarem ocupados pelos pacientes de covid. Outra coisa também que fica clara é que não ocorre óbito superestimado e, apesar de existir provável subnotificação, não ocorre nos percentuais divulgados".


De fato, os dados de perdas por covid-19 são ainda maiores nas contas do Ministério da Saúde, que indica 32.881 perdas pela pandemia em julho. Em junho a pasta contabilizou 30.280 mortes pelo vírus e, em maio, 23.402. Para Nereu, a justificativa é que, nas análises dos cartórios, há um atraso. "Também os óbitos do registro civil não passam por todo o critério de qualificação e codificação, enquanto os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Datasus passam por todo processo de qualificação", completa o assessor. A análise foi feita esta semana durante debate do seminário online promovido pelo Observatório Covid-19, quando especialistas debateram sobre a utilização de dados indicadores e organização de painéis situacionais.


Os demais óbitos de julho apresentados pela Arpen ocorreram por pneumonia (10.920), septicemia (10.860), Acidente Vascular Cerebral (8.141), infarto (7.735), insuficiência respiratória (6.317) e Síndrome Respiratória Aguda Grave (1.475). Há ainda registro de causas cardiovasculares sem especificação (8.296), causas respiratórias indeterminadas (707) e outras doenças (37.795).

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