O general Eduardo Pazuello nem sequer foi efetivado ministro da Saúde –– a cerimônia de posse está marcada para hoje –– e faz planos para que, quando cumprido o que chama de “missão”, possa voltar a um comando no Exército. O fato é que a experiência nas Forças Armadas nunca deixou de acompanhá-lo no enfrentamento da pandemia. Trouxe para dentro da pasta equipes inteiras de colegas de farda. A boa relação com gestores da área, o estilo discreto e a habilidade para se distanciar das polêmicas do presidente Jair Bolsonaro justificaram sua permanência no cargo.
Fontes ouvidas pelo Correio confirmam que a ideia de efetivar Pazuello é trabalhada entre o general e Bolsonaro há pelo menos um mês, sobretudo por causa da tendência de declínio de novos casos e óbitos pelo novo coronavírus. A efetivação do militar virou também demanda dos conselhos de secretários de saúde de estados e municípios (Conass e Conasems), pois conseguiu equilibrar o funcionamento tripartite exigido pela cúpula. A ideia inicial, no entanto, era de permanecer na pasta por 90 dias, como disse mais de uma vez ao aceitar o que chama de missão em tempos de guerra.
Mas, mesmo assim, permanecem os questionamentos sobre a capacidade de Pazuello de lidar com os desafios da pandemia. “O que se efetiva é uma coordenação que atende aos interesses do presidente, sem fazer maiores questionamentos”, destacou o especialista em Gestão da Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV) Adriano Massuda.
Membro da iniciativa Covid-19 Brasil e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Domingos Alves concorda e ressalta a redução da cobertura vacinal no país. “Conjuntamente com a pandemia, o Brasil voltou aos anos 1980 ao não cumprir as metas de cobertura vacinal”, cobrou. (BL e MEC)
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