Na corrida mundial pelo desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, várias candidatas se preparam em solo brasileiro e, esta semana, o país observou a iniciativa russa ganhar posições, enquanto a britânica precisou frear o passo. Ontem, o governo da Bahia anunciou a assinatura do acordo de cooperação com fundo soberano da Rússia (RDIF) para o fornecimento de até 50 milhões de doses da vacina russa Sputnik V, a primeira contra coronavírus registrada no mundo. No mesmo dia, a Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), se reuniu com a agência britânica responsável pela área de medicamentos e imunização para discutir sobre a interrupção dos estudos de fase três da vacina de Oxford.
Segundo a Anvisa, na ocasião, houve troca de informações tendo como objeto a suspensão dos testes da vacina após o surgimento de um evento adverso grave em uma voluntária do estudo na Inglaterra. “O evento adverso e sua relação com a vacina estão em investigação. A Anvisa vai receber os dados completos de avaliação da agência inglesa para aprofundar a análise sobre o evento adverso. A agência brasileira também vai avaliar os dados do comitê independente de segurança que está acompanhando os testes da vacina de Oxford”, informou a agência, em nota.
Ao que consta, as apostas do governo brasileiro continuam mais fortes na vacina de Oxford, que, mesmo em meio à pausa, é considerada a mais promissora. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) formalizou contrato de encomenda tecnológica com a AstraZeneca, que detém os direitos de produção, distribuição e comercialização da vacina Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford.
“Vários países estão investindo na promessa de uma vacina segura de forma adiantada sob pena de não ter acesso à imunização quando essa for comprovada. É um risco medido e necessário sobre o aspecto clínico e tecnológico”, justificou em coletiva, nesta semana, o secretário-executivo da Saúde, Élcio Franco. Com isso, a Fiocruz garante acesso a 100,4 milhões de doses da vacina, além da transferência total da tecnologia, o que, no futuro, também poderá ajudar no desenvolvimento de outros imunizantes.
Sem favoritismo
Na tradicional live semanal, o presidente Jair Bolsonaro também abordou o tema. Ele garantiu que é a Anvisa que definirá quais vacinas devem ou não ser usadas no Brasil. “Deu problema com a vacina que nós estávamos tratando. Estamos aguardando saber das causas, para, logicamente, continuar pesquisando, testando para ver se ela pode ser usada ou não. A Anvisa vai tratar se vamos ou não vacinar as pessoas.”
O favoritismo, no entanto, é deixado de lado, porque o que importa é que a ganhadora compartilhe o prêmio com o mundo o quanto antes. “Não buscamos apenas uma vacina contra a covid-19, buscamos e estamos investindo em uma vacina segura e eficaz, em qualidade e quantidade necessária para imunizar os brasileiros”, completou Franco.
Nesse cenário, a vacina russa Sputnik V tem ganhado cada vez mais espaço. O acordo permitirá que a Bahia, por meio da Bahiafarma, comercialize a vacina em todo o país, com a possibilidade de entrega a partir de novembro de 2020, desde que aprovada pelos órgãos reguladores do Brasil. Secretário de saúde do estado, Fábio Vilas-Boas defendeu que “a vacina está sendo testada em cerca de 40 mil pessoas em todo o mundo, se mostrando segura e eficaz até o momento”. Ele defendeu, ainda, que por utilizar adenovírus humano e não de macaco, a candidata sai na frente, já que a plataforma “é conhecida e estudada há décadas”.
O governo baiano, no entanto, ainda precisa submeter o pedido de teste de fase 3 à avaliação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Se aprovados, os testes devem ter início no próximo mês em 500 brasileiros.
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