O Brasil ocupa um lugar de destaque quando o assunto é vacinação da população. Para manter essa posição, o Ministério da Saúde lançou, ontem, a Campanha Nacional de Multivacinação. Medidas de distanciamento e segurança foram adotadas para incentivar os responsáveis a levar os filhos aos postos de saúde durante a pandemia. A falta de vacinação pode ter consequências graves, em especial para a saúde de crianças menores. Em um cenário nacional, a baixa adesão pode levar doenças já erradicadas, como a poliomielite, a voltarem a ocorrer no Brasil.
Começando na próxima segunda-feira, estendendo-se até 30 de outubro, a campanha visa atacar várias doenças, mas tem como foco a vacinação contra a poliomielite em crianças de 1 a 5 anos. Outro objetivo é atualizar as cadernetas de vacinação de crianças e adolescentes de até 15 anos.
A campanha acontece em um momento que a vacinação vem caindo devido à covid-19. “Eu acredito que tenha relação com a pandemia, já que as unidades onde estão os postos oferecem, também, atendimento aos pacientes com covid”, explicou a pediatra Milen Mercaldo, do Hospital Anchieta de Brasília e médica da família na rede pública.
O ministério reforçou que a rede pública está preparada para vacinar de maneira segura. Entre as medidas que visam mitigar os riscos está a administrar os imunizantes em locais abertos, garantir local apropriado para higienizar as mãos ou disponibilizar álcool 70%, realizar triagem das pessoas que apresentarem sintomas respiratórios e a orientação para que apenas uma pessoa acompanhe quem for ser vacinado.
“Estamos todos aqui, do SUS, do ministério, Conass e Conasems (conselhos nacionais de secretários de saúde estaduais e municipais), para demonstrar a importância de vacinar as pessoas. Observar as 18 vacinas da multivacinação é realmente fantástico. Vai da BCG, da hepatite B até HPV, passando por rotavírus, poliomielite, varicela, difteria, sarampo, caxumba, rubéola, pneumonia…”, detalhou o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello.
A médica Milen Mercaldo destacou que o calendário vacinal brasileiro é bem completo. “Ele tem todas as vacinas que a criança precisa para a segurança da primeira infância. Abarca as principais doenças dessa fase que poderiam causar alguma complicação maior”, ponderou. A especialista ressaltou a importância de as crianças serem imunizadas na data correta. “A criança precisa de todas as vacinas na data correta. Caso ela não tome a vacina na data certa e o vírus esteja circulando, tem chance de contrair doença grave”, observou.
Durante entrevista coletiva, Pazuello frisou a necessidade de a população confiar nos imunizantes. “Quando nós oferecemos uma vacina, a mãe e o pai têm que ter confiança para levar o seu filho para tomar a vacina. São especialistas muito qualificados que estão por trás dessa vacina. E trabalhamos muito para acrescentar, nesse rol, a vacina para combater a covid-19”, adiantou, acrescentando que o programa pode incorporar a produção de diferentes iniciativas.
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Covid-19: mais de 145 mil mortos
Passa de 145 mil o número de mortos pelo novo coronavírus no Brasil. De acordo com as informações divulgadas no boletim da situação epidemiológica da covid-19 no país, em 24 horas foram registradas 708 mortes pela doença. Esse é o segundo dia consecutivo em que são registrados menos de 800 óbitos. Entretanto, em 30 de setembro, o país registrou mais de mil mortos, depois de mais de uma semana sem atingir o patamar.
Os dados também apontam que o Brasil contabilizou mais 33.431 novos casos de covid-19. Somados aos casos anteriores, agora são 4.880.523 casos confirmados. Até o momento, do total de infectados desde o início da pandemia, 10,3% estão em observação, equivalente a 502.542 pessoas. Outros 86,7% estão recuperados — 4.232.593.
Eliseu Alves Waldman, médico do Departamento de Epidemiologia na Faculdade de Saúde Pública da USP, disse que nas últimas duas semanas houve uma tendência mais forte de diminuição, mas pondera: “No Amazonas, aparentemente, está tendo um aumento (de casos). No geral, ou estão estáveis ou em situação decrescente, porém lenta, como em São Paulo”, observou.
Em relação a uma possível segunda onda de contágio, Elizeu Waldman acredita que não é ainda o caso do Brasil, pois não teríamos saído, ainda, da primeira onda. “Sobre a covid-19 ainda se sabe muito pouco para fazer afirmações. De uma maneira geral, o parâmetro que temos para fazermos previsões, com várias ressalvas, é o comportamento da influenza da pandemia da gripe espanhola, que carregou três ondas, sendo a segunda mais forte na maioria dos países”, explicou.
Ele ponderou, entretanto, que “na Europa, países que foram fortemente atingidos, como Itália, França etc, tiveram uma onda muito grande, com um número elevado de óbitos, bem maior do que nas Américas”, disse, completando que, nesses países, foram tomadas medidas mais drásticas. (Com Bruna Lima e Renata Rios)
*Estagiária sob supervisão
de Odail Figueiredo
708
Mortes confirmadas nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde
Vacina chinesa pede registro
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu, ontem, o primeiro pacote com dados para iniciar o procedimento de registro da Coronavac, a vacina chinesa contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica Sinovac, em parceria com o instituto Butantan. Esta é a segunda candidata que envia informações sobre o desenvolvimento e resultado por meio do novo protocolo de submissão contínua, que tem como objetivo acelerar o processo de registro.
A adaptação no envio das informações consiste em possibilitar que as fabricantes dos imunizantes possam registrar novos dados parceladamente, à medida em que surgem novidades.
“O número de ciclos de aditamentos dependerá do número de pacotes a serem submetidos pela empresa interessada, não havendo limite imposto pela Anvisa. Recomendamos que a empresa não fique aguardando a juntada de determinada quantidade de documentos para, então, submetê-los à agência, uma vez que isso desvirtua o propósito do procedimento, que é o de dar maior celeridade à análise”, instrui a nota técnica da Anvisa, divulgada na quinta-feira.
Agora, a agência reguladora tem 20 dias para analisar a remessa inicial de dados da candidata chinesa. A vacina desenvolvida pela AstraZeneca, em colaboração com a Universidade de Oxford, também já está sendo analisada. (BL)