Segurança pública

Senador Marcos do Val diz que cidadão que usa droga contribui com ciclo de violência

Parlamentar afirma que sociedade brasileira ainda não entendeu sua responsabilidade quando se fala em segurança pública

Sarah Teófilo
postado em 10/09/2020 17:35 / atualizado em 10/09/2020 18:07
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

 

Ressaltando as competências de diferentes entes na segurança pública do Brasil, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que a sociedade precisa compreender suas responsabilidades quando se fala sobre violência no país. O parlamentar citou especificamente a questão do consumo de drogas ao falar no assunto. “A sociedade não se responsabilizou. Aqueles que consomem drogas não entenderam a responsabilidade neste ciclo de violência. Se não consumir, não haveria comércio, tráfico e briga de território”, disse.

As declarações foram feitas no seminário virtual Correio Talks nesta quinta-feira (10/9), promovido pelo Correio Braziliense. O debate era acerca da modernização da segurança pública no Brasil. De acordo com Marcos do Val, aqueles que consomem drogas muitas vezes vivem em "outra realidade": fazem uso de entorpecentes aos finais de semana e não pensam que estão contribuindo com a criminalidade. “A sociedade precisa entender que se consumir droga, que seja um baseadinho, você é corresponsável pelos assassinatos e crimes que acontecem na sua cidade e no Brasil”, afirmou.

Ao falar sobre possibilidade de liberação das drogas, o senador do Espírito Santo contrapôs citando o consumo de álcool. “Foi liberado na década de 60 e a violência continua,principalmente nas família, violência contra a mulher”, pontuou. Marcos do Val afirmou que além da sociedade, os políticos e os próprios profissionais da segurança pública também precisam ser responsabilizados pelo cenário do país.

Comentando sobre a importância da política, o senador disse que a sociedade não verifica o histórico de parlamentares antes de votar. Com isso, de acordo com ele, são eleitos legisladores que não têm interesse em aprovar projetos como a prisão após segunda instância, ou o fim de privilégios. E para ele, a solução da segurança pública está no legislativo. “Precisamos cada vez mai colocar pessoas que não respondem a processos e podem fazer um trabalho entendendo da dificuldade que é ser policial no Brasil”, disse.

Impunidade

Partindo para a perspectiva do profissional da segurança pública, o senador disse que o que sempre escuta por parte deles é a sensação de “enxugar gelo”. “Não tem nenhum profissional no mundo que se sinta motivado sabendo que prende e a Justiça solta. Deixando claro que não é o juiz que compactua com o crime; é que a legislação faz com que ele seja obrigado a soltar”, afirmou.

Investigação

Marcos do Val frisou a importância de se investir na Polícia Civil, responsável pelas investigações no âmbito do estado, e criticou que os governos estaduais preferem investir na Polícia Militar. “Coloca 3 mil PMs, um em cada esquina, recebendo uma miséria por uma função tão perigosa, e não entende que aquilo não dá a efetividade que se dá caso investisse na Polícia Judiciária”, disse.

De acordo com ele, o trabalho da Polícia Federal dá "uma sensação de punição”. “Se você cometer um crime de corrupção no Brasil, a sensação é de que a Polícia Federal vai bater na sua porta às 6 horas. Isso tem que partir para outros setores, principalmente a Polícia Civil. Mas os governos não investem na Polícia Civil, porque ela não se vê. Igual investir em saneamento básico: não dá voto, ninguém vê, porque está embaixo da terra”, afirmou.

Carreira única

Outro ponto levantado pelo senador é a necessidade de se criar uma carreira única das polícias no país, ao invés de ser um tipo de carreira para cada polícia. Citando o exemplo dos Estados Unidos, ele disse que no país norte-americano o policial entra como patrulha, se capacita, faz cursos, e segue para atuar na investigação e, aos poucos, se torna um chefe de polícia. “Lá, você passa por todos os setores, sabe como funciona patrulhar na rua, entende as dificuldades”, ressaltou.

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