“A gente está pronto para receber. Os quartos estão prontos, barcos e carros, mas não temos voos para trazer turistas. Como vamos funcionar?”, questiona Moercio Queiroz, morador de Fernando de Noronha e dono de uma pousada há 17 anos.
“Durante a pandemia, pelo menos 90% dos meus clientes decidiram remarcar as viagens para ilha. Agora eles querem vir, mas a maioria não teve covid-19 e não pode entrar. Aumentaram os pedidos de cancelamento e o meu aluguel. O dono do imóvel acredita que, com a reabertura, o desconto que ele estava me dando durante a quarentena não é mais válido. Não sei como serão os próximos meses.”
O arquipélago de Fernando de Noronha foi aberto novamente para o turismo, nessa terça-feira (1º/9). Porém, neste primeiro momento, as paisagens deslumbrantes só estarão disponíveis para visitantes que comprovarem já ter se curado da covid-19. A medida restritiva foi divulgada pelo administrador da ilha, Guilherme Rocha, em entrevista coletiva no dia 27 de agosto.
Agora, junto com o pagamento da Taxa de Permanência (TPA), que também passou por mudanças e só será feito online, é obrigatório apresentar exames, que podem ser tanto o RT-PCR positivo realizado há mais de 20 dias, quanto o exame sorológico (IgG) positivo, que indica a presença de anticorpos contra a covid-19.
De acordo com a Administração da ilha, neste primeiro dia nenhum turista foi recebido, mas os interessados – que se encaixarem nestas novas regras – já podem dar entrada no pedido. Os primeiros visitantes só devem chegar no sábado (5/9), data para o próximo voo comercial da Azul, que reduziu as viagens para o local durante a pandemia. Hoje a média é de um voo por semana, mas deve triplicar no próximo mês.
“Esse protocolo só complicou a nossa vida. Virou até motivo de piada. Como assim só pode entrar na ilha quem já ficou doente? Só posso entrar em Noronha se pegar Corona?”, comenta Moercio. “Ao invés de receber apenas para antigos infectados, deveriam testar uma abertura gradual, assim como aconteceu com os moradores que não estavam em Noronha durante o lockdown e precisaram voltar. As pessoas deveriam ser testadas quando chegassem na ilha.”
O dono da pousada se refere a medida vigente na ilha, onde todos os moradores e trabalhadores recém-chegados que desembarcam em Noronha precisam cumprir quarentena e podem receber multa de dois salários mínimos para quem não respeitar o isolamento. Assim que desembarcam, passageiros recebem uma pulseira de identificação que só deve ser removida pela equipe de vigilância em saúde no fim da quarentena ou quando sair o resultado do segundo teste, realizado na ilha, confirmando a ausência do vírus. Antes do embarque, todos devem apresentar resultado negativo em exame feito no continente, na semana da viagem.
Segundo a Administração de Fernando de Noronha, foram enviadas ao Recife para exames, nesta terça-feira (01), amostras de 104 passageiros que desembarcaram na ilha no último sábado (20) e passam a ser casos em investigação. Noronha tem ainda dois pacientes infectados pelo novo coronavírus, isolados, cumprindo quarentena. Durante a pandemia, foram registrados 95 casos de covid-19 no arquipélago, sendo 42, identificados pelo estudo epidemiológico.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.