Janaúba

Rifa para programa sexual vira caso de polícia em Minas Gerais

Divulgada nas redes sociais, a "rifa dos sonhos" tornou-se sucesso de vendas em Janaúba. Foi aberto inquérito para investigar crime de favorecimento à prostituição

Luiz Ribeiro - Estado de Minas
postado em 24/09/2020 14:07
 (crédito: Reprodução)
(crédito: Reprodução)

Uma rifa de R$ 20, cujo prêmio para o sorteado seria um programa sexual com duas “acompanhantes dos sonhos”, com o motel incluído, acabou se tornando um pesadelo para os envolvidos. A “rifa dos sonhos” foi divulgada nas redes sociais em Janaúba, no Norte de Minas Gerais.

Depois de tornar assunto muito comentado na cidade e um “sucesso de vendas”, a “rifa dos sonhos” virou um caso de polícia. Foi aberto um inquérito policial para investigar o caso. E o sorteio, que estava marcado para 12 de outubro, pelo resultado da Loteria Federal, foi suspenso. Duas pessoas já foram ouvidas pela policia e as investigações continuam em andamento.

O inquérito foi instaurado pela delegada Gessiane Soares Cangussu, da Delegacia de Crimes contra a Mulher de Janaúba. Ela afirma que, se vierem a ser considerados culpados, os promotores da “rifa dos sonhos” poderão cumprir pena.

A delegada explica que a prostituição por si só não é crime. "Mas, no meu entendimento, neste caso, pode ter ocorrido o crime de favorecimento à prostituição, previsto no artigo 230 do Código Penal Brasileiro, que trata do crime da pessoa tirar proveito da prostituição alheia”, afirma Gessiane.

Ela lembra que a prática delituosa pode resultar em pena que vai de um a quatro anos de prisão e multa. “Precisamos entender que ninguém rifa pessoas. Pessoas não são mercadorias para serem rifadas”, afirma Gessiane Cangussu. “Além disso, a questão é que estavam rifando uma atividade sexual contra os bons costumes e a moral pública”, acrescentou.

A delegada de Janaúba informou que ouviu o depoimento de uma mulher, que seria uma blogueira na cidade e fez a divulgação da “rifa dos sonhos” por meio de um vídeo na conta dela, no Instagram. Conforme Gessiane, a mulher negou envolvimento na realização do “sorteio”, alegando que apenas recebeu o pagamento pela divulgação da rifa: primeiro, R$ 300,00, e depois, mais R$ 200,00, “tendo em vista que a vendagem foi muito boa”.

Conforme a policial, inicialmente, teriam sido lançados 500 bilhetes da “rifa dos sonhos”. Com o sucesso de vendas, teria sido lançado um “segundo lote”, com mais 200 cupons. Por intermédio do depoimento da mulher, a delegada Gessiane Cangussu identificou e ouviu também um homem que teria solicitado a divulgação da “rifa do sexo”.

No entanto, ao prestar depoimento na delegacia, o suspeito negou ser o autor do sorteio. Conforme a delegada, ele declarou que o idealizador da “rifa dos sonhos” é um outro homem de Janaúba, mas alegou não ter a identificação e o endereço do referido morador, o que está sendo objeto de investigação por parte da polícia.

Ainda de acordo com Gessiane Cangussu, o mesmo homem disse que o sorteio do programa sexual foi idealizado com objetivo de “levantar renda para pessoas carentes da região”, mas sem fornecer maiores informações a respeito da questão.

Ela informou que teve conhecimento de que, após o cancelamento do sorteio, o idealizador estaria devolvendo o dinheiro do bilhete para os compradores.

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