SOLIDARIEDADE

Covid interrompe projeto social da Defesa, mas assistência continua

Impossibilitadas de voltarem às atividades presenciais de incentivo ao esporte, aproximadamente 30 mil crianças recebem alimentação e mantêm atividades remotas em meio à pandemia

Bruna Lima
postado em 22/09/2020 16:58 / atualizado em 22/09/2020 16:59
Samuel e Suellen, com a mãe, Flávia de Lima: alimentação e atividades continuam em meio à pandemia -  (crédito:                                     )
Samuel e Suellen, com a mãe, Flávia de Lima: alimentação e atividades continuam em meio à pandemia - (crédito: )

Criar duas crianças sozinha já era um desafio pré-pandemia para a doméstica Flávia de Lima, 41 anos. Com a chegada da covid-19 e a dispensa do trabalho, as dificuldades dentro de casa aumentaram. Mãe de Samuel e Suellen, 10 e 8 anos, respectivamente, ela contava com as atividades extracurriculares do Programa Forças no Esporte (Profesp) e do Projeto João do Pulo (PJP), mas o acolhimento presencial foi interrompido desde março. Mesmo assim, a família continuou sendo assistida.

"A gente não tem o luxo de comer um pão todos os dias, por exemplo. Na hora de comprar uma verdura, temos que escolher uma batata, uma cenoura, não dá para ser os dois. Mas com a ajuda do projeto, conseguimos doação de cestas básicas e da cesta verde, com frutas e verduras, oferecendo alimentos que a gente não teria condições de comprar, ainda mais quando fiquei desempregada", conta Flávia.

O Profesp e o PJP são iniciativas do Ministério da Defesa (MD), em parceria com as pastas da Cidadania (MC), Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e Educação (MEC). Juntos, acolhem mais de 30 mil crianças em todo o Brasil, oferecendo o acesso à prática esportiva, cultural e reforço escolar, além de alimentação saudável.

"O objetivo é contribuir para a evolução e valorização dessa criança, reduzindo os riscos sociais e fortalecendo a cidadania, a inclusão e a integração social", explica o diretor do Departamento de Desporto Militar (DDM), major brigadeiro Isaias Carvalho. "As atividades presenciais ficaram impedidas pelas regras de distanciamento da covid, mas, para manter assistência a essas famílias, usamos da criatividade e inteligência para ultrapassar essas barreiras e não ficar de mãos atadas".

Os recursos que serviriam para pagar alimentos foram transformados em 30 mil kits e doados às famílias. Além disso, as atividades físicas e de reforços foram adaptadas para a prática a distância.

Futuro

Mesmo com a ajuda, as crianças não veem a hora de retomar o projeto de maneira presencial. "A gente sente falta do tênis, do vôlei, da piscina, dos amigos", afirmam Samuel e Suellen. No caso de Lucas, de 10 anos, que também integra o projeto, a iniciativa auxiliou no desenvolvimento físico, como conta a mãe, Lidiane Veras, 27 anos. "Ele teve paralisia cerebral e isso afetou os movimentos do lado esquerdo. Mas em um ano de projeto, ele evoluiu muito, ficou mais ativo e isso foi essencial. Sem contar que a prótese, que ele tanto precisava, conseguimos por meio do projeto", relata.

A iniciativa atende a outras 377 pessoas com deficiência. "Torço para que as atividades possam voltar logo, com segurança, e atender a cada vez mais crianças. Porque faz diferença". completa Lidiane.

Projeto

Até o ano que vem, o objetivo da Defesa é ampliar a assistência para mais 10 mil meninos e meninas, totalizando 40 mil atendimentos. Atualmente, o projeto é composto por 202 organizações militares e está distribuído em 132 municípios, em todos os entes federativos, incluindo Fernando de Noronha. São atendidas, ainda, 23 etnias indígenas na Amazônia e região do Tocantins.

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