PANTANAL

Chuvas podem amenizar danos por queimadas no Pantanal

Com 15.973 focos de incêndios registrados este ano, chuvas é a esperança de atenuar danos no bioma

Edis Henrique Peres*
postado em 21/09/2020 19:31 / atualizado em 21/09/2020 19:32
 (crédito: 12.09 2020/Mayke Toscano/Secom-MT)
(crédito: 12.09 2020/Mayke Toscano/Secom-MT)

Este ano o Pantanal registrou o maior número de focos de incêndio desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) iniciou o monitoramento da região. O total de focos identificados apenas este mês de setembro foi de 5.820. No entanto, autoridades e especialistas contam com o início do período de chuvas para aplacar os danos sofridos pela fauna e a flora. Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do INPE, a previsão para amanhã (22/09) é de sol e pancadas de chuva em toda a região Centro-Oeste. A Amazônia também pode se beneficiar com as chuvas previstas para o bioma, já que a floresta também registrou este mês um número 27.486 focos de incêndios.

Rômulo Batista, porta-voz da campanha da Amazônia do Greenpeace, disse que combater queimadas na Amazônia consiste basicamente em combater o desmatamento - a floresta também é afetada pelo fogo. Batista criticou algumas ações do atual governo, como a classificação do presidente Jair Bolsonaro em relação ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que chamou o órgão de indústria da multa. Batista também se posicionou contra os cortes orçamentários que afetaram o Centro de Prevenção de Combate a Incêndios Florestais (PrevFogo).

Leticia gomes, doutora em Ecologia, explicou como a chuva pode ajudar: “as chuvas previstas para os próximos dias podem amenizar a ocorrência e a extensão das área queimada em todos os Biomas. Pois, com o seu início a vegetação começa a rebrotar e uma maior quantidade de água é armazenada em seus tecidos vegetais e no solo, fato que dificulta a ignição e a propagação do fogo”.

Contudo, a especialista alertou que também é preciso considerar que a temperatura do ar nesse período ainda está alta, “e nesse caso em torno de dois dias sem chuva, o material combustível (representado principalmente pelas gramíneas e por folhas mortas) pode se tornar seco novamente, tornando a vegetação suscetível a ocorrência de queimadas. Assim as condições meteorológicas diárias específicas de cada região são mais importantes nesse momento para se prever a redução das queimadas”, explicou.

Além disso, Leticia contou que durante o período das chuvas a vegetação começa a se recuperar das queimadas, via germinação de sementes ou por rebrotas, garantindo alimento e abrigo para a fauna ao longo do tempo. “Durante o crescimento, a vegetação absorve grande quantidade de carbono, inclusive aqueles liberados durante a ocorrência do fogo e que também são causadores do efeito estufa. Entretanto, esse processo de crescimento é lento e novas queimadas nos próximos anos impedem com que a vegetação retorne ao seu porte inicial e que absorva o carbono perdido durante a queimada”, disse.

* estagiário, sob a supervisão de Renato Souza

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