Pesquisa realizada pelo Unicef mostra que os brasileiros que vivem com crianças e adolescentes foram mais impactados pela pandemia de covid-19 no Brasil. Os dados também mostram que a maioria dessas crianças teve acesso à educação em casa. Porém, 9% delas ficaram sem acesso aos estudos.
Ao todo, o levantamento Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes, feito pelo Ibope, ouviu 1.516 pessoas por telefone, sendo que 40% dos entrevistados residiam com menores de 17 anos.
Ao todo, 55% das pessoas consultadas afirmaram ter visto o rendimento familiar diminuir no mês anterior à entrevista — realizada entre 3 e 18 de julho. Entre as famílias com crianças e adolescentes, contudo, o percentual foi de 63%. Em relação ao auxílio emergencial de R$ 600, 46% dos entrevistados entraram com o pedido. Nas casas com jovens, o índice foi de 52%.
“A pesquisa deixa claro que os impactos econômicos e sociais da pandemia afetam mais crianças, adolescentes e suas famílias”, disse a chefe de Políticas Sociais, Monitoramento e Avaliação do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea, em nota divulgada pelo fundo.
“Suas famílias [que residiam com crianças e adolescente] tiveram as maiores reduções de renda; a qualidade da alimentação que recebem piorou, e muitos de seus direitos estão em risco. É fundamental entender esses impactos e priorizar os direitos de crianças e adolescentes na resposta à pandemia”, disse a representante adjunta da organização no Brasil, Paola Babos, referindo-se a outros aspectos avaliados na pesquisa, como a segurança alimentar e nutricional.
Hábitos alimentares
Questionados se, em suas casas, hábitos alimentares tinham sofrido mudanças a partir de 24 de fevereiro, quase a metade dos entrevistados (49%) respondeu que sim. Já entre os que moram com crianças e adolescentes, esse percentual foi de 58%. Ainda entre os entrevistados desse segundo grupo, 31% disseram que passaram a consumir mais alimentos industrializados, como macarrão instantâneo, bolos, biscoitos recheados, achocolatados, alimentos enlatados, refrigerantes e bebidas açucaradas, contra apenas 18% dos que não têm crianças em casas e que afirmaram ter passado a consumir alimentos menos saudáveis.
A pesquisa revela que 21% dos entrevistados passaram por algum momento em que os alimentos acabaram e não havia dinheiro para as compras. A situação é mais preocupante entre aqueles que residem com crianças e adolescentes, em que o percentual dos que enfrentaram semelhante situação chegou a 27%.
Para as representantes da Unicef, com a pandemia, as desigualdades podem se agravar, prejudicando ainda mais àquelas famílias que já se encontravam em situação de vulnerabilidade.
“É importante que os programas regulares de proteção social incluam, de maneira sustentável, todas as famílias vulneráveis. Por isso, [os programas] precisam ser focalizados nas [famílias] que mais precisam, aquelas com crianças, que já apresentavam altos índices de vulnerabilidades, acentuadas pela pandemia. Em momentos de planejamento fiscal e orçamentário, é fundamental olhar a proteção social não como um gasto e sim como um investimento no presente e no futuro do País”, defende Liliana Chopitea.
*Com informações da Agência Brasil e do Unicef Brasil
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