CACHOEIRA

Família denuncia negligência médica após mulher morrer por picada de cobra

Familiares contam que a primeira unidade de saúde negou atendimento e dizem que o segundo hospital não tinha soro antiofídico; Secretaria de Saúde da Bahia diz que é "mentira"

Correio Braziliense
postado em 09/09/2020 19:43 / atualizado em 09/09/2020 19:45
Simone Sena Serra, de 42 anos, estava no quintal de casa, na zona rural de Cachoeira, quando foi picada pela cobra jararaca -  (crédito: Reprodução/TV Bahia)
Simone Sena Serra, de 42 anos, estava no quintal de casa, na zona rural de Cachoeira, quando foi picada pela cobra jararaca - (crédito: Reprodução/TV Bahia)

Uma mulher de 42 anos morreu após ser picada por uma cobra jararaca em Cachoeira, no recôncavo da Bahia. Contudo, a família denuncia negligência médica de dois hospitais por "falta de atendimento apropriado" para a vítima.

Simone Sena Serra estava no quintal de casa, na zona rural, quando foi picada pela cobra. O acidente aconteceu na noite do último sábado (4/9). Ela, então, foi socorrida e levada pelo filho ao Hospital Nossa Senhora da Pompeia, em São Félix, a cerca de 14km de Cachoeira. Entretanto, segundo os familiares, o atendimento foi negado.

A vítima foi encaminhada, enfim, ao Hospital de Cachoeira. No local, os familiares receberam a informação de que não havia o soro antiofídico, mas passou a noite na unidade.

O marido de Simone, Mário Anunciação, relatou ao G1 BA que ninguém pôde ficar com a esposa durante à noite enquanto ela estava internada em Cachoeira. No dia seguinte, Anunciação conta que quando o filho chegou ao hospital Simone estava “toda inchada e já não falava”.

“Quando meu filho entrou em desespero, eles resolveram transferir ela, mas ela morreu logo em seguida”, relembra. A dona de casa morreu no domingo (5/9).

Picada reincidente

Em 2019, a mulher já havia sido picada por outra cobra. À época, segundo a família, ela foi levada para o hospital, em São Félix, onde se recuperou.

Negligência

Mário Anunciação questionou, durante o enterro, a falta de atendimento da esposa no primeiro hospital para o qual a família a tinha levado.

"Até onde vai essa covardia? Por que não pode socorrer uma pessoa que é de Cachoeira em São Félix? Por que São Félix não pode socorrer? Por que negaram socorro? Que discriminação é essa?", indagou ao G1, emocionado.

Simone Serra deixou três filhos, sendo uma delas com necessidades especiais.

“É mentira”, alegou o hospital

Por meio de nota, o diretor médico do Hospital Nossa Senhora da Pompeia, em São Félix, Odilon Rocha, justificou a falta de atendimento à mulher "porque atendia um caso grave de infarto agudo quando ela chegou no local".

O diretor informou que foi recomendado que Simone Serra fosse levada para a Santa Casa de Cachoeira, onde, segundo ele, tinha o soro antiofídico. O diretor afirma que a mesma foi atendida no local, no ano passado, porque a unidade da cidade dela não tinha o medicamento na ocasião.

Já o Hospital de Cachoeira afirmou que é "mentira" que a paciente não foi medicada com o soro antiofídico e que depois aguardou o momento da regulação. A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) reafirma a resposta do Hospital de Cachoeira e acrescenta o pedido de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas a paciente não resistiu.

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